Dinheiro do lixo: reciclagem pode gerar energia limpa, criar empregos e reduzir problema dos lixões

Mais da metade dos municípios brasileiros não dá destinação adequada ao lixo. Grande parte vai para aterros sanitários, mas em 30% dos casos o destino são os vazadouros a céu aberto e apenas 1% vai para reciclagem. A indústria da reciclagem, que se desenvolveu informalmente, agora desponta como uma potencial alavanca de novos empregos e é tema de debate na Alerj.

Mais da metade dos municípios brasileiros não dá destinação adequada ao lixo. Grande parte vai para aterros sanitários, mas em 30% dos casos, o destino são os vazadouros a céu aberto e apenas 1% vai para compostagem e reciclagem. A indústria da reciclagem, que se desenvolveu informalmente por meio de diversos estímulos como programas educativos, agora desponta como uma potencial alavanca de novos empregos, aumento da renda e até mesmo geradora de energia limpa. E são os impactos sociais, econômicos e ambientais da indústria da reciclagem o tema do próximo debate que o Fórum de Desenvolvimento do Rio realiza no Plenário da Assembleia Legislativa (Alerj).

Marcado para a próxima segunda-feira (30/11), o último grande evento do Fórum em 2009 vai reunir empresários, prefeitos, parlamentares, lideranças políticas e representantes do governo estadual para apresentar um panorama da indústria da reciclagem no estado, as oportunidades de negócios no setor e o uso de novas tecnologias para garantir a correta destinação dos resíduos sólidos.

O tema afeta diretamente os municípios, que são os responsáveis pela coleta e destinação do lixo, e faz parte da agenda desenvolvimento sustentável e de preservação ambiental do estado do Rio de Janeiro, que tem implementado uma política de incentivo à substituição de lixões por aterros sanitários.

Para o presidente da Alerj e do Fórum, deputado Jorge Picciani, a destinação do lixo é uma questão crucial para o desenvolvimento tanto das cidades do interior quanto da capital e região metropolitana. "O lixo ainda é problema grave no país, e no Rio de Janeiro não é diferente. O papel do poder público é viabilizar alternativas que se adaptem à realidade do município e sejam sustentáveis no longo prazo", afirma o deputado, citando números que destacam o desafio a ser enfrentado. "O Brasil produz por dia 82 mil toneladas de resíduos sólidos. A maior parte vai para lixões e aterros sanitários. Temos que incentivar a coleta seletiva e a reciclagem e diminuir o volume de lixo", afirma o presidente.

"Nosso objetivo principal é lançar luz sobre os desafios para aumentar o volume de lixo reciclado, identificar as tecnologias e as oportunidades de desenvolvimento que esse segmento oferece e abrir o Parlamento para experiências internacionais bem sucedidas", completa Picciani, afirmando que os gestores públicos e a sociedade em geral podem atuar de forma conjunta para transformar os resíduos em riqueza e com isso assegurar geração de renda e empregos.

Como parte do evento será exposto no saguão da Alerj painéis mostrando produtos que já são produzidos através da reciclagem de plástico, alumínio, vidro e papel. Na entrada do Palácio, um grupo de voluntários da organização não-governamental Eccovida vai distribuir sacos transparentes para a população, estimulando o engajamento de cada um dos indivíduos na reciclagem.

O lixo no Brasil
De acordo com dados das Pesquisas Nacionais de Saneamento Básico, apesar de a coleta de lixo atingir 99,4% dos municípios brasileiros, mais da metade não recebe tratamento adequado.Na maioria das vezes o lixo vai para os aterros sanitários (47%). Em 30% dos casos, o destino são os vazadouros a céu aberto. Já 22% vão parar em aterros controlados e 1% na compostagem e reciclagem. Para crescer, a indústria da reciclagem apresenta demandas objetivas, como a redução na da carga tributária. Na capital fluminense apenas 25% dos bairros da cidade contam com coleta seletiva, uma das formas mais práticas de os indivíduos contribuírem para a reciclagem. Nos demais 91 municípios do interior, estima-se que apenas 1% do total de lixo seja separado para reciclagem.

Energia a partir do lixo: tendência mundial
Ainda incipiente no Brasil, o uso de tecnologia avançada no desenvolvimento de unidades de processamento que transformam resíduos sólidos em energia (elétrica ou térmica) tem-se disseminado na Europa, EUA e Canadá nas duas últimas décadas, dando origem a um nicho específico de pesquisa e desenvolvimento tecnológico: a chamada WTEI - Waste-to-Energy Industry (Indústria de Transformação de Lixo em Energia, em tradução literal). Estima-se que cerca de 130 milhões de toneladas de lixo sólido sejam convertidos anualmente em energia nas cerca de 600 usinas existente no mundo (dados da EPA - Agencia de Proteção Ambiental dos EUA). Os EUA concentram 25% da capacidade instalada, mas perdem para países como França, Dinamarca e Holanda na quantidade per capita de lixo processado.

Apesar dos benefícios apresentados por esse método de destinação de lixo, ambientalistas ainda são céticos sobre o quão benéfico pode ser em relação aos aterros e lixões. Apesar disso, essa tecnologia já é usada como instrumento lucrativo. O estado de Ontario, no Canadá, onde existem várias empresas de processamento de lixo em energia, estimula a exportação da tecnologia para outros países como um serviço de "excelência e com tecnologia de ponta". A promoção é feita pela própria agência de exportação de Ontario.

SERVIÇO:
Debate: A Indústria da Reciclagem: impactos sociais, econômicos e ambientais
Data: 30 de novembro
Horário: 14h
Local: Plenário Barbosa Lima Sobrinho. Palácio Tiradentes - Rua Primeiro de Março, s/nº, Praça
XV. Centro - Rio de Janeiro - RJ
Mais informações: (21) 2588-1352
*O debate é gratuito e aberto ao público
Saiba mais sobre o Fórum de Desenvolvimento do Rio:
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