Desafios da inclusão na educação profissional são debatidos no Fórum

De acordo com a Lei 8.213, de 1991, empresas com cem ou mais empregados são obrigadas a ter em seu quadro de funcionários, até 5% de pessoas com deficiência (PCDs). Porém, apesar dos avanços conquistados com a legislação, ainda há um longo caminho a ser percorrido para a plena inserção dessas pessoas no mercado profissional. Segundo especialistas, uma das maiores dificuldades dos empregadores hoje ainda é reconhecer a capacidade e o potencial das PCDs. Para tentar solucionar esse entrave, diversas empresas vêm implantando cursos de capacitação para pessoas com deficiência dentro das organizações garantindo a formação, por um lado, e trabalhando na sensibilização dos gestores para o potencial que existe na criação de ambientes mais diversos. Nesta terça (21/08), o Fórum reuniu instituições do Sistema S, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE-RJ), dentre outras, para debater o tema.

“É preciso sensibilizar o setor de recursos humanos para dar treinamento e adaptar, por vezes, um posto de trabalho de acordo com a capacidade de cada um”, explicou Paulo Pimenta, superintendente do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE-RJ), que também trabalha a convivência e o fortalecimento do vínculo com a família como um fator de sucesso. “As famílias tendem a não querer expor o filho com deficiência e temos também de vencer essa barreira”, disse. Confira a apresentação dele disponível aqui.                                             

Com a capacitação dada pelas empresas, cada indivíduo tem a chance de ser visto pelo seu potencial de trabalho, podendo ter a possibilidade de progredir profissionalmente. A criação de novas estratégias de inclusão laboral, como a customização do emprego, também foi apontada como um caminho.

“Dentro desse conceito, as demandas da empresa são adequadas ao perfil do funcionário e ambos ganham com esse processo. A pessoa com deficiência passa a ter um trabalho que ela é capaz de exercer, conforme suas habilidades e interesses atendendo uma necessidade da empresa”, afirmou Annie Redig, professora da faculdade e do programa de pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ela, essas habilidades precisam ser desenvolvidas ainda dentro da escola.

                                                         

Além da capacitação e da quebra de paradigmas, os palestrantes também apontaram uma mudança na postura dos setores de responsabilidade social das empresas, que passaram a interpretar a inclusão das pessoas com deficiência sob a perspectiva da diversidade.

“A inclusão da pessoa com deficiência sempre foi pauta do Conselho Empresarial de Responsabilidade Social da Firjan e, desde 2015, começamos a avançar neste campo focando não mais no desafio de preencher as cotas, mas trabalhando o tema pela questão da diversidade. O tema está muito alinhado com as demandas empresariais, da sociedade e também das agendas globais, como o Pacto Global e a Agenda 2030 da ONU, dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Outros países também têm avançado nesta discussão, principalmente o Canadá, então a ideia do Conselho Empresarial de Responsabilidade Social é de que a gente se aproxime dessas referências, faça um benchmarking e compartilhe com as empresas as boas práticas, explica Flavia Siqueira, coordenadora de Relacionamento em Responsabilidade Social da Firjan.

Trabalhar as potencialidades de cada indivíduo, respeitando suas aptidões e interesses é o foco dos cursos profissionalizantes oferecidos pela Firjan/Senai dentro do seu programa de diversidade.

“O aluno da Firjan/Senai vai escolher o curso que ele queira fazer e não um que tenha sido formatado para aquele tipo de deficiência. Ele se matricula onde tem vontade e se precisar de alguma adequação, nós fazemos, capacitando o profissional que atua em sala de aula e não mudando o conteúdo ensinado”, explica Suzana Figueiredo, analista de educação da Firjan/Senai (acesse a apresentação dela aqui). Além de sua apresentação, ela compartilhou com o grupo publicações direcionadas para a formação e capacitação dos professores para lidar com alunos com deficiência, são elas: Desafios e Sugestões para Avaliação de Pessoas com Deficiência nos cursos de Educação Profissional do SENAI e Educação Profissional para Pessoas com Deficiência – um jeito novo de ser docente. 

Na ocasião, também esteve presente André Santos, da Gerência de Alocação de Instrutores do Senac-RJ (confira a apresentação dele aqui), e representantes da Fetranspor, Sest Senat, Fetranscarga, Uerj, ACRJ, CRCRJ, UCAM, Cefet/RJ, Faetc, Facha e Instituto Teotônio Vilela.

                                                       

 A próxima reunião da Câmara de Formação Profissional e Educação Tecnológica, que será realizada no dia 18 de setembro, vai abordar os desafios dos professores e tutores para lidarem com as deficiências em sala de aula. O objetivo é construir com o grupo uma agenda que olhe o ensino profissional como política pública.

                                                       

 

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