Inovação em lácteos pode gerar oportunidades para a indústria fluminense

Alavancar a indústria alimentícia com tecnologia e conhecimento é o intuito de um centro de inovação. O modelo apresentado nesta quarta (25/11) durante a reunião virtual da Câmara de Agronegócios e do Grupo de Trabalho do Selo Arte foi a experiência bem-sucedida do estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, que criou um Centro de Inovação de Laticínios. O encontro pode ser assistido na íntegra aqui.

O Dairy Bussiness Innovation Centre (DBIC) de Wisconsin é uma organização sem fins lucrativos para produtores e processadores de laticínios que ofereceu assistência técnica e comercial no desenvolvimento de produtos lácteos de valor agregado e planejamento de negócios para desenvolvimento de mercado. Nos cinco primeiros anos de funcionamento o centro atraiu 1,2 bilhões de dólares em investimentos, provocando um aumento de 66% na produção de queijos finos, além de um crescimento também de 66% na participação do estado no mercado de queijos finos dos Estados Unidos.

“Mudamos a estratégia de commodity para a de valor agregado. Wisconsin deixou de produzir apenas leite para as empresas e passou a desenvolver queijos finos. A commodity funciona bem quando um mercado é novo. Porém, quando este está maduro, começa a existir uma pressão para baixar os preços, diminuindo a margem de lucro e com os custos sempre em alta”, explicou o consultor Dan Strongin, que trabalhou nas ações do DBIC.

A união dos esforços entre os entes da cadeia também foi outro fator de sucesso do projeto. “O DBIC criou uma rede conectando academia, governo, produtores, área comercial, técnicos e saúde pública em torno de um objetivo, que era salvar a indústria e as fazendas familiares do estado por meio da inovação. Estudamos os problemas e definimos as soluções, além de buscar a ajuda necessária para concretiza-las, focando sempre na comercialização e visando a melhoria da economia do estado”, contou Strongin.

A iniciativa recebeu um aporte inicial do governo federal americano de 2 milhões de dólares, para construção, operação e ações de marketing do Centro, além da contratação de consultores e funcionários do departamento de agricultura e também do ministério. “Trabalhamos fortemente com pesquisas e demos ênfase na disseminação de informação e boas práticas para os produtores”, destacou o consultor.

De acordo ele, o modelo do DBIC pode servir de inspiração para que o Rio de Janeiro trabalhe a qualidade e diferenciação dos produtos alimentícios.

“O Rio de Janeiro já perdeu muitas empresas e fazendas ao longo dos anos, mas ainda existem muitas pessoas produzindo queijos, só que de forma clandestina. Estamos atravessando um momento em que os consumidores brasileiros estão despertando para os produtos artesanais, assim como aconteceu nos EUA. Isso torna o potencial do mercado de produtos laticínios de valor agregado imenso no Brasil. Porém, o Rio de Janeiro já está atrás de muitos estado como Minas Gerais, que acordaram para isso muito antes”, observou.

No encontro, os presentes também puderam conhecer o Centro de Referência Alimentos e Bebidas Firjan SENAI. O espaço foi remodelado com equipamentos de ponta e tecnologia da Indústria 4.0 para atender o setor com foco na formação profissional e nos serviços tecnológicos.

São 2100 metros quadrados de área disponível com sete plantas pilotos, sendo duas de panificação e confeitaria, três laboratórios de apoio e processo, além de um laboratório de TI e nove salas de aula. Estão contemplados os segmentos de cervejaria, bebidas destiladas, como a cachaça, e de bebidas não alcóolicas como água mineral, refrigerantes e refrescos. Posteriormente também haverá uma diversificação com chás, isotônicos e bebidas energéticas.

“O Senai tem uma longa atuação em bebidas e agora resolvemos dar uma ênfase maior em alimentação com a panificação e confeitaria, segmentos já tradicionais, mas também na área de sorvetes, já que temos uma forte presença nas regiões da Baixada Fluminense, Jacarepaguá e Região Serrana. Também daremos mais ênfase na parte de balas, drageados e confeitos, e bebidas lácteas, com uma planta de laticínios que vai nos permitir trabalhar em diversas frentes como produção de queijos, doces lácteos, manteigas etc. Dessa forma atenderemos os principais segmentos importantes de alimentos e bebidas do Rio de Janeiro”, detalhou o técnico de Educação da Firjan da Gerência Operacional Tijuca e Ações Móveis, José Gonçalves Antunes.

Segundo o especialista, os alunos aprendem a trabalhar não só na produção como também no controle de qualidade com os laboratórios de análises fisioquímicas, microbiológicas e sensoriais. Com a pandemia, o Senai também intensificou a oferta de cursos à distância.

“Investimos quase R$2milhões na modernização de equipamentos e tecnologia e já estamos atuando prestando serviços para indústrias de forma a atender os novos desafios do mercado no Rio de Janeiro”, finalizou Antunes.

Acesse as apresentações:

Dan Strngin

José Gonçalves Antunes

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