Cluster naval se consolida e planeja ampliar participação da academia e governo

Em razão do posicionamento estratégico da chamada economia do mar, que representa quase 20% do PIB brasileiro, o conglomerado de empresas que fundou o Cluster Tecnológico Naval do Estado do Rio de Janeiro deve, em 2020, ampliar seu número de participantes com o objetivo de incorporar, no seu conselho consultivo, representantes de universidades focadas no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias inovadoras voltadas para o setor. A iniciativa é tema do Rio em Foco que vai ao ar nesta segunda-feira (16/3), às 22h, na TV Alerj (Canal 12 NET).

Na entrevista, o presidente do cluster, almirante Walter Lucas da Silva, explica o atual momento pelo qual passa a organização. “Nós estamos modelando a estrutura do cluster para que seja mais participativo, contemplando participantes do governo e das universidades. A Marinha possui um grande empreendimento na Baía de Sepetiba, onde está construindo quatro submarinos de propulsão convencional e um submarino nuclear, uma base naval e um estaleiro. Cerca de 80% da frota da Marinha fica no Rio de Janeiro. Além disso, o estado possui um Centro Tecnológico com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) formando engenheiros e técnicos de excelente qualidade. Tudo isso contribui para que esse aglomerado de empresas, governo e academia seja pujante. A função do cluster é aglutinar esses entes, inicialmente separados, para que essa sinergia faça acontecer mais coisas no Rio de Janeiro”, explicou o almirante.

O vice-diretor executivo do Pólo do Mar Bretanha Atlântico, Phil Monbet, também participou do programa. O cluster que ele dirige localizado no litoral da França, tem 16 anos de existência e um orçamento de cerca de 890 milhões de euros, mais de 300 projetos vinculados, e 60 mil postos de trabalho gerados.

Cluster é uma espécie de polo industrial e tecnológico em que as empresas não só competem, mas cooperam entre si para ganhar escala no mercado, gerar tecnologia e inovação. A convergência da cadeia de valor não está ancorada apenas em grandes empresas. Permite também a instalação de médios e pequenos empreendimentos que podem prestar serviços ligados à atividade econômica desenvolvida.

A criação do cluster fluminense ocorreu em novembro de 2019, e pretende unir representantes dos setores público e privado. A ideia é mobilizar as sete cidades no entorno da Baía da Guanabara: Rio, Niterói, Magé, Duque de Caxias, São Gonçalo, Guapimirim e Itaboraí num esforço que envolverá o estado do Rio, a União e, inicialmente, a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), a Nuclebras Equipamentos Pesados (Nuclep), e a Condor Tecnologias Não-Letais, todas empresas ligadas ao setor de Defesa, para criar mecanismos e possibilitar ações em prol do desenvolvimento da indústria marítima.

Na visão de seus membros, o cluster do Rio de Janeiro tem como prioridade o adensamento das cadeias produtivas relacionadas à construção e reparação naval militar, além da geração de estímulos à economia do mar (turismo, petróleo levantamentos hidrográficos, manutenção e construção de embarcações), e, do fornecimento de subsídios para fortalecer a plataforma da indústria de defesa. “Temos muitos atrativos e muitos empregos que podem ser gerados no mar. A comissão interministerial de recursos do mar, sob responsabilidade da Marinha do Brasil, deve passar a fazer parte da Casa Civil, no Executivo federal, para que a economia do mar seja mais vista, mais debatida, mais detalhada”, revelou o almirante Walter Lucas da Silva.

A partir desta terça-feira (17/3), o programa estará disponível no canal do Fórum de Desenvolvimento do Rio no YouTube e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponivel no Spotify e no Deezer. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (21/03), às 17h, e domingo (22/3), às 20h.


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Em julho de 2019 o almirante Edésio Teixeira Lima Junior falou ao Rio em Foco sobre a formação do Cluster Marítmo do Rio de Janeiro, destacando que estudos da Marinha apontam que o arranjo produtivo em torno da economia do mar deve gerar 8 mil empregos diretos e indiretos a cada R$1,5 bilhão investido. “Na construção dos novos navios da Marinha, nós chegamos a conclusão que, a cada R$ 1,5 bilhão investidos, 8 mil empregos diretos e indiretos serão gerados e, em termos de valor agregado, geraríamos em torno de R$ 300 bilhões na economia”, afirmou Lima Junior. Na ocasião, também falaram sobre o tema o pesquisador Antonio Fonfría, professor-doutor da Universidade Complutense de Madri (UCM) e o gerente de grandes empreendimentos do Sebrae Rio, Renato Regazzi. Para rever o programa clique aqui.