Levitação magnética: opção para o transporte urbano e interurbano no RJ

O uso da levitação magnética na construção de trens para uso urbano e interurbano é uma medida interessante para ligar os estados do Rio e São Paulo, além de ser viável para transporte urbano. Um projeto piloto apoiado pela Faperj e pelo BNDES deve ser instalado na UFRJ, campus da Ilha do Fundão, até ano que vem. O projeto é do professor da UFRJ Eduardo David.

Antes reservado aos livros de ficção científica, o uso da levitação para resolver problemas práticos de centros urbanos já é possível. O projeto de usar a levitação magnética em trens para transporte urbano e interurbano é do professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRJ, Eduardo David. Com o apoio da Faperj e do BNDES, o projeto, batizado de Maglev Cobra, será implantado em caráter experimental na Ilha do Fundão: uma linha de cerca de 200 metros vai ligar dois prédios do campus até ano que vem. Também há a proposta de construir uma linha de quatro quilômetros para substituição da frota de dez ônibus que atende a alunos e funcionários do campus. A apresentação foi realziada durante reunião da Frente Pró-Rio, coordenada pelo presidente da Associação de Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj), Francis Bogossian.

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O Maglev Cobra usa basicamente duas tecnologias para levitação: a supercondutora, indicada para uso urbano e que vai ser implantada no Fundão; e a eletromagnética, indicada para transporte interurbano. Entre as principais vantagens da levitação, se comparada aos meios de transporte convencionais, o professor Eduardo David aponta o baixo custo: "Como o Maglev não depende de atrito mecânico com os trilhos, o sistema consome menos energia", explica. No caso da tecnologia supercondutora, o custo diminui ainda mais, já que, para funcionar, o ímã dos trilhos é resfriado com nitrogênio líquido, um subproduto da indústria que abastece hospitais com oxigênio. "É bom lembrar que o ar que respiramos é formado por 78% de nitrogênio", explica David, lembrando que o gás não polui a atmosfera. A falta de atrito também faz desse tipo de trem um veículo mais silencioso, diminuindo a poluição sonora.

O ponto polêmico do uso da tecnologia é a construção de um trem de alta velocidade (TAV) ligando os estados do Rio e São Paulo. Para David, o uso de um trem convencional ("Roda-trilho") poderia ser comparado com uma máquina de escrever moderna. "É moderna, mas é uma máquina de escrever. O Maglev é um computador", defende, argumentando que a implantação de um TAV baseado em levitação eletromagnética é mais simples e rápida, podendo ser concluída a tempo para a Copa do Mundo de 2014. David explica que o Maglev pode usar a faixa de domínio das pistas já existentes e que a tecnologia é 100% nacional.

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O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, que eesteve presente à reunião, entretanto, afirma que tecnologia não tem se mostrado competitiva para cobrir longas distâncias em países onde já foi implantada, caso da Alemanha. "Falo tanto em termos de custos como de eficiência", explica Lopes. De acordo com o secretário, ele defende a busca por formas alternativas de transporte que garantam a mobilidade das pessoas, mas atualmente o Maglev só serviria como solução para o transporte urbano. "Em licitações para empreendimentos de transportes, não há restrição ao uso de nenhuma tecnologia. É bom lembrar que o que é licitado é um empreendimento, não uma tecnologia. Se o Maglev se mostrar competitivo ele pode ser usado em um projeto", explica Lopes.

A Frente Pró-Rio foi idealizada pelo presidente da Aeerj para chamar a atenção do governo federal para as necessidades do estado do Rio. A reunião foi presidida por Bogossian e contou com a presença do deputado João Pedro (DEM-RJ), além de membros da frente e associados da Aeerj.

Saiba mais sobre o Maglev Cobra clicando aqui.

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