A indústria automobilística tem uma participação importante na transição de carbono com os veículos elétricos, uma alternativa sustentável que contribui para a redução da emissão de gases do efeito estufa. No Brasil, o estado pioneiro na produção desse veículo é o Rio de Janeiro que conta com a primeira linha de caminhões elétricos produzidos no país. Em 2021, a fábrica da Volkswagen, instalada no município de Resende, região Sul fluminense, entregou 200 unidades do e-Delivery, modelo de caminhão feito para uso urbano, levando carga de centros de distribuição para entregas locais. No Rio em Foco dessa segunda-feira (20/06) o diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Marco Saltini, fala sobre essa iniciativa e as oportunidades que esse mercado representa.
“A atual discussão não é se vamos ter uma grande frota de veículos elétricos circulando ou não, mas quando isso irá acontecer. Na Volkswagen Caminhões e Ônibus acreditamos que ainda teremos caminhões e ônibus a diesel por muito tempo, mas aos poucos é necessário que essa mudança tecnológica vá acontecendo”, frisou Saltini, que também destacou a preocupação das empresas clientes em serem ambientalmente responsáveis e fazerem o seu papel ao encomendarem um caminhão elétrico.
Hoje, o custo do e-Delivery é duas vezes e meia maior do que o valor de um caminhão tradicional, muito por conta da bateria, que ainda é importada, e da produção em baixa escala. De acordo com Saltini, é preciso levar em consideração o custo operacional na hora de optar pelo modelo.
“Começamos a desenvolver a frota de caminhões elétricos para distribuição urbana, com autonomia de 110 km a 250 km porque assim eles dependem menos de infraestrutura de recarga. O projeto piloto com a AmBev serviu para ver como o modelo se comportaria, já que esses caminhões costumam fazer roteiros de 50km e depois retornam para o depósito”, detalha.
Um dos principais desafios do setor automobilístico do Brasil para os próximos anos é popularizar os veículos elétricos. Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou a proposta que proíbe a venda de carros com motor a combustão a partir de 2035. Por aqui não há ainda nenhum tipo de legislação em trâmite nesse sentido, mas de acordo com Saltini, é preciso levar em consideração as particularidades do país.
“No Brasil nós temos acesso ao biocombustível, somos grande produtor, e temos uma grande frota de carros com motores flex. Ainda temos a possibilidade do hidrogênio verde como combustível. Então, precisamos encarar essas diferenças e entender qual estratégia é mais adequada para cada país, mas com certeza teremos um aumento considerável no número de veículos elétricos aqui”, observa.
De acordo com Saltini, o Rio de Janeiro apresenta muitas vantagens para sair na frente na eletrificação da frota de carros. Entre elas está a questão tributária. Enquanto na maior parte do país os veículos elétricos têm alíquota de 17% de ICMS, aqui no estado esse valor é de 12%. Outra vantagem está na isenção de IPVA para esse tipo de veículo, o que o torna mais atrativo.
A presença de um cluster automotivo no Sul fluminense, com mão de obra qualificada, uma cadeia de fornecedores, boas instituições de ensino superior e parceria com o poder público foram destacadas como pontos importantes para o desenvolvimento do setor no estado.
“Resende tem um solo fértil para inovação e ficamos felizes em ter desbravado a região. Nesses 25 anos só crescemos. Percebemos a importância que essa indústria tem para a região, mas também que a região tem para a indústria automobilística. Impossível imaginar que a empresa está ativando sem se relacionar com a comunidade”, finalizou.
O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (25/06), às 17h, e domingo (26/06), às 20h. A partir de terça-feira (21/06) o programa fica disponível no canal do YouTube do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio e no podcast Quero Discutir o Meu Estado, disponível nas principais plataformas de streaming.