Orlando Giglio - Hotelaria, Copa e Olimpíadas: desafios e oportunidades

Além de obsoleto, o parque hoteleiro carioca precisa de planejamento e investimentos concretos se a cidade quiser estar preparada para sediar os Jogos Olimpícos de 2016. A opinião é de Orlando Giglio, diretor comercial da rede hoteleira Iberostar no Brasil, que, em novo artigo, fala sobre os principais desafios para resolver o problema a tempo. Leia e opine.

Orlando Giglio*

A escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 e da cidade do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016, definitivamente, está sendo fundamental para marcar a entrada de nosso país no cenário das grandes potências econômicas mundiais, pois, apesar de serem eventos esportivos, não resta dúvida de que o privilégio de sediá-los vai muito além das competições nos campos de futebol, quadras, pistas de atletismo ou piscinas. Temos muita política e, principalmente, bilhões de reais em expectativas de investimentos em jogo.

De todos os setores beneficiados ao final dos próximos sete anos - quando, segundo previsões de especialistas, o país poderá ocupar o posto de quinta economia do mundo - o turismo certamente tem tudo para ser um dos que mais sairão ganhando. Porém, para que isso aconteça é preciso não deixar passar a oportunidade de investimentos sérios, principalmente na facilitação de construção da nova infraestrutura hoteleira.

O parque hoteleiro no Brasil vem se desenvolvendo rapidamente, mas o Rio de Janeiro é uma triste exceção - justamente a cidade mais privilegiada com os eventos, uma vez que receberá a final da Copa do Mundo e terá a chance de ser sede de uma Olimpíada, o que poderá ser um divisor de águas para a cidade.

Em nossa Cidade Maravilhosa, o preço do terreno é extremamente valorizado e acaba por não oferecer ao investidor o retorno desejável em médio prazo. O parque hoteleiro carioca está idoso e necessitando de planejamento e investimentos fortes, duas carências da cidade nas últimas décadas, que só começaram a melhorar - e mesmo assim apenas um pouco - com os Jogos Pan-Americanos de 2007. Um dos pontos fundamentais para os novos equipamentos hoteleiros é que as redes internacionais cheguem ao país não apenas para explorar grandes empreendimentos, mas com a obrigação de investir na compra de propriedades, sejam terrenos para construção de novos hotéis ou de prédios já existentes, com investimento em grandes reformas.

Segundo um estudo encomendado pelo Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 à Fundação Getúlio Vargas, o evento trará cerca de R$ 155 bilhões em investimentos para o país e deverá gerar cerca de 18 milhões de novos empregos, além de um aumento de 20% no número de turistas até o ano da competição. São números que não podem ser, de forma alguma, ignorados. Além disso, de acordo com informações do Ministério do Esporte, o investimento para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, será de aproximadamente R$ 28 bilhões.

Especialmente no Rio de Janeiro, vivemos um momento muito positivo, não apenas pelos grandes eventos que a cidade terá, mas pela confluência de interesses por parte dos governos Federal, Estadual e Municipal. Recentemente, o governo Federal anunciou uma nova linha de crédito da União para o BNDES, no valor de até R$ 80 bilhões, para o financiamento de investimentos e do desenvolvimento produtivo para os anos de 2010 e 2011, o que certamente vai ajudar o retrofit e novos investimentos, tornando mais interessante a aposta na hotelaria.

Com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos à vista, é preciso que tenhamos em mente que nossa rede hoteleira ainda é insuficiente, principalmente em nossa Cidade Maravilhosa. Por isso, precisamos aproveitar ao máximo as novas oportunidades que estão sendo criadas, para que após os eventos, o Rio de Janeiro volte a ter sua vocação turística amplificada pelos quatro cantos do mundo e se torne, novamente, a cidade com maior numero de visitantes da América Latina.

O Rio de Janeiro e o Brasil merecem!

Orlando Giglio é vice-presidente da Câmara da Turismo da Amcham-Rio, representante da entidade no Fórum de Desenvolvimento do Rio e diretor comercial da marketing da Iberostar Brasil.