Brasil recicla 3 em cada 100 toneladas de lixo eletrônico gerado

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que o lixo eletrônico é o rejeito que mais cresce globalmente. Só em 2020 foram produzidas 53 milhões de toneladas deste tipo de lixo no mundo, mas 80% não foi reciclada. O Rio em Foco desta segunda-feira (27/09) recebe Cláudio Fernandes, coordenador da Reciclotron, uma startup dedicada à reciclagem de lixo eletrônico. O descarte inadequado desse material, além de representar um persistente risco de contaminação para o ambiente, também é um flagrante de desperdício de recursos.

“Além dos malefícios de você fazer o descarte de lixo eletrônico e pilhas no meio ambiente, gerando contaminação de solo e água, tem um outro lado que é do desperdício. Para você fabricar um material você precisa extrair da natureza uma série de minerais, e quando não há a reciclagem e o reaproveitamento você vai precisar novamente extrair matérias-primas virgens, causando impacto ambiental e novas emissões de CO2. É um ataque ao meio ambiente e um desperdício de dinheiro”, afirma o gerente executivo da Green Eletron, Ademir Brescansin, que também participa do programa.

No Brasil a situação é ainda mais delicada. “A cada 100 toneladas de lixo eletrônico gerada no país, apenas 3 são recicladas. Produzimos ou importamos cerca de 2 milhões de toneladas de produtos eletrônicos e só reciclamos 3% desse total. O risco ambiental é gigantesco”, alerta o coordenador da Reciclotron.

A Reciclotron é um projeto de extensão da Universidade Federal Fluminense (UFF), a partir da atuação de pesquisadores do Instituto de Saúde de Nova Friburgo. A iniciativa instituiu um programa de fidelidade em que os consumidores acumulam pontos ao encaminhar seu lixo eletrônico para descarte em locais de coleta mantidos pela startup. Posteriormente, podem reverter a pontuação acumulada em descontos no comércio local. “Nós estudamos os obstáculos que as pessoas encontravam para reciclar o lixo eletrônico, então desenvolvemos soluções em articulação com o mercado”, explica Cláudio Fernandes.

Fernandes destaca também que o trabalho da Reciclotron é reforçar no consumidor a percepção do valor do seu lixo criando condições não só para a preservação do ambiente, mas também para o engajamento em uma economia sustentável. “Ao reciclar, o consumidor começa a perceber que ele tem um 14° salário em casa e começa a utilizar estes pontos para adquirir novos hábitos de consumo com produtos de base orgânica”, ressalta o pesquisador.

A startup funciona por meio de uma base de dados atualizada em tempo real e que informa às partes interessadas quando os pontos de coleta estão cheios, qual o tipo de lixo em cada um e qual a rota mais econômica a ser percorrida. “Quando a empresa de logística reversa vai fazer a retirada do produto já sabe o que tem para ser recolhido, quanto tem e onde está e calcula a rota com menor custo de tempo e combustível”, conta Fernandes.

O programa de aceleração Sebrae Impacta, em que a unidade fluminense do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas fornece instrumentos para o desenvolvimento sustentável de negócios de impacto social, apoia a Reciclotron desde a fase da ideação. “O Sebrae Impacta tem sido muito importante no desenvolvimento de métricas capazes de aferir o impacto social da Reciclotron no ecossistema. Foi no Impacta que percebemos que tínhamos resultados positivos não só do ponto de vista financeiro e na área ambiental, mas também na geração de empregos e na formação de uma cultura de consumo mais sustentável”, revela o professor.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (02/10), às 17h, e domingo (03/10), às 20h. A partir de terça-feira (28/09), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de streaming.