A pandemia acelerou diversas mudanças em diferentes setores, e a educação foi uma delas, o que provocou uma nova configuração do ensino por meio de novas ferramentas tecnológicas. No segundo capítulo da série Agenda de Futuro desta segunda-feira (14/11) especialistas abordam os desafios e as soluções encontradas durante a pandemia da Covid-19 e os avanços necessários no campo educacional para os próximos 4 anos.
O presidente da Associação Brasileira de Educação, ABE, e do Centro de Expertise em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade das Nações Unidas, RCE-RJ/UNU) professor Paulo Alcântara, o reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Pedroso e o reitor da Universidade Federal Fluminense, UFF, Antonio Lucas da Nóbrega, afirmam que é preciso garantir investimentos em educação e capacitação para manter os avanços de acordo com a nova realidade.
“A pandemia criou um divisor de águas porque forçou a utilização do ensino híbrido e das novas tecnologias desde a educação infantil até o ensino superior. Agora temos o desafio de pensar em métodos que garantam a qualidade da aprendizagem à distância”, frisa Paulo Alcântara.
Ele também citou a necessidade de uma melhor articulação com o setor produtivo no processo de disseminação de técnicas de ensino de qualidade em todas as escolas, com uma participação efetiva da sociedade.
“É importante falarmos em aprendizagem em vez de ensino porque o importante é que os alunos aprendam o que é ensinado. É preciso pensar uma série de fatores como a concessão do tempo integral para os professores, a implantação de bibliotecas em todas as escolas do estado, além de políticas públicas que permitam a elaboração de conteúdos digitais de qualidade para atendimento da meta do ensino híbrido e o comprometimento com as atividades extracurriculares”, destaca.
Padre Anderson Pedroso explicou que a crise da Covid-19 foi uma experiência forte de aprendizado e reforçou a importância da tecnologia e da preparação de alunos e docentes para usá-las, porém, evidenciou também a existência da pobreza digital de muitos desses estudantes.
“Foi revelada uma pobreza digital que estava encoberta por alunos sem computadores e sem uma boa conexão de internet e, na tentativa de ajudá-los, houve uma mobilização da universidade e dos próprios professores que se organizaram em uma rede de solidariedade para doar os equipamentos necessários para esses estudantes. Ao mesmo tempo, também mapeamos onde eles moram e verificamos que muitos se encontravam no entorno da cidade. Com isso, percebemos o alcance da PUC e da sua capilaridade. Esse momento nos ensinou que precisamos estar unidos e que são as pessoas que nos unem”, afirma.
Ainda segundo o reitor da Puc-Rio, “é preciso pensar de maneira sistêmica e o nosso desafio é reconhecer essa realidade e propor soluções para todos. Não existe mais esse limite urbano e a internet nos coloca de forma global. Temos de aceitar essas mudanças e propor soluções inovadoras, pensadas a partir das pessoas e também dos mais pobres”.
O reitor da UFF, Antonio Lucas da Nóbrega, reforçou a necessidade de estreitar as relações universidade-empresa sob a ótica da lei de inovação em prol do desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro.
“O objetivo para os próximos anos é consolidar e reafirmar o papel da universidade pública como aparelho do estado e da população brasileira, um ambiente de diversidade, do tensionamento de ideias e conceitos. Precisamos também trabalhar a tríplice hélice, com a aproximação da academia, governos e empresários para crescimento do estado. Precisamos desamarrar os nós, que passa por um parlamento pujante e uma rede de universidades e instituições de pesquisa comprometidos com essa transformação do estado”, salienta.
O Rio em Foco vai ao ar toda segunda-feira, às 22 horas, na TV Alerj (canal 12 NET e canal 10.2 TV Aberta digital) com reprises aos sábados, (19/11), às 20h, e domingo, (20/11), às 17h. Você também pode assistir pelo canal do YouTube do Fórum da Alerj, o conteúdo fica disponível a partir de terça-feira, (15/11), clicando aqui.
Sobre a Agenda de Futuro
A Agenda de Futuro é um projeto que começou em 2019 e reúne as 68 instituições que fazem parte do Fórum de Desenvolvimento Estratégico para apontarem as principais pautas que devem estar na agenda dos deputados eleitos na próxima legislatura. Neste ano de 2023, em sua segunda edição, foram 55 entrevistas de presidentes de associações, cooperativas, federações, conselhos e reitores de universidades que elencaram temas prioritários para o desenvolvimento sustentável do estado do Rio de Janeiro.