Humberto Mota anuncia revolução industrial no Rio

A Zona Oeste é o próximo eixo de crescimento na região metropolitana do estado. De acordo com Humberto Mota, secretário de Desenvolvimento, investimentos da ordem de US$ 15 bilhões estão previstos para a região do Porto de Sepetiba

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Humberto Mota, mostrou a parlamentares e empresários, no dia 30/03/05, que o Rio de Janeiro está crescendo e ainda tem um grande caminho pela frente. Durante o evento "Rio: a nova Revolução Industrial", realizado pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio no plenário da Alerj, o secretário falou sobre investimentos da ordem de US$ 15 bilhões que irão movimentar a região do Porto de Sepetiba. Empresas como a Gerdau, a Companhia Siderurgia do Atlântico, a Companhia Vale do Rio Doce e o Grupo Ultra gerarão, juntas, mais de 100 mil empregos até 2008. "São postos de trabalho que vão atender desde o jovem que busca o primeiro emprego até cientistas e demais técnicos de nível superior. A parceria da Assembléia Legislativa foi decisiva neste processo, com a aprovação de projetos voltados para os incentivos fiscais", afirmou o secretário.

Durante a abertura do evento, o presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB), disse que este choque de desenvolvimento do estado é resultado da harmonia existente entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. "Vivemos hoje um momento auspicioso no estado. Ontem mesmo passamos o dia discutindo duas mensagens voltadas à atração de empresas, entre elas a CSA. Os empresários estão percebendo que, a partir de uma legislação de vanguarda, o Rio tem todas as condições de sediar seus empreendimentos", comemorou Picciani.

Segundo Mota, no ano passado o estado do Rio foi recordista na captação de investimentos, com R$ 50 bilhões. O Rio também é, hoje, a segunda maior renda per capita do País, atrás apenas de Brasília, além de ter o menor índice de desemprego do Brasil. De acordo com o secretário, o processo de revitalização econômica do estado, que começou em 1999, já está dando frutos: a geração de empregos formais cresceu 84,2%, entre 2000 e 2004. Outro ponto positivo lembrado pelo secretário foi a reabertura da Bolsa de Valores do Rio, que vai passar a gerir o mercado futuro de energia, o mercado de títulos de carbono e títulos públicos. As exportações também dão alegrias para o estado: cresceram 280% nos últimos quatro anos.

Empresa responsável por boa parte dos investimentos futuros no estado, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) planeja aplicar US$ 2,3 bilhões na construção de suas instalações, no distrito industrial de Santa Cruz. Segundo seu diretor-presidente, Aristides Corbellini, a siderúrgica terá capacidade de produção de mais de quatro milhões de toneladas de placas de aço por ano. Além disso, serão dez mil empregos durante a construção e 3.500 após o início da produção. As obras terão início em 2006. "Tivemos aqui um ambiente propício para a instalação da CSA, tanto pela logística, o terreno e a questão fiscal, com o projeto aprovado ontem por esta Casa. Além do mais, sou um apaixonado pelo Rio de Janeiro, fiz de tudo para trazer este investimento para o estado", afirmou Corbellini, que fez questão de ressaltar que a indústria será construída dentro dos padrões europeus e brasileiros de preservação do meio ambiente.

Quem também trouxe boas notícias foi James Pessoa, vice-presidente da CSA, que representou a Companhia Vale do Rio Doce. Segundo ele, o Porto de Sepetiba está sendo programado para ser o principal ponto de escoamento da produção de soja de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Passarão pelo porto aproximadamente dois milhões de toneladas de soja e cinco milhões de toneladas de minério, gerando divisas de até US$ 2,5 bilhões por ano. Pessoa explicou ainda que o interior do estado do Rio também será beneficiado, pois a produção de grãos terá de passar por um transbordo em Rio Claro, município com vocação avícola/industrial. "São condições perfeitas para a criação do Pólo Agro-Industrial do Centro-Sul Fluminense, que deve exportar sua produção de aves principalmente para o Sudeste Asiático", acrescentou.

Já a Gerdau pretende investir, até 2007, R$ 1,4 bilhão, na expansão da fábrica atual e na construção de uma nova unidade, que deve produzir aço especial voltado para a indústria automotiva. Seu diretor-executivo, Dirceu Tarcísio Togni, calcula um acréscimo de 46% nos impostos gerados (que podem chegar a R$ 544 milhões). "Calculamos também um aumento de 36% nos empregos diretos e 28% nos empregos indiretos", ponderou Togni.

O setor petroquímico também está representado no rol de investimentos no estado. O Grupo Ultra pretende construir uma refinaria no Rio, para produzir derivados petroquímicos básicos, empreendimento pioneiro no País. Segundo o diretor comercial do grupo, João Benjamin Parolin, a refinaria vem para reduzir o déficit crescente da balança comercial dos derivados petroquímicos, uma vez que o Brasil é grande importador de nafta e diesel. O projeto é aproveitar parte da produção de óleo pesado do País, que exporta 240 mil barris por dia, para produzir o que, hoje, é importado. "A refinaria terá capacidade de processar 150 mil barris de óleo pesado por dia. Pelo menos dois terços da produção total será de produtos como o eteno, propeno e aromáticos, que são usados na transformação de plásticos, e um terço será voltado para produção de diesel e GLP", disse Parolin. De acordo com ele, a produção deve começar em 2010, e gerar pelo menos 50 mil empregos diretos e indiretos. Atualmente, o projeto está em fase de detalhamento, e a refinaria deve começar a ser construída no ano que vem. Falta somente a definição do local, se Itaguaí ou o Norte do estado.

Em meio ao anúncio de tantos investimentos, quem demonstrou preocupação foi o prefeito de Itaguaí, Carlos postos de trabalho, e não está preparado para isto. "Foi o que aconteceu há dez anos, quando o porto começou a funcionar de forma precária. A população da cidade aumentou em 80%. Até agora não fomos consultados e precisamos conversar, para elaborar um novo plano diretor para Itaguaí e investir em infra-estrutura, a fim de evitar sobrecarga em áreas chaves, como educação, saúde e saneamento básico", pontuou. Para Picciani, o estado deve se preocupar em buscar o desenvolvimento sustentável para a população do estado, e a Assembléia será peça ativa neste processo. "Este é um momento de diálogo franco e direto. Nada será decidido sem a participação ativa da Alerj. Esta é a demonstração da nossa vontade de viver num estado mais justo socialmente", considerou.


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