“Não haverá emprego no futuro para um país que não investe em inovação”

“Criamos uma dinâmica econômica nas últimas décadas que fez com que as empresas investissem muito pouco em inovação e isso precisa ser mudado. E para que isso aconteça a gente precisa mostrar para a sociedade esse assunto não interessa apenas a comunidade científica”.  A constatação foi feita pelo diretor de Tecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Maurício Guedes durante o encontro da Câmara de Tecnologia. Na ocasião, o diretor divulgou a previsão orçamentária da instituição para 2019, na ordem de 490 milhões de reais, e as iniciativas previstas para esse ano. Segundo Guedes, o Rio de Janeiro tem a pior taxa de inovação entre todas as regiões do Brasil e precisa despertar para a relevância do tema para que haja emprego no futuro. “A inovação precisa entrar no dia a dia das empresas como um fator importante para a qualidade de vida da população e geração de emprego e renda”, disse.

Os números apresentados por ele mostram que o Brasil investe 1,2% do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento. Desse montante, o governo é responsável por 0,6%, índice próximo do praticado por países desenvolvidos, enquanto que as empresas brasileiras investem muito pouco se comparado com esses países. Outro dado que corrobora com a fala de Guedes mostra que o Brasil é recordista mundial na contratação de pesquisadores pelo governo (70%), enquanto que na maioria dos países eles estão majoritariamente nas empresas. “Tem algo de muito errado nisso e precisamos discutir o problema com o governo federal, Assembleia e prefeituras. As universidades têm um papel importante na formação desses pesquisadores, mas o lugar deles é nas empresas. A culpa é de todos nós que criamos uma sociedade que não percebe que não haverá emprego no futuro para um país que não investe em inovação”, enfatizou.

                             

Maurício Guedes também destacou o fato do Rio de Janeiro ter uma das maiores comunidades científicas do país com um leque extraordinário de competências, uma grande concentração de instituições de pesquisas com grande potencial, porém com a atividade empresarial andando ao largo disso. Para contribuir para a mudança desse quadro no estado a Faperj lançou um edital para a inserção de mestre e doutores nas empresas em que serão concedidas 50 bolsas. O processo está em fase de seleção e contou com mais de 100 interessados. Segundo Guedes, será uma espécie de degustação podendo ser repetida outras vezes. A ação é uma das 15 iniciativas da Faperj previstas para 2019. “A Faperj recebe 2% da receita tributária líquida do estado, mas nem sempre é plenamente cumprida. A perspectiva orçamentária de 490 milhões de reais para esse ano chegam bem próximos disso e entraremos num novo patamar, com a possibilidade de ampliar as possibilidades na área de ciência, tecnologia e inovação”, explicou o diretor.

Outro tema abordado durante o encontro foi a atualização da lei estadual de inovação de acordo com o marco legal federal. Há uma perspectiva de uma mensagem do executivo sobre o assunto chegar à Alerj e está em tramitação também na Casa um projeto de lei de autoria do deputado Gustavo Tutuca (MDB). “A atualização da lei foi debatida em muitas reuniões da Câmara de Tecnologia que aguarda a entrada em vigor para pensar de que forma a gente pode trabalhar o aprofundamento da legislação para que o Rio possa se posicionar em relação aos outros estados quanto a inovação tecnológica”, afirmou Geiza Rocha, secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio.

                           

No dia 9 de agosto a Faperj promoverá junto à Firjan o evento Diálogos da Inovação, quando receberá o ministro de Tecnologia, Ciência e Ensino Superior de Portugal, Manuel Heitor, na Casa Firjan, de 16h às 18h.

Saiba mais em: http://bit.ly/Casa-Firjan-Dialogos-da-Inovacao

Para acessar a apresentação de Maurício Guedes, basta clicar aqui.