Roteiros combinados fortalecem turismo regional

Pensar o turismo de forma sistêmica, planejando-o regionalmente é uma boa medida para expandir essa atividade para outros municípios do estado do Rio. A idéia de usar os municípios mais equipados como base é boa para todas as cidades envolvidas, já que mantém o turista por mais tempo na região, ajudando no desenvolvimento local.

O turista, nacional ou estrangeiro, que visita a cidade do Rio pode esticar a viagem até Petrópolis ou Teresópolis e voltar no mesmo dia. Estimulá-lo a fazer isso é uma forma de mantê-lo mais tempo no estado e permitir que ele conheça outras regiões. Uma boa ferramenta é o planejamento levando em conta que certas cidades têm características semelhantes. Natividade, por exemplo, onde uma aparição da Virgem Maria teria acontecido, é um pólo de turismo religioso, assim como Barra Mansa e Paraty também o são. Por isso, pensar em fomentar essa modalidade de turismo em apenas um deles significa desperdiçar o potencial do setor. Foi refletindo sobre esse aspecto que o Fórum de Desenvolvimento do Rio chamou atenção para a necessidade de pensar o turismo no estado de forma sistêmica e regionalizada. Iniciativas desse tipo já vem sendo tomadas no estado.

"O turismo movimenta 52 setores da economia, formando uma cadeia. Precisamos pensar nas regiões como um todo", defende Patrícia Mattos, coordenadora de projetos do Sebrae-RJ. A entidade tem trabalhado para mapear os municípios com características semelhantes e a partir disso promover a regionalização do turismo no estado, o que inclui a publicação de brochuras divulgando roteiros com temas que vão de ecoturismo até artesanato, passando pelo turismo religioso. No momento, o Sebrae tem oito projetos do tipo, que incluem 50 municípios fluminenses.

Para André Paranhos, promotor de captação do Rio Convention & Visitors Bureau, pensar o turismo dessa forma pode ajudar a aumentar também o fluxo de turistas na cidade do Rio, cuja infraestrutura seria usada como porta de entrada. Uma boa medida é dar a atenção necessária ao turismo de interesses específicos. "Se um visitante é observador de pássaros, é bom mostrar a ele que existem lugares próximos que ele pode visitar. O mesmo vale para o turismo de aventura", observa.

A secretária de Turismo de Natividade, Euzimar Bazeth, apoia a ideia de divulgar os outros municípios. "É melhor trabalharmos juntos porque o turista fica mais tempo na região. Se alguém vem visitar o Santuário da nossa cidade, por que não ir à festa à fantasia de Bom Jesus ou tomar um vinho em Varre-Sai?", indaga. Natividade é um exemplo de município-polo, com potencial para estimular o turismo em outras regiões: a cidade tem cerca de 15 mil habitantes, mas o número salta para 35 mil durante as comemorações de 12 de julho, quando a aparição da Virgem Maria é celebrada.

Pensar o setor dessa forma ajuda a combater o principal obstáculo do turismo no estado, que é a falta de infraestrutura. A ideia é que os locais mais equipados sirvam de polarizadores para os municípios no entorno. "Se um município famoso pelo seu artesanato não contar com uma rede hoteleira, o turista pode usar um município próximo como base", observa Mattos. É evidente que o ideal é que cada município seja dotado de infraestrutura, mas esta é uma medida que pode ser tomada a curto prazo. Para ela, o momento é ideal para investir na idéia, já que o Rio em breve vai sediar grandes eventos esportivos, como os Jogos Mundiais Militares, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O professor do Instituto de Geografia da UERJ Glaucio José Marafon argumenta que a roteirização pode aumentar a demanda. "Se a demanda aumenta, a tendência natural é que a infraestrutura se desenvolva", argumenta. Para Mattos, o momento é ideal para investir na idéia, já que o Rio em breve vai sediar grandes eventos esportivos como os jogos mundiais militares, a Copa do Mundo e a as Olimpíadas.