Gás Natural: Estado se prepara para aumento da produção e da demanda

O potencial do setor de gás natural para o desenvolvimento socioeconômico do estado do Rio de Janeiro foi tema do debate "Gás Natural: distribuição, regulação e desenvolvimento sustentável", que o Fórum de Desenvolvimento do Rio realizou nesta segunda-feira. Confira a cobertura completa.

O estado do Rio de Janeiro se prepara para o aumento da produção e da demanda de gás natural nos próximos anos. Vão ser necessários investimentos na implementação de infraestrutura de produção e distribuição de gás, massificação do uso doméstico e industrial e políticas públicas que permitam transformar a riqueza do gás natural em desenvolvimento e distribuição de renda. Essas foram algumas das conclusões do debate "Gás Natural: distribuição, regulação e desenvolvimento sustentável", realizado no dia 16/11/09 pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio no plenário da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj).

Para o presidente da Alerj e do Fórum, deputado Jorge Picciani, o debate serviu para apontar tendências e fornecer insumos para o planejamento de longo prazo. "Já havíamos debatido a questão do gás natural em 2007, quando a crise com a Bolívia ameaçou paralisar a distribuição em nosso estado. Mas é muito melhor discutir durante uma conjuntura favorável, de recuperação da economia e grande oferta de gás", avalia o deputado. "Quando você gira a roda a favor, de forma propositiva, ganha a sociedade como um todo: isso se transforma em geração de emprego, qualificação de mão-de-obra, redução do desemprego e aumento da arrecadação. Ou seja, mais riqueza, distribuição de renda e mais oportunidades", completa Picciani.

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, apontou uma nova fronteira de expansão para o gás natural: o uso em veículos pesados, como caminhões, ônibus e tratores. Veículos desse porte usam em geral óleo diesel, derivado do petróleo bastante poluente cujo uso tem sido progressivamente reduzido. Ainda assim, de acordo com dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 100% dos 11,5 mil caminhões e 3 mil ônibus produzidos no Brasil entre janeiro e setembro de 2009 eram movidos à diesel. "O nosso programa foi muito bem sucedido em veículos leves, e agora as montadoras e as empresas começam a ter tecnologias para desenvolver o gás natural também para veículos pesados", afirma Bueno, lembrando que 80% das conversões de veículos para uso de gás natural no Brasil são feitas no Rio de Janeiro.

Investimentos privados

A Ceg, empresa que detém a concessão da distribuição de gás natural no estado do Rio de Janeiro, deve investir cerca de R$1 bilhão até 2009 para ampliar a sua base de clientes industriais e domésticos nos 45 municípios em que já opera e iniciar a distribuição em outras 13 cidades. A empresa foi privatizada há 12 anos, e nesse período aumentou de 569 mil para 800 mil e numero de clientes e quase triplicou o volume de gás distribuído (2,6Mm3/dia para cerca de 7,3Mm3/dia em2008). "A oferta de gás natural é um diferencial competitivo para atrair empresas e empreendimentos para o Rio de Janeiro. É uma energia mais limpa e com preço mais competitivo", afirma Bruno Armbrust, presidente da Ceg.

O potencial do Rio de Janeiro também foi destacado por Jorge Delmonte, gerente de Gás Natural do IBP. "Rio e São Paulo consomem 60% do gás usado no Brasil", detalhou, acrescentando que 70% dos 17 mil quilômetros de gasodutos existentes no país estão destinados ao mercado do sul e sudeste, incluindo o gasoduto Brasil-Bolívia. A malha de distribuição ainda é pequena quando comparada a países como os Estados Unidos, que têm 480 mil quilômetros de gasodutos que chegam a todos os estados. "A ampliação e integração da malha existente no Brasil é um caminho natural se quisermos pensar na expansão do uso do gás natural como combustível", destacou.

O presidente do Conselho Empresarial de Energia da Firjan, Armando Guedes, enfatizou a necessidade uma política pública de longo prazo para disseminar o uso do gás. "Temos que pressionar tanto o governo quanto a Petrobras", afirmou o empresário. Segundo sua análise, os novos poços de petróleo do Pré-Sal e o desenvolvimento tecnológico devem ampliar a produção de gás natural no Brasil. Somada ao gás que vem da Bolívia, a oferta vai crescer exponencialmente e pode encontrar na distribuição um gargalo. "Temos a oportunidade de direcionar o gás para uso interno e estimular a substituição de combustíveis mais poluentes, como o óleo diesel", completa.

Regulação e política de preços

A adoção de uma política de preços voltada para a promoção do desenvolvimento econômico do país também foi alvo de discussão. Foi deputado Luiz Paulo (PSDB) quem levantou o tema. "Os preços devem ser praticados levando em consideração a conjuntura do país. Em caso de baixa capacidade de geração de energia hidrelétrica, por exemplo, o gás mais barato poderia ser um incentivo para aumentar a produção da termelétricas a gás e evitar um apagão de energia", ponderou o deputado, que propôs a realização de uma audiência pública para tratar especificamente do tema. O próprio secretário Julio Bueno ratificou que as termelétricas a gás não tem sido prioridade do governo estadual nos últimos anos. "O governo abandonou a política de construção dessas usinas. Mas uma revisão pode ser feita se avaliarmos que vai ser melhor para economia do estado."

O debate "Gás Natural: distribuição, regulação e desenvolvimento sustentável" foi o oitavo evento organizado pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio em 2009. Os anteriores, também realizados no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, abordaram grandes temas da agenda de desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro, como os efeitos da crise financeira nos municípios com grande concentração industrial, licenciamento ambiental e desenvolvimento sustentável, marco regulatório do Pré-Sal e cadeia produtiva da pesca marítima comercial, dentre outros. O próximo debate, no dia 30 de novembro, vai abordar a indústria da reciclagem e ocorre num momento em que o Brasil está definindo sua agenda de compromisso para a Conferência Mundial sobre o Clima, que vai ser realizada no dia 15 de dezembro, na Dinamarca.

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