Alerj se prepara para Semana Lixo Zero

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) se prepara para participar da Semana Lixo Zero 2022, o mais importante evento sobre gestão de resíduos promovido no país. A programação, prevista para ocorrer no final de outubro, com uma programação de 10 dias, deverá contar com uma série de atividades no Estado do Rio, atingindo o maior público possível, em diferentes segmentos, a começar pelo Fórum Lixo Zero, promovido pela Alerj, no dia 24 de outubro, das 10 às 12 horas, de forma online.

O anúncio foi feito por Geiza Rocha, secretária-executiva do Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado, vinculado à Alerj, durante reunião nesta quarta-feira (21/9) com representantes do Instituto Lixo Zero e diversas instituições interessadas em participar das atividades. Ainda segundo Geiza, a Câmara de Vereadores do Município do Rio, que recebeu este ano o título de primeiro prédio público lixo zero do país, deverá ser convidada a participar da programação, inspirando outras câmaras municipais do estado.

Presidente do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), Rodrigo Sabatini reforçou que a ideia é incentivar pelo menos 100 atividades durante a programação e sugeriu aos representantes das entidades que compõem o Fórum presentes ao encontro - como Embrapa Solos, Cefet e Fecomércio - que cada setor grave um vídeo. 

“Vocês são potenciais articuladores para que outras pessoas falem de suas boas práticas, incentivem que outros façam eventos e incluam na agenda”, disse.

A campanha

Rodrigo Oliveira, consultor e embaixador da Lixo Zero no Rio de Janeiro e sócio fundador da Impacto Consultoria e Sustentabilidade, disse que dentro de até 15 dias será realizado o ‘Café com Atitude’, para estimular cada cidadão a elaborar seu próprio evento. “A ideia é apoiar cada evento, conectar pessoas para participar, sempre com autonomia vinda dos organizadores. Vamos criar um link de comunicação para todos dentro de uma mesma plataforma para ampliar o alcance dos eventos”, explicou.

Em 2019, a Semana Lixo Zero teve sua versão 100% presencial, com cerca de 40 eventos no Rio de Janeiro. “Em 2020, o evento foi 100% online, por conta da pandemia, mas não deixou de ser um sucesso. Fizemos uma série de lives e incentivamos as pessoas a cuidarem dos resíduos dentro de casa”, contou. Em 2021, teve a semana híbrida, com eventos presenciais e online. Houve muitas atividades na parte de hotelaria e turismo, envolvendo quiosques da Orla Rio, com encerramento no Bondinho do Pão de Açúcar.

Segundo ele, o coletivo do Lixo Zero no Rio colabora para dar autonomia às instituições interessadas em elaborar seus próprios eventos e ações. Oliveira também deverá providenciar um miniguia para estimular as escolas a participarem da Semana Lixo Zero.

Máquina coletora é destaque

Lançada este mês durante o Rock in Rio 2022 pela Fecomércio-RJ, com a campanha ‘Raspas e Restos me Interessam’, a Retorna Machines chamou a atenção dos participantes da reunião preparativa para a Semana Lixo Zero no Rio. A máquina, que já está instalada em pontos estratégicos de diversas estações do Metrô Rio, permite a coleta de embalagens de plástico, vidro, alumínio, aço e longa vida, retornando em bônus para a população em forma de dinheiro, passagens ou doações para projetos beneficentes. A cada entrega o usuário recebe 8 ou 10 centavos.

A novidade foi apresentada pelo diretor-executivo do Instituto Fecomércio de Sustentabilidade (IFeS), Vinicius Crespo, que se colocou à disposição do Instituto Lixo Zero e do Fórum da Alerj para colaborar com a Semana Lixo Zero no Rio. As máquinas pretendem incentivar a população a descartar corretamente embalagens recicláveis, fomentando a educação ambiental e a economia circular.

Segundo Crespo, a ideia do Ifes é ter cinco mil máquinas em cinco anos e já foram adquiridas 80 equipamentos. Ele disse ainda que o projeto pode ser replicado em qualquer empresa ou instituição interessada, bastando entrar em contato com o Ifes. A plotagem de cada máquina fica a cargo de cada cliente. Todas as máquinas estão integradas, de forma nacional, e as entregas podem ser feitas em qualquer ponto. Representantes do Lixo Zero ficaram interessados em conhecer a máquina do Ifes, e levá-la aos Cieps onde a entidade mantém atividades.

Primeira favela lixo zero

O presidente do ILZB, Rodrigo Sabatini, também explicou que a Lixo Zero foi a primeira certificação em gestão de resíduos no país, lançada em 2011. “Hoje não é mais um programa de gestão de resíduos, mas de transformação social, de mudança de hábitos, para ajudar empresas, escolas, instituições, comunidades e cidadãos a atingir a excelência”, disse Sabatini.

A expectativa é que o Rio de Janeiro tenha a primeira favela Lixo Zero do Brasil. “Imagine a primeira favela onde não tenha mais lixo?”, disse ele, referindo-se à experiência desenvolvida nas escolas e que será levada às comunidades. O trabalho foi iniciado junto ao Observatório das Favelas no Complexo do Alemão e o objetivo é chegar a bairros e comunidades cariocas. “Nas comunidades, a ideia é chegar com o Lixo Zero por meio dos Cieps. Já nos bairros, cada um tem uma realidade diferente. Então, tem que fazer algo territorial para ter mais eficiência”.

“O projeto das escolas lixo zero já está atravessando os muros e indo para as comunidades. A partir do projeto das escolas ele chegará às comunidades. Os resultados já estão começando a aparecer. Hoje 144 escolas do Estado do Rio estão no projeto e 40 estão em processo de certificação”, comentou.

Ainda durante a reunião, Claudio Capeche, da Embrapa Solos, falou da experiência da instituição, que tem Comitê Lixo Zero em todos os 43 centros de pesquisa. “Na nossa unidade geramos resíduos de laboratórios. O não orgânico vai para cooperativas, já o resíduo orgânico, especialmente de folhas varridas, vai para compostagem. Estamos resgatando o processo de compostagem da pré-pandemia, com colegas trazendo de casa folhas e outros resíduos de alimentos. Queremos retomar a coleta de restos de alimentos e bagaço da cana, feita na feirinha que acontece toda sexta-feira, na Praça Santos Dumont. Depois, doamos para as escolas para incentivar a compostagem”, disse.