Painel reúne principais responsáveis pelo fomento aos negócios de impacto

Segundo levantamento da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Aspen) os negócios de impacto social e ambiental movimentam cerca de US$ 60 bilhões em todo o mundo. No primeiro painel do 5º Seminário de Negócios de Impacto Social e Ambiental, realizado nessa quarta-feira (25/11), o tema central foi como os governos e instituições públicas em geral podem atuar para fomentar o setor. Dentre os anúncios feitos durante o painel, está o lançamento da segunda edição do programa BNDES Garagem, que será focada em startups de impacto. Veiculado pela plataforma ECOA PUC-Rio, o evento é organizado pela ALERJ, Sebrae-RJ, PUC-Rio, Sistema B, Esdi-UERJ e Instituto Ekloos, e contou com o apoio da Faperj. Para assistir a íntegra do primeiro dia, clique aqui.

Um dos coordenadores do LAB de Inovação Financeira do BID, José Alexandre Cavalcanti Vasco, destacou a importância do debate neste momento desafiador. “O pós-covid vai encontrar países mais pobres e desiguais. A inovação financeira é uma das formas de buscar retomada do crescimento alinhada ao desenvolvimento sustentável”, avalia Vasco, que atua na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores.

De acordo com ele, o LAB reúne 204 entidades públicas e privadas e possui mais de 600 pessoas envolvidas. “Estamos num bom momento para a infraestrutura sustentável. Há muitas oportunidades de atração de investimentos estrangeiros, que estão em busca de ativos. O regime de mercado de capitais é bem regulado, mas é importante que existam projetos. Isso passa pela educação financeira e por uma compreensão do papel de todos os atores envolvidos”, explica.

Segundo Vasco, uma das agendas mais importantes da CVM no momento é diversificar o acesso ao mercado de capitais, assegurando maior participação de mulheres e de minorias. “Estamos pensando em dois aspectos: em como pensar em formatos que levem o capital, de fato para pequenas e médias empresas, e outro é a igualdade de gênero, para aumentar a participação da mulher nas companhias abertas e no acesso ao mercado de capitais. Essa agenda da diversidade ganhou muita importância na sociedade”, constatou o representante do LAB.

As possibilidades de inovação financeira e de ampliação do impacto positivo de empreendimentos crescem exponencialmente se conectadas à ciência e à tecnologia de ponta. Por isso a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) tem se empenhado em promover a interligação entre o desenvolvimento científico e tecnológico, liderado por seus pesquisadores, à sociedade fluminense. Uma das iniciativas é o Programa de Apoio ao Empreendedorismo Socioambiental do Estado do Rio de Janeiro, primeira iniciativa de apoio ao empreendedorismo de impacto realizada por uma fundação de amparo à pesquisa. “O estado do Rio é o segundo maior produtor de conhecimento do país. Nossa missão é apoiar cada vez mais os pesquisadores, empreendedores e empresas de base tecnológica. Vamos lançar uma nova edição do programa de apoio ao empreendedorismo de impacto ainda em 2021”, destaca o presidente da Faperj, Jerson Lima.  

Para Lucas Ramalho Maciel, que coordena a Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto), uma das formas de democratizar o acesso aos recursos necessários para o fomento de negócios de impacto é aumentar a sensibilidade da sociedade para o tema. As compras públicas representam cerca de 12% do Produto Interno Bruto. Então estamos falando de uma ação estratégica para qualquer setor que pretenda crescer.

"Temos que avançar nessa área e oferecer um tratamento diferenciado aos negócios de impacto. Usar a capacidade que o estado tem de colocar no debate público um determinado tema. É isso que temos tentado fazer e tem dado bastante certo. Essa também é uma forma de fomentar”, analisa.

O debate público do tema ajuda a replicar as estratégias nacionais em ambiente local para a criação de novos ecossistemas de negócios de impacto em nível regional. Esta tem sido uma das principais preocupações do Sistema B. O diretor-executivo do Sistema B Internacional, Marcel Fukayama, defende a mudança da missão das empresas que atuam no Brasil para um modelo de gestão que considere o impacto social positivo. Segundo ele, é imperativo que as empresas exerçam um novo papel na sociedade do século XXI, reduzindo suas externalidades negativas com maior atenção a todos os seus stakeholders.

“Estamos em 2020 e ainda se reconhece que a única função social das empresas é gerar emprego, renda e pagar os impostos. Não é mais possível ser apenas isso. Há mais casos de tragédia como o que a gente viu no Carrefour esta semana, como vimos em Mariana e Brumadinho. Precisamos que a função social das empresas siga o que está definido na Constituição como parte da ordem econômica do país: além da propriedade privada e da geração de empregos, há a defesa do meio ambiente e a redução das desigualdades”, alerta.

Para incentivar a adequação da ordem econômica do país em direção à redução das desigualdades previstas na carta Magna, William Saab, analista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), anunciou a segunda edição do programa "BNDES Garagem", uma incubadora de startups de impacto, vinculada ao banco, que pretende ampliar as oportunidades de financiamento para o ecossistema de impacto. “A ideia é que seja selecionada uma aceleradora que realize três ciclos de aceleração em um contrato de 30 meses”, explica Saab, enquanto detalha que a meta do banco de fomento é selecionar 135 empresas de impacto social a serem contempladas.

Os negócios de impacto são uma forma de mitigar problemas comuns à comunidade em que estão inseridos. Daí a importância de levá-los a cada vez mais regiões do Brasil e do estado. Neste sentido, o Sebrae Nacional oferece um curso on-line que mostra passo a passo como iniciar um empreendimento de impacto social. “Temos um curso gratuito de como criar um modelo de negócio de impacto socioambiental focado naqueles que ainda estão na fase de concepção. Nós já tivemos 35 mil inscritos neste curso”, entusiasma-se o analista do Sebrae Nacional, Philippe Fauguet Figueiredo. 

No painel que se segue à abertura do evento, a 5ª edição do Seminário de Negócios de Impacto Social e Ambiental debaterá as ferramentas de medição dos negócios de impacto. O evento é organizado pelo Movimento Rio de Impacto, e mediado pela secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio e coordenadora do Movimento, Geiza Rocha. "Nesse primeiro painel ficou clara a importância e a participação dos governos federal e estadual para dar suporte aos negócios de impacto e construir as bases para o seu desenvolvimento. Como temos dito nos encontros do movimento, eles nascem com um propósito e um objetivo bastante delineados, por isso a importância das ferramentas de avaliação e de medição, que serão apresentadas na sequência", conclui.

Para assistir a íntegra dos debates, acesse a página do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Rio no YouTube.

Acesse as apresentações:
FAPERJ
BNDES
Sebrae