Edição de novembro da roda de conversa mostra transformação de projetos em negócios de impacto

A 9ª edição da roda de conversa “Mulheres que Impactam”, realizada nesta quinta (24/11), apresentou duas iniciativas que com apoio de instituições dinamizadoras trilham o caminho do empreendedorismo de impacto socioambiental. O bate-papo mediado pela secretária-geral do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico e coordenadora do Movimento Rio de Impacto, Geiza Rocha, pode ser conferido na íntegra no Youtube.

As convidadas desta rodada foram Pamela Mércia, do Sustenta Elas, e Susana Beatriz Vinzon, doutora em engenharia oceânica e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, à frente do projeto Orla Sem Lixo.

O Sustenta Elas foi criado com o intuito de dar autonomia e gerar renda para mulheres vítimas das tragédias climáticas em Petrópolis, Região Serrana do estado, com capacitação e diversas oficinas, criando uma rede de apoio.

“Começamos com uma ONG e nos tornamos um negócio para dar conta da demanda. Criar um empreendimento nunca foi a ideia, porém ele foi se formando e precisou de adaptações, novas qualificações e melhorias para levar o que a gente pretende para essas mulheres”, conta Pamela.

A mudança veio junto a entrada do Sustenta Elas na Asplande, que tem como missão instrumentalizar as populações de baixa renda no planejamento, implementação e monitoramento de empreendimentos comunitários e cooperativos, voltados para um desenvolvimento integral e harmônico.

Para Pamela, participar desse processo contribuiu para abrir a sua visão de negócios.

“O contato com as Asplande foi necessário e importante. Nos abriu portas, nos colocou em contato com pessoas com bagagens diversas e construiu pontes. Com isso conseguimos melhorias que foram cruciais para o nosso desenvolvimento”, frisa.

Hoje o Sustenta Elas é um negócio de impacto de capacitação de mulheres que buscam sua emancipação.

“No nosso modelo atual, ofertamos cursos para grupos de mulheres que inclui além da capacitação para o negócio em si, com orientação financeira e empreendedorismo, orientação pessoal porque muitas são vítimas de violência e precisam se reconstruir e se entender como cidadãs. Aquelas que podem pagar, financiam a capacitação para quem não tem condições”, explica.

Já o Orla Sem Lixo surgiu para solucionar a questão do lixo flutuante no entorno da Ilha do Fundão de forma integrada e multidisciplinar, criando oportunidade para o desenvolvimento de tecnologias para recuperação dos ambientes, dos ecossistemas e das populações no entorno, como as comunidades de pesca da região.

“Buscamos desenvolver soluções inovadores para o lixo flutuante da Baía de Guanabara. Elas precisam envolver etapas como a interceptação, coleta, transporte e reciclagem, além de serem replicáveis, sempre dialogando e envolvendo as comunidades locais para que as ações sejam perenes”, detalha Susana Vinzon.

O projeto recebeu o apoio da Fundação Grupo Boticário e agora tem uma unidade demonstrativa implantada na Enseada de Bom Jesus, na Ilha do Fundão onde, espera-se recuperar as áreas de manguezais degradadas nas margens da Enseada e avaliar a resposta dos ecossistemas. É esperada também a criação de um modelo de trabalho e renda para as comunidades pesqueiras locais, através do retorno financeiro da reciclagem e de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), que garanta a continuidade do Projeto.

“Nosso projeto tem várias frentes que trabalham de forma conjunta. É um laboratório vivo, e queremos os pescadores como agentes de mudança, agentes ambientais que estão lá para cuidar”, descreve.

A Roda de Conversa faz parte da agenda do movimento Rio de Impacto e foi proposta pela Asplande, que coordena a incubadora de negócios sociais Impacta Mulher, junto com a Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras agora também conta com o apoio do Movimento Viva Água, liderado pela Fundação Grupo Boticário.