Livro analisa inovações surgidas com a economia do compartilhamento

Os serviços oferecidos hoje pelas plataformas digitais mudaram a lógica do mercado de vários setores. Um exemplo é o avanço da economia do compartilhamento. Ela está cada vez mais presente no cotidiano das cidades por todo o mundo, hoje essa mudança chegou até em questões simples como a bicicleta. Não é mais necessário comprar um modelo, existe agora a possibilidade de alugar através de postos espalhados pelas cidades. Transformações como essa, são analisadas no livro “Inovações em serviços na economia do compartilhamento”, que será lançado no próximo dia 19, na livraria Saraiva do Shopping Rio Sul, às 19 horas.

O livro foi organizado pelos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Bastos Tigre e Alessandro Maia Pinheiro. Eles uniram teses, artigos e pesquisas sobre inovação e suas consequências para a economia e o mercado.

“Estudo inovação há muitos anos e vi a transformação do foco da indústria para o serviço. O crescimento e a difusão da internet proporcionaram que a tecnologia da informação se tornasse algo mais acessíveis, essa evolução digital conseguiu unir mudanças que estavam sendo desenvolvidas separadamente como a inteligência artificial, internet das coisas e leitura de dados por exemplo”, explicou Tigre.   

O livro é dividido em 14 capítulos separados por 3 momentos, o primeiro tem um caráter mais teórico e apresenta o fenômeno de inovação nos serviços e o conceito de economia do compartilhamento. Depois disso são apresentados artigos que exemplificam esse cenário, os temas variam desde questões jurídicas, como a mudança dos direitos autorais com os serviços de streaming, até pesquisas sobre o crescimento de redes informais de conhecimento para áreas como da Tecnologia da Informação. Por fim, há um levantamento dos impactos das inovações de serviço dividido por setores, são eles: educação, finanças, saúde, turismo e cultura.

Entre as autoras está a professora do Instituto de Economia da UFRJ, Renata La Rovere, que em parceria com o professor da Universidade de Siena, Lionello Punzo, fizeram um estudo de como o setor de Turismo está incorporando as novas plataformas e as inovações que elas trouxeram.

Leia abaixo a entrevista com a professora Renata La Rovere:

Como o artigo foi pensado?

Escrevemos o artigo comparando com cidades europeias, que já tiveram seu setor de turismo altamente transformado, e as consequências são vistas até no que diz respeito aos preços de aluguel, como ocorreu no caso de Barcelona.

Quais áreas do turismo mais têm sido afetadas por essa nova realidade?

Os turistas vivem um novo turismo principalmente nos quesitos de alojamento, alimentação e transporte.

O que mudou nessas áreas?

Hoje para viajar você não precisar se hospedar em um hotel, existem vários serviços que vão desde aluguel de casas até hospedagem gratuita em sofás pelo mundo. Na alimentação hoje já é possível você contratar aulas e jantares com cozinheiros típicos quando viaja. E o transporte é o que já sentimos na nossa rotina com os aplicativos de motoristas particulares. No fim a criação de novas experiencias de conhecer uma cidade é o que mudou.

Essa lógica de “time sharing”, como a de turismo compartilhado, seria possível sem as plataformas digitais?

Muita gente associa essas mudanças aos avanços da tecnologia, mas essa mentalidade vem de muito antes. Desde os anos 70 e 80 o setor de turismo já apresentava lógicas parecidas com as que hoje são proporcionadas pelos serviços digitais. O que a tecnologia fez foi acelerar o engajamento das pessoas a esses novos modelos.

De que forma a economia de compartilhamento acontece no setor de turismo brasileiro?

Aqui o turismo de base comunitária está em alta, essa nova filosofia de experiências funciona através do trabalho voluntariado. Jovens de outros países tem buscado nações emergentes para trabalhar em comunidade por 2 ou 3 meses. São pessoas que estão fugindo do modelo tradicional de turismo, e isso é muito importante para as micro e pequenas empresas dessas áreas da cidade.

De que forma os setores tradicionais de turismo podem se adaptar a essa nova realidade?

Falamos sobre isso no livro porque é muito importante duas movimentações. A primeira é junto ao governo começar a pensar uma legislação que cuide do fenômeno da externalidade negativa, que acontece muito com o congestionamento dos turistas pois há um aumento nos preços de aluguel da cidade. Buscar também formas de ajustar as taxas desses serviços de plataforma digitais. Outra estratégia necessária, que já tem sido implementada, é a busca por novos tipos de consumidores. Buscar os moradores das próprias cidades, pois com o crescimento das regiões essa realidade se torna cada vez mais vislumbrada. Um exemplo disso são os hotéis que hoje fazem pacotes de estadia mais ingresso para shows. 

Serviço

Lançamento do livro “Inovações em serviços na economia do compartilhamento”

Data: 19/09/2019

Horário: 19h às 22h

Local: Livraria Saraiva do Shopping Rio Sul, Botafogo.