Entenda por que o gás é queimado

A queima do gás associado extraído junto ao petróelo é um procedimento usado para eliminar o gás execedente que não é considerado viável comercialmente. Os usos alternativos incluem reinjeção do gás nos poços, canalização por meio de gasodutos ou transporte em navios (gás liquefeito). O procedimento gera polêmica e motivou a criação de um grupo de trabalho internacional de entidades e empresas de

O petróleo extraído dos poços em alto mar normalmente está associado a quantidades variáveis de gás natural, a maior parte metano e etano. Esses gases podem ser utilizados para gerar energia para a própria plataforma de extração ou, dependendo das condições geológicas do local, reinjetado nos reservatórios para aumentar a produção de petróleo.

O uso de tochas para a queima controlada do gás é, antes de tudo, um recurso de segurança usado de forma similar à chama piloto dos aquecedores a gás: a chama é regulada para permitir uma combustão controlada e assim evitar explosões que podem ser causadas caso o ar entre nas tubulações. O fogo pode ser aumentado ou diminuído conforme a necessidade de liberação. Faz-se isso porque apenas uma pequena parte pode ser lançada na atmosfera sem a queima, uma vez que trata-se de gases inflamáveis que têm impacto para o efeito estufa até 20 vezes maior que o gás carbônico.

O problema e as críticas surgem quando grandes quantidades de gás são queimadas para permitir a extração do petróleo, sem que alternativas sejam avaliadas. Existindo mercado e atratividade comercial, o gás poderia ser canalizado por gasodutos ou liquefeito e transportado em navios até as regiões consumidoras. Quando nada disso é feito, o gás excedente é queimado. Estima-se que no Rio de Janeiro essa queima tenha ultrapassado o volume de gás vendido pela Petrobras à Ceg e à Ceg Rio, as maiores distribuidoras de gás encanado do estado. A queima diária é de 12 mil metros cúbicos.

Existe atualmente um grupo de trabalho pelo Banco Mundial, a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), a União Européia e algumas companhias de petróleo e energia chamado Redução Global de Queima de Gás (GGFR, na sigla em inglês), que tem o objetivo de apoiar iniciativas para diminuir o volume de gás queimado. A idéia principal é ajudar os países produtores a dar destinação comercial ao gás associado, identificando mercados e viabilizando o transporte. Alguns dos países beneficiados pelo programa atualmente são Argélia, Camarões, Guiné Equatorial, Cazaquistão, Nigéria e Qatar. A Nigéria se destaca por ter conseguido reduzir a queima em 10 bilhões de metros cúbicos a cada ano desde 2002.

O Brasil não está incluído na lista dos países que mais queimam gás associado, que é encabeçada por Nigéria, Rússia e Iran. Um dos maiores entraves ao uso comercial do gás brasileiro é o alto custo de canalização ou transporte, devido à distância dos poços. Alguns chegam estão a mais de 200km do litoral.