A plantação de uvas vitis viníferas vem crescendo no Rio de Janeiro e a produção de vinhos já é uma realidade no estado. Com isso surgem novas oportunidades de negócios como o enoturismo. A criação de uma rota do vinho pode contribuir para a divulgação do turismo rural reunindo diversos estabelecimentos como restaurantes, hotéis, pousadas, centros de lazer e entretenimento e é claro, as adegas e vinícolas. O tema foi debatido nesta quarta (15/09) durante o encontro remoto da Câmara de Cultura, Turismo e Esportes e reuniu representantes destes segmentos, além de instituições como o Senar e o Ministério da Agricultura. O painel pode ser assistido na íntegra no canal do Fórum no YouTube.
“O vinho do Sudeste e principalmente do Rio de Janeiro desperta muita curiosidade e está tendo boa aceitação. As pessoas querem conhecer os vinhedos e o local em que foram produzidos. Começamos a plantar antes de todos e nosso primeiro objetivo era ver se dava certo, e agora queremos cada vez mais melhorar a nossa qualidade. O futuro é ter uma sala maior de degustação, um restaurante, e oferecer harmonizações, ampliando a possibilidade de novos negócios aos poucos”, detalhou Daniel Aranha, da vinícola Inconfidência.
O Rio de Janeiro conta com produtores de uvas e vinhos em municípios como Petrópolis, Paraíba do Sul, Areal, São José do Vale do Rio Preto, Friburgo e Teresópolis. Um dos entraves relatados pelo grupo na primeira reunião sobre o tema dizia respeito às análises laboratoriais, que eram feitas fora do estado. Buscando solucionar o problema, o Ministério da Agricultura reuniu os representantes de laboratórios fluminenses para saber como atender a essa demanda e beneficiar não só o produtor de vinho como todos os produtores rurais.
“A gente vê essa questão do vinho no Rio de Janeiro com muita felicidade. Temos algumas questões técnicas a serem resolvidas, como a análise de solos e foliares, a capacitação da mão de obra, mas já estamos trabalhando para isso, criando uma rede de interação para colocar à disposição do produtor rural fluminense”, contou o auditor do Ministério da Agricultura, Celso Merola.
Além da qualificação da mão de obra para atuar neste mercado, é preciso desenvolver também o olhar do produtor para o turismo rural. Para isso, o Senar possui ofertas educativas por meio do ensino a distância e presencial. “Queremos que o produtor rural amplie o olhar sobre as possibilidades existentes, contribuindo para o crescimento de toda a comunidade rural com a diversificação das atividades produtivas que integram o promissor mercado do turismo”, explicou. Além dos cursos, o Senar também oferece duas cartilhas sobre o tema que podem ser acessadas diretamente no site da instituição.
É o caso do produtor de uvas Plínio Salles, sócio e produtor da Vinícola Fra Valli, que após plantar uvas vitis viníferas com a primeira colheita prevista para o ano que vem, já começou a diversificar com o plantio também de oliveiras.
“Comecei quase com um projeto-piloto para testar e vem dando certo. Ano que vem planejamos fazer um plantio maior de uvas e agora estou plantando oliveiras que tem o potencial e já apresenta bons resultados de início”, afirmou.
Iniciativas
Durante o encontro, representantes do setor do turismo apresentaram algumas iniciativas que podem servir de modelo e ajudar no desenvolvimento do enoturismo fluminense. Julie Souza, representante da Associação de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) apresentou o programa de Capacitação, Promoção e Vendas de destinos (PROCAP) da instituição em parceria com a Fecomércio. A iniciativa já realizada no Vale do Café e Petrópolis leva operadores de turismo para conhecer os locais e os novos equipamentos com workshops e rodadas de negócios.
“A ideia é apresentar produtos diferenciados, divulgar como funcionam com visitação in loco, o que cabe perfeitamente com o roteiro de vinhos e apresentação das vinícolas. Ao final do processo, os operadores preenchem um formulário para fazer uma avaliação final do produto e o que pode ser melhorado”, explicou.
Já o presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (Sindrio) e diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Fernando Blower, relatou uma ação realizada junto ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul para sensibilizar donos de restaurantes e chefs de cozinha sobre os vinhos finos nacionais.
“Houve essa modelagem internamente para trabalhar o vinho com o trade e o mercado final. A gente recebia grupos em nossa sede para apresentar o produto e conversar com os produtores e à medida que eles conquistaram o mercado a gente fazia outras ativações”, disse.
A próxima reunião da Câmara Setorial de Cultura, Turismo e Esportes será no dia 23 de setembro, quando o grupo irá se reunir virtualmente com a Comissão de Turismo da Alerj. O encontro acontece das 10h às 12h, e tem como objetivo aproximar as instituições dos parlamentares em prol do desenvolvimento do setor e será transmitido ao vivo pelo canal do Fórum no YouTube.