Rio será pólo de divulgação e comércio do artesanato nacional

O Centro de Referência do Artesanato Brasileiro é uma iniciativa do Sebrae nacional e do Sebrae-RJ, em parceria com o governo do estado, que tem por objetivo aproveitar a visibilidade internacional e o potencial turístico do Rio para divulgar o artesanato brasileiro, fomentando a capacitação dos profissionais.

Três edifícios do século XIX, na Praça Tiradentes, centro da cidade do Rio de Janeiro, serão a sede do Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, projeto que fará da cidade um pólo de divulgação e comercialização do artesanato nacional. O projeto, desenvolvido pelo Sebrae Nacional e o Sebrae-RJ em parceria com o governo do estado, tem por objetivo aproveitar a visibilidade internacional e o potencial turístico do Rio para divulgar o artesanato brasileiro, oferecendo um espaço que promova não só exposições, mas também garanta que o artesão tenha acesso ao consumidor final. "Nosso objetivo é ajudar artesãos do país a se profissionalizar e aprimorar suas técnicas, aumentando a comercialização de seus produtos. Nossa meta é audaciosa: em 2010, pretendemos aumentar em 10% as vendas de grupos de artesãos que contam com o apoio do Sebrae no Brasil inteiro. Em cinco anos, queremos chegar a 50%", afirma o diretor-superintendente do Sebrae-RJ, Sergio Malta.

De acordo com a coordenadora do projeto, Marília Chang, divulgar o artesanato como atividade profissional é um meio de mudar a mentalidade do consumidor. "Ele tem que perceber que não está comprando só um objeto de consumo, mas um registro cultural e histórico de uma região", afirma. Regina Righi, membro do conselho administrativo da cooperativa de tecelões "Nós da Trama", compartilha a mesma opinião: "Um espaço como esse é bom porque dignifica o artesanato, trazendo o reconhecimento como atividade produtiva e tirando o estigma de ‘coisa de hippie'", argumenta. A "Nós da Trama" é uma das vencedoras do Top 100 de 2008, prêmio promovido pelo Sebrae com o objetivo de identificar os artesãos que tem os produtos de maior qualidade, respeitam o meio ambiente e têm modelos eficientes de gestão.

Elson Angelim, outro ganhador do prêmio, é artesão autodidata e vende seus produtos há 31 anos na feira de Ipanema. Ele já foi chamado para prestar consultoria em vários estados do Brasil. Angelim atribui os convites ao Top 100 e ao Centro de Referência: "Outro dia, fui contratado pelo governo da Paraíba para dar um curso para artesãos de uma cidade do interior. Quando vou dar esses cursos, ensino os artesãos a buscar matérias primas da região", conta. Angelim tem inscrição estadual desde 1978, emite nota fiscal e paga imposto - é um caso típico de artesão profissional. "Meu próximo passo é conseguir um CNPJ", garante.
Regina, Elson e os outros 98 ganhadores do prêmio têm seus produtos expostos no segundo piso do Centro de Referência. Por enquanto, o Sebrae atua apenas como mediador entre os artesãos e o consumidor, mas a ideia é que no futuro o local seja também um centro de negócios.

Regina, que até agora conseguiu um cliente de atacado, acha que a tendência é conseguir mais: "O Centro de Referência está funcionando só com 10% do que foi planejado, já que só um dos três prédios em que o centro irá funcionar foi reformado e eles estão em busca de parcerias para restaurar os outros dois". A principal vantagem do projeto é que ele estimula os profissionais de artesanato a fazerem como Elson e Regina, isto é, se capacitar e melhorar a qualidade do seu produto.

O projeto é que o centro ocupe também os prédios vizinhos, os números 68 e 67, dois edifícios da época colonial. O 67 foi casa do Barão do Rio Seco, tesoureiro da corte portuguesa que veio para o Brasil junto à família real, fugindo da invasão francesa na Península Ibérica. O projeto de reforma já está pronto, mas o Sebrae está buscando parcerias para realizá-lo, uma vez que os edifícios são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). "Estamos em contato com empresas e o retorno delas tem sido maravilhoso, porque o projeto é muito bom, já que, além de promover o artesanato, estamos restaurando edifícios históricos", conta Chang, que afirma que o plano é inaugurar os outros dois prédios até dezembro do ano que vem.

O Centro de Referência do Artesanato Brasileiro está aberto à visitação de segunda à sexta das 9h às 18h.