Mercado editorial encolheu 20% na última década, mas venda digital cresceu 600% em 2019

A indústria do livro encolheu 20% nos últimos 14 anos. Os dados são da pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, coordenada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Ainda que em 2019 o faturamento tenha crescido em 6%, o mercado deve passar por novos desafios causados pelas restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. O grande alento pode vir do e-commerce: o setor passou a ser responsável por 12,7% do faturamento no ano passado, um crescimento de mais de 600%. O Rio em Foco desta segunda-feira (17/08) analisa as expectativas do mercado editorial numa conversa com o presidente do SNEL, Marcos da Veiga Pereira.

“A pandemia obrigou o fechamento das lojas e trouxe muito medo. O primeiro movimento foi muito tenso, de muita negociação. A grande interrogação é de como será o processo de reabertura. Depois de quatro meses com lojas fechadas, estamos agora com a circulação ainda muito pequena”, revelou Marcos Pereira.

O presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros revelou que as livrarias físicas têm papel estratégico na aproximação dos leitores com os lançamentos de produtos editoriais voltados para diversos nichos. “A gente coloca cerca de dez mil livros no mercado por ano, e a livraria é o local onde as pessoas conhecem os lançamentos. Os livros precisam da vitrine, da visibilidade. O mundo on-line ainda não dá conta”, avaliou Pereira.

Marcos Veiga Pereira destaca que as restrições impostas pela pandemia devem servir para cativar uma fatia maior de consumidores para o varejo on-line, que já conta com grande acervo e comodidade na entrega do produto, mas que a livraria física ainda é a maior responsável por estimular o hábito da leitura. "A livraria ainda é um importante espaço de convivência e de descoberta. Houve uma tentativa de transformação das livrarias em um grande varejo com as 'megastores', mas agora (a tendência é que) ela volte a ser um espaço de encontro”, explica.

Embora o quadro recessivo imponha dificuldades ao mercado editorial, a quantidade de livros impressos no país segue em crescimento. Em 2019, 390 milhões de exemplares chegaram ao mercado. O número é 13% maior em comparação com o ano anterior, e deu suporte ao consumo de 434 milhões de livros no ano passado. Mais da metade deste montante (229 milhões) foi adquirido pelos governos. "O governo é responsável pela compra de livros didáticos para a Educação Básica. Mas havia pouco estímulo ao consumo de literatura nas escolas. Recentemente, o governo federal concluiu um programa que adquiriu 53 milhões de livros de literatura para distribuição aos alunos e para a criação dos chamados 'cantinhos de leitura'. É um projeto revolucionário que deve estimular o hábito da leitura” , contou Marcos Pereira.

O Rio em Foco é exibido segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (18/08), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (22/08), às 17h, e domingo (23/08), às 20h.