“O Complexo industrial da Saúde precisa ser fortalecido no Rio de Janeiro”, apontam especialistas

A pandemia do novo coronavírus acirrou a disputa mundial por insumos e demonstrou a dependência tecnológica e produtiva do Brasil na área da Saúde. Estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam que atualmente o país importa 94% da química fina necessária à produção de remédios. Para contornar parte do problema, a Fiocruz instalará um centro de produção de biofármacos no Rio de Janeiro que deve aumentar em 300% a capacidade produtiva da instituição. O Rio em Foco desta segunda-feira (14/12) conversa com o economista Carlos Gadelha, coordenador de Ações de Prospecção da Fiocruz, e com o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio (Sinfar), Carlos Fernando Gross, para saber como o fortalecimento do complexo industrial e tecnológico do setor pode auxiliar na retomada do crescimento econômico fluminense.

“A pandemia mostrou de modo muito claro a relação entre a política de desenvolvimento industrial e econômico e a política social. Nós não podemos, num país do tamanho do Brasil, com um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, ter uma indústria tão frágil, do ponto de vista tecnológico no setor produtivo e econômico da saúde”, analisa Gadelha.

A pandemia obrigou o Brasil a implementar às pressas uma política de substituição de importações de diversos itens de química fina necessários à produção de fármacos e insumos que tiveram um vertiginoso crescimento de demanda. Carlos Fernando Gross revela o tamanho do desafio. “Foi difícil. A pandemia apanhou o mundo inteiro numa contramão enorme. A nação precisa entender isso e se mobilizar. O laboratório Roche, o maior do mundo, anunciou que vai fechar sua fábrica em Jacarepaguá (Zona Oeste do município do Rio), que é a maior fábrica farmacêutica do país. Assustador. É preciso investir mais em tecnologia e pesquisa”, comenta Gross.

Apesar da saída da Roche comprometer 440 empregos na cidade do Rio de Janeiro, há motivos para otimismo. O município receberá o maior investimento da América Latina em Biotecnologia: são R$ 3,4 bilhões destinados à instalação do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), em Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade. O local receberá a maior fábrica de vacinas da América Latina, o que vai quadruplicar a capacidade de produção anual de frascos e biofármacos da Fiocruz. “O maior investimento em biotecnologia será feito no nosso estado. Uma planta de produção de vacina que vai articular toda a cadeia de fornecedores ligadas ao setor, o que gera emprego e aumenta oportunidades de investimento privado”, destaca Carlos Gadelha.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (15/12), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (19/12), às 17h, e domingo (20/12), às 20h.