Queda na demanda de energia deve elevar custo de fornecimento

Palestra na Associação Comercial trata dos efeitos da desaceleração econômica trazida pela crise

A desaceleração da economia registrada nos últimos meses em função da crise internacional freou o aumento do consumo de energia elétrica e deve fazer com que a demanda em 2009 seja igual à registrada em 2008. A previsão é do professor Adilson Oliveira, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Até o ano passado, o consumo de energia vinha aumentando numa média de 3% ao ano.

A conseqüência pode ser um aumento dos preços ao consumidor final. Antes do agravamento da crise, muitas distribuidoras se basearam nas expectativas de crescimento do consumo e contrataram lotes maiores de fornecimento. Se a energia não for consumida, a distribuidoras podem, por lei, devolver até 3% às geradoras, causando um impacto no cálculo do custo médio e forçando uma elevação dos preços para os consumidores cativos.

As análises foram apresentadas durante uma palestra do Comitê Empresarial de Energia da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), nesta terça-feira (03/03). Oliveira informou que isso traz outra preocupação: o grande número de consumidores que deverão migrar para o mercado livre, com o aumento do preço no mercado regulado. O excedente devolvido será oferecido ao mercado livre e, em função da oferta mais generosa, os preços podem registrar quedas expressivas.

“Vai aumentar a disparidade do preço entre mercado cativo e o mercado livre. A legislação brasileira não permite concorrência nesse setor, mas ajustes precisarão ser feitos”, afirma Oliveira. Em virtude da redução da demanda, o professor da UFRJ questionou também alguns projetos de geração de energia. Um dos projetos citados pelo professor é o do gás natural liquefeito (GNL). Como haverá também queda no consumo de gás, projetos de cosntrução de plantas de regaseificação deixam de ser interessantes na análise do professor.

Outros projetos que também foram questionados são os das construções das refinarias. Para Adilson de Oliveira, pode ser mais barato para a Petrobras adquirir refinarias que estão ociosas nos Estados Unidos em vez de construir novas no Brasil para exportar derivados. Isso porque o consumo de petróleo norte-americano deve cair se o governo de Barack Obama realmente levar a sério a política de incentivo às fontes renováveis de energia.

Para Adilson de Oliveira, a prioridade da Petrobras, neste momento de crise, deve ser o desenvolvimento do projeto de extração de petróleo da camada pré-sal. “Até porque sem o pré-sal, não vai ter o que levar para estas refinarias”, concluiu.