Comércio com Ásia cresce e muda perfil de negócios do Rio

A Ásia já ultrapassou o Nafta - bloco de países formado por Estados Unidos, Canadá e México - como principal destino das importações fluminenses. É o que aponta a última edição do RioExporta, pesquisa da Firjan. A última edição do estudo mostra que as vendas para a Ásia cresceram 48% nos últimos 12 meses.

Na China e no Japão, os cartões de visita devem ser entregues com as duas mãos, como sinal de respeito. Já na Índia, é melhor evitar peças de couro nas roupas e acessórios, já que a vaca é um animal sagrado. Os empresários fluminenses precisam ficar mais versados nessas e outras características da cultura oriental, agora que Ásia ultrapassou o Nafta - bloco de países formado por Estados Unidos, Canadá e México - como principal destino das exportações do estado do Rio, de acordo com a última edição do RioExporta, boletim mensal de comércio exterior da Firjan. A tendência tem como principais motores o comércio com China, Índia e Cingapura e é explicada pela busca do empresário brasileiro por mercados alternativos, agora que Europa e Estados Unidos estão retraídos pela crise econômica.

Para aproveitar o potencial do mercado asiático, as empresas precisam investir em mão de obra qualificada - o que inclui o aprendizado de línguas estrangeiras, como o mandarim -, buscar informações sobre a cultura dos países com que fazem comércio e adaptar seu portfólio de produtos às exigências dos novos mercados.

O presidente da Câmara de Comércio China-Brasil, Charles Tang confirma a tendência. "O comércio entre os dois países tem crescido vertiginosamente. Em 1999, as exportações eram de 1,5 bilhões de dólares; em 2008, o valor chegou a 36 bilhões; este ano, apesar da crise, esperamos que esse número chegue a 50 bilhões", observa, acrescentando que a demanda chinesa por matéria-prima e alimentos é complementada pelo Brasil. "Se a demanda chinesa aumenta, o Rio só tem a ganhar", afirma Tang.

O crescimento do comércio entre os dois países, com destaque para o Rio, é explicado pela recuperação dos países emergentes, que já dão sinais de terem superado a crise econômica global, com destaque para economias como a chinesa, a indiana e a brasileira. Não é à toa que empresas brasileiras como a Vale aumentaram suas vendas para a Ásia: as economias emergentes tornaram-se os maiores consumidores de minérios e metais. A retomada da construção civil - comercial e residencial - na China é um dos motores desta tendência. No terceiro trimestre, a Ásia foi o destino de 56% das exportações da Vale. Só a China é responsável por 37% desse volume.

A tendência também se confirma em empresas menores, caso da Bargoa S/A, que produz equipamentos de telecomunicações. De acordo com o gerente de vendas internacionais da empresa, Efraim Santos, embora este seja um ano pior do que 2008 em exportações para a Ásia, a melhora registrada a parti de janeiro é visível. "Já temos contratos firmados com a Coréia do Sul e com o Japão até 2010 e estamos para fechar um contrato com as Filipinas. Estou bastante otimista", afirma. Mesmo a carga despachada por avião, que tem o frete mais caro, consegue ter preços competitivos no mercado asiático, o que prova a qualidade do produto brasileiro.

Para conquistar novos clientes, a Bargoa teve que a investir: contrataram novos profissionais que falam inglês e adaptaram o portifolio de produtos. "Embora os produtos de telecomunicações sejam globais, alguns países têm exigências específicas. O Japão, por exemplo, exige conectores produzidos com material antichamas".

A Câmara de Comércio China-Brasil tem ajudado os empresários que querem expandir seus negócios. Além de oferecer cursos de mandarim, promove cursos de cultura comercial e etiqueta chinesas. "A maioria dos chineses não fala inglês", observa Tang, que aconselha os empresários fluminenses, além de entregar seus cartões de visita com as duas mãos, a terem uma versão em mandarim dos cartões e dos catálogos de produtos. "Em 1986 ninguém queria saber da China. Hoje, ninguém pode abrir mão desse mercado", argumenta.