Negócios sustentáveis planejam expansão após aceleração

Dois empreendimentos conscientes e, apoiados por instituições dinamizadoras, foram apresentados nesta quinta (17/08) durante a roda de conversa Mulheres que Impactam. De um lado a Maria Cintra, da Aromaria (@aromaria._), um pequeno ateliê de cheiros feitos com matéria prima vegetal, que valoriza o cultivo das plantas e a agricultura familiar. Do outro a Grazielle Ferreira, da Veganos & Especiais (@veganos.especiais), culinária inclusiva sem produtos de origem animal e trigo. Clique aqui para assistir ao evento na íntegra.

Durante o bate-papo com a secretária-geral do Fórum e coordenadora do movimento Rio de Impacto, as duas descobriram muitos pontos em comum. Do afeto colocado no trabalho à enorme vontade de crescer, elas relataram as dores de administrar um negócio próprio até as pequenas conquistas e suas ambições para o futuro.

Para Grazielle, o nascimento do filho Nicolas com 12 alergias alimentares foi determinante nesse processo. Ela deixou a carreira na área administrativa para se dedicar aos cuidados da criança.

“Qualquer introdução de alimentos do meu filho era preocupante. Com isso, eu comecei a ir para cozinha e a criar as minhas receitas. As pessoas começaram a elogiar a minha comida e então eu resolvi me especializar e fazer disso o meu empreendimento. Meu objetivo é oferecer uma alimentação saudável, sustentável e inclusiva, preservando a textura e sabores dos alimentos, despertando a memória afetiva, provando que a culinária inclusiva pode ser tão saborosa quanto a tradicional”, contou.

Já Maria era uma apaixonada por moda, mas ao conhecer a fundo a indústria e perceber o mundo já repleto de roupas, decidiu produzir perfumes botânicos, sabonetes e óleos vegetais, além contribuir com a agricultura familiar da Amazônia.

“O mundo já está saturado de objetos e pensei em fazer algo de dentro para fora, usando a sabedoria das plantas. Comecei a estudar sobre essências e cheiros. O Brasil é o segundo maior consumidor em números absolutos de produtos de perfumaria, existe uma saturação olfativa também e fui para o caminho da perfumaria botânica”, explicou.

Ter acesso a uma rede transformou esses negócios.

“Fazer parte da Asplande foi um divisor de águas na minha vida. Eu estava empreendendo, mas não conhecia outras confeiteiras, não tinha contato com outras pessoas que estavam no ramo. Criamos então uma ponte, uma ajudando a outra e tirando dúvidas. Não estávamos mais sozinhas, dividindo as dores e criando uma rede de apoio e assim conseguimos ser mais fortes”, frisou.

A demanda crescente pelos produtos também fez Maria buscar ajuda. A Aromaria foi um dos 15 projetos acelerados pela 4ª edição do Programa Natureza Empreendedora, da Fundação Grupo Boticário.

“Com o que aprendemos, a gente se reposicionou no mercado e enxugamos o nosso catálogo. Trabalhávamos com 800 matérias primas, o que era muito complexo para gerir estoque. Assim conseguimos nos preparar para atender os nossos clientes. Ainda estamos nesse processo, que é longo, mudando a forma de produção e escoamento nesta revisão, mas foi muito bom passar pelas mentorias e ter essa troca. Então para minimizar os impactos negativos, que sempre existem, tudo precisa estar amarrado”, afirmou.

Os planos de Maria e Grazielle para o futuro são grandes.

“Quero expandir para alcançar um público maior e atender outras necessidades dos clientes. Para isso, preciso também aumentar a minha capacidade produtiva para começar a fornecer para cafés e lojas e depois, quem sabe, ter meu próprio café”, declarou.

A Aromaria também está num momento de expansão, com planejamento para inclusive começar a exportação dos seus produtos, mas no meio disso existe um dilema.

“Para crescer precisamos de novas mãos. A equipe hoje conta com três pessoas apenas e com a expansão, precisaremos ter mais gente, mudar a dinâmica de funcionamento e é uma questão do empreender. Para contratar, preciso ter tempo para treinar essas pessoas no meio de tantas outras tarefas que preciso dar conta”, concluiu.

A Roda de Conversa é realizada mensalmente e faz parte da agenda do movimento Rio de Impacto. O formato foi proposto pela Asplande, que coordena a incubadora de negócios sociais Impacta Mulher, junto com a Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras, agora também conta com o apoio do Movimento Viva Água, liderado pela Fundação Grupo Boticário.