Transformação digital exige capacitação constante de docentes para as novas tecnologias

A pandemia acelerou o uso de recursos digitais na educação e incorporou a tecnologia na rotina de alunos e professores. Para especialistas, passado o período crítico, é preciso pensar numa mudança mais sólida que inclua a capacitação contínua do corpo docente para a transformação digital e não apenas a digitalização do ensino. O tema foi abordado durante o encontro remoto da Câmara Setorial de e Formação Profissional e Educação Tecnológica realizado nesta quarta-feira (06/04) e que pode ser acessado na íntegra no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico no YouTube.

“Os docentes passaram nos últimos dois anos por uma mudança prevista para acontecer daqui a 10 anos. Os professores tiveram de dar aulas a partir das suas casas sem terem sidos preparados e ensinados a fazer isso. Costumo dizer que eles aprenderam à fórceps”, afirmou o gerente de grandes empreendimentos do Sebrae Rio, Renato Regazzi.

Para a professora da Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), Monica Costa, o que a pandemia fez foi levar para o mundo digital atividades que eram realizadas presencialmente.

“A pandemia tornou a digitalização imperativa, mas será que ela acelerou o processo de transformação digital nas escolas? É necessária uma mudança estrutural. A transformação pressupõe coleta de dados, inovação, uso de inteligência artificial para prescrição de ações”, frisou.

Segundo Regazzi, diante deste novo cenário, é preciso haver uma capacitação contínua dos educadores para as novas tecnologias que avançam constantemente.

“A formação docente não é unicamente a instrumentalização do uso da tecnologia, mas o uso didático dela, criando possibilidades de o professor ampliar sua capacidade pedagógica e sua criatividade no processo de atração do aluno e construção de conhecimento”, frisou.

Já a diretora-executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Fernanda Delgado, destacou o desafio enfrentado pelos professores a partir do momento em que os alunos precisam desenvolver novas habilidades para o mercado de trabalho.

“A transformação digital tem uma grande importância para a transição da indústria, principalmente a do mercado de petróleo e gás. A base da transição energética vem do desenvolvimento tecnológico que a gente precisa ter para um cenário de baixo carbono”, observou.

De acordo com dados apresentados por ela, 40% das tecnologias necessárias para a transição energética ainda não são conhecidas ou viáveis, o que deixa uma gama de oportunidades a serem trabalhadas no campo tecnológico e demanda de talentos na área de TI.

“A indústria está investindo em áreas como o uso da realidade aumentada, utilização massiva de internet das coisas, monitoramento de vídeo e vamos precisar de profissionais capacitados assim como professores para darem conta de suprir esse mercado, com novas vagas de trabalho”, ressaltou Fernanda.

Para os palestrantes, a experiência vivida durante o período pandêmico pode contribuir para a formação dos docentes para esse novo momento.

“Esses docentes têm a solução que a gente precisa para trabalhar a formação porque viveram isso, assim como os alunos têm dicas importantes do que funcionou ou não no uso das ferramentas digitais no processo de ensino. Vamos perguntar aos professores que foram mais bem-sucedidos nessa empreitada e aos alunos que tiveram essa experiência quais foram os melhores métodos e experiências. A partir daí teremos uma base interessante para formação docente”, sugeriu Regazzi.