Dilemas das micro, pequenas e médias empresas no Brasil é tema de livro lançado pelo Ipea

“Uma luz no andar debaixo”. Assim o técnico de planejamento e pesquisa Mauro Oddo Nogueira define o propósito do seu mais novo livro, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no dia 17/10, na sede da instituição. “Um Pirilampo no Porão: um pouco de luz nos dilemas da produtividade das pequenas empresas e da informalidade no Brasil” analisa a participação das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) na baixa produtividade média da economia, assim como os planos e políticas de governo, a estrutura institucional e os mais relevantes instrumentos legais e regulatórios do setor.

“O mundo da pequena empresa, da informalidade muitas vezes é definido como uma economia subterrânea, mas, na verdade, não é o porão, é o alicerce. Dados de 2011 mostram que as MPMEs são 97,8% das empresas formalmente registradas no país, representando 54,2% dos empregos formais, ou seja, mais da metade dos trabalhadores. Manter esse universo no escuro é deixar de olhar a maior parte do Brasil”, defendeu Nogueira.

Junto ao lançamento do livro foi realizado um debate sobre o tema, que contou com a participação do autor e mediação da colaboradora da publicação e técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Graziela Zucoloto. Também estavam na mesa o diretor do Escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Carlos Mussi; a diretora-adjunta de Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Andrea Guimarães; e o coordenador de Estudos e Pesquisas em Trabalho e Desenvolvimento Rural do Ipea, Carlos Henrique Corseuil.

Durante o debate, a heterogeneidade das MPMEs brasileiras foi um dos assuntos levantados. A pesquisa defende propostas políticas alinhadas aos níveis de maturidade organizacional. ”A gente observa que temos estruturas muito modernas, com máquinas e conhecimentos que permitem que um trabalhador tenha grande produção, enquanto que muitas vezes uma padaria ou uma oficina, por exemplo, precisam de mais pessoas trabalhando para produzir a mesma quantidade de produto”, comentou Carlos Mussi, sobre os dados levantados pela publicação.  

A diretora-adjunta IBGE ressaltou que a taxa de sobrevivência das MPMEs é bem menor do que das grandes organizações, “porém, elas possuem uma enorme importância na geração de empregos. A proposta de criar um projeto nacional que consolide a coordenação das várias políticas existentes para aumentar a produtividade das micro, pequenas e médias empresas é fundamental”, destacou Andrea Guimarães.

As firmas com atividades informais e semi-informais também foram analisadas por Mauro Oddo. Para o pesquisador, em muitos casos, elas operam ambas as atividades de maneira complementar. “A proposta do estudo é trazer essas questões à tona, associando a um modelo de desenvolvimento e entendendo que a informalidade não é uma doença da economia. Ela é um dado, é a nossa realidade e deve ser entendida como tal”, finalizou o autor.  

Acesse aqui o livro completo.

 

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