Pesquisa destaca potencial do Rio para implantação de parques tecnológicos

Levantamento feito pela Rede de Tecnologia (Redetec) mostra que Rio é um dos estados mais propícios a instalação de parques tecnológicos, por reunir uma série universidades e centros de pesquisa. Para fomentar esse tipo de iniciativa, o poder público tem papel fundamental, não só concedendo incentivos fiscais, mas oferecendo outras formas de benefício para empresas e universidades.

Por reunir uma quantidade considerável de universidades e centros de pesquisa, o estado do Rio é um dos lugares mais favoráveis do país à implantação de parques tecnológicos. É o que aponta a publicação "Proposição de uma Política Estadual de Implantação e Consolidação de Parques Tecnológicos do Rio de Janeiro", editada pela Rede de Incubadoras, Pólos e Parques Tecnológicos do Rio de Janeiro, que faz parte da Rede de Tecnologia do estado (Redetec), uma das integrantes do Fórum. O documento reúne propostas para a elaboração de políticas públicas de fomento a esse tipo de iniciativa. A idéia é munir o poder público de informações sobre potenciais a serem explorados e projetos de sucesso já em curso.

O conceito de parque tecnológico pressupõe um ambiente produtivo em que há colaboração entre universidades e empresas de base tecnológica, para fomentar a inovação. “É um arranjo produtivo do conhecimento, por assim dizer”, explica Paulo Alcântara, presidente da Redetec. Um exemplo emblemático é o Stanford Research Park, criado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que atraiu empresas de tecnologia para a região conhecida como Vale do Silício, hoje referência mundial em inovação tecnológica, onde estão as sedes de empresas como o Google. Nesse contexto, o Rio se destaca como uma região com potencial para esse tipo de iniciativa prosperar. “Temos um grande potencial nas universidades do Rio. A COPPE/UFRJ, por exemplo, é a maior referência da América Latina em engenharia”, observa Alcântara.

Não faltam exemplos de parques tecnológicos que aproveitaram este potencial. O Pólo Bio-Rio, primeiro da América Latina de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento do setor de biotecnologia, é um deles. “Junto com os setores metal-mecânico e de petróleo e gás, a indústria da saúde é um setor promissor da economia fluminense e deve estar entre as prioridades do Estado”, defende Alcântara. Gerido pela Fundação Bio-Rio, o parque, que conta com uma área de 116 mil m², tem universidades como UFRJ e UERJ como parceiras, contribuindo para a transferência de tecnologia desenvolvida nelas para o setor produtivo. Também já há parques tecnológicos operando em cidades como Nova Friburgo e Petrópolis.

Para pôr projetos assim em prática, Alcântara defende que o papel do poder público é fundamental e que o incentivo fiscal, embora seja positivo, não é a única forma de estímulo necessária. Um dos principais problemas enfrentados por pesquisadores, por exemplo, é a burocracia envolvida na importação de insumos necessários para suas pesquisas. “Se um químico precisa importar um reagente, ele é obrigado a lidar com uma papelada enorme”, lamenta Alcântara. Para ele, uma boa medida seria a criação dos chamados armazéns alfandegados, depósitos estaduais com reservas desses insumos, evitando assim a burocracia envolvida no processo de importação.

 A Lei Estadual de Inovação Tecnológica (Lei 5.361/2008) — que estabelece mecanismos que aproximam empresas de universidades e centros de pesquisa, além de regulamentar o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Fatec), gerido pela Faperj — é apontada pela Redetec como um exemplo emblemático do que o poder público pode fazer para fomentar a inovação. “A lei foi um grande passo dado pelo Poder Legislativo. Precisamos avançar mais ainda”, argumenta Alcântara. Para ele, o envolvimento da Alerj no processo é um fator determinante, uma vez que a inovação tecnológica ainda enfrenta entraves como a resistência das empresas ao novo e o pouco envolvimento das pequenas e médias empresas nesse tipo de projeto. “Como esse tipo de investimento envolve algum risco e não traz retorno financeiro a curto prazo, é preciso disseminar uma cultura de inovação entre o empresariado fluminense”, defende.