Elo entre as potencialidades do setor de bebidas e turismo pode alavancar desenvolvimento regional

Estima-se que o segmento de bebidas do estado seja responsável hoje por cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos com a presença de fábricas de todas as grandes marcas de cerveja, além de destaque na área de destilados premiuns, como a cachaça e o gim. O potencial de encadeamento produtivo do setor foi debatido nesta segunda (27/09) durante um painel da Câmara de Agronegócios. Segundo os especialistas, a integração e convergência de setores como o de produção de bebidas e o turismo podem apresentar boas oportunidades para a economia fluminense. O encontro pode ser assistido na íntegra no Canal do Fórum no Youtube.

De acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria de Bebidas em Geral do Rio de Janeiro (Sindbebi), Marcus Rumen, o estado tem um mercado consumidor muito favorável ao consumo de bebidas.

“O Rio de Janeiro tem um potencial turístico muito grande com praia, carnaval e outros grandes e também ainda é um estado formador de opinião, muito propício a construção de marcas. Nosso produtor local precisa explorar fortemente esse fator”, observou.

Sobre a junção dos setores de bebida e turismo, ele citou diversas possibilidades como visitação a fábrica, loja de fábrica, criação de casas-conceito, construção de marcas e espaço de contato com a marca.

“Já existem empresas fazendo esse tipo de ação como o Amázzoni Gin, no Vale do Café, o Grupo Thoquino, em São João da Barra, assim como a Underberg pretende fazer em Miguel Pereira em 2022. São empresas que utilizam o turismo etílico para alavancar as marcas e ter um maior contato com o consumidor”, detalhou.

Marcus também elencou os atrativos que contribuem para transformar o Rio de Janeiro em referência em bebidas, principalmente as de valor agregado, ampliando as possibilidades de negócios para as empresas da cadeia produtiva. Entre eles está o benefício fiscal previsto na Lei 6.979 e o Projeto de Lei 2.626/20, recém-aprovado pela Alerj, que suspende o regime de substituição tributária na venda de bebidas de estabelecimentos produtores. A substituição tributária foi criada para facilitar o pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Trata-se de uma retenção antecipada do imposto, que é cobrada somente de um dos contribuintes da cadeia produtiva de um determinado produto. A proposta complementa a Lei 2.657/96, que regulamentou a cobrança de ICMS no Rio. O PL aguarda a sanção do Poder Executivo.

“Essas oportunidades são atrativas para a instalação de novas empresas do setor de bebidas do estado e precisamos utilizá-las bem, divulgando aos players, para trazer investimentos para o estado dentro do segmento. Por conta de benefícios de distribuição, antes as empresas entravam no estado com vantagens competitivas melhores do que as que produziam aqui, então a não incidência de ST era um grande anseio do setor e vemos o PL com grande satisfação”, complementou.

O protagonismo fluminense na produção de cachaça foi destacado na reunião, com 65 alambiques fazendo um produto genuinamente nacional, com várias premiações e reconhecimento internacional, além de ser um patrimônio histórico do Rio de Janeiro. Para a vice-presidente da Apacerj – Cachaças do Rio, Katia Alves Espírito Santo, a cachaça fluminense pode exercer um papel relevante para o desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro.

“É uma bebida símbolo do Brasil, típica e exclusiva com uma qualidade elevada e que fortalece uma atividade eminentemente rural. A produção de cachaça de marcas de expressão, sejam de pequenos ou médios produtores, têm um potencial enorme de crescimento favorecendo o desenvolvimento regional de norte a sul do estado ”, frisou Katia.

Para que isso aconteça, ela reforçou a necessidade de investimentos em infraestrutura como estradas e comunicação para que o turista possa conhecer de perto a qualidade produtiva e a sustentabilidade da produção, assim como a qualificação do turismo receptivo no interior do estado.

Centro de Referência

O Centro de Referência em Alimentos, Bebidas e Panificação, da Firjan SENAI SESI Tijuca, também foi apresentado no encontro pelo especialista técnico de Educação da Firjan SENAI em Alimentos e Bebidas José Gonçalves Antunes. Trata-se de uma estrutura nova, com equipamentos de ponta prontos para testar e desenvolver produtos, além de ser uma unidade de formação profissional.

“O Centro de Referência funciona como um hub de soluções para o setor de bebidas no estado. O segmento passou por muitas mudanças tecnológicas nos últimos anos e os empresários precisam estar por dentro das inovações. É preciso investir em capacitação e aperfeiçoamento profissional para lidar com esses avanços tecnológicos, contribuindo para um setor mais forte, aumentando a produtividade, na medida em que capacita mão de obra especializada, que gera produtos com maior qualidade”, detalhou.

“É muito importante ter no estado um laboratório que atenda o acompanhamento da qualidade produtiva e também a formação. Serviços que vão potencializar cada vez mais o setor de serviços no estado”, finalizou Katia.