Especialistas apresentam ações para lidar com mudança de perfil demográfico brasileiro

Niterói é o município do Estado mais bem colocado segundo o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL). O estudo elaborado pelo Instituto Instituto Mongeral Aegon em parceria com a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo mapeou o que influencia o bem-estar da terceira idade em 498 cidades brasileiras, que reúnem 117 milhões de habitantes, e as classificou de acordo com sete variáveis: cuidados de saúde, bem-estar, finanças, habitação, educação e trabalho, cultura e engajamento e indicadores gerais. A pesquisa apresentada nesta quarta (10/05), na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, durante o evento “Longevidade e a vida nas cidades” serviu como base para um debate sobre como os municípios e as instituições estão se preparando para o envelhecimento populacional, e quais são as ações que podem trazer melhorias efetivas na qualidade de vida dos idosos, especialmente nas questões relativas ao desenvolvimento sustentável das cidades.

No ranking dos 150 maiores municípios brasileiros Santos (SP) ocupa a primeira colocação. Niterói aparece em quarto lugar, atrás de Florianópolis (2º) e Porto Alegre (3º). Seu bom desempenho se deu especialmente nas questões relativas a Cuidados de saúde, Cultura e engajamento, e Finanças. A cidade possui o maior número de médicos por habitante, entre as 150 maiores municípios do Brasil. A região metropolitana do Rio apresentou um resultado preocupante, ficando abaixo da mediana na maioria das variáveis, com pior desempenho no quesito habitação, que leva em conta dados como acesso a rede de esgoto e densidade demográfica entre outros.

“O índice identifica os ambientes de vida mais amigáveis aos idosos. Ele tem como objetivo instrumentalizar os gestores públicos nas tomadas de decisão e no aprimoramento dos serviços direcionados aos maiores de 60 anos. O IDL permite que o gestor responda o quão bem preparado o meu município está para essa população que está envelhecendo. É preciso ter em mente que o que é bom para o idoso é bom para a sociedade como um todo”, explicou Antônio Leitão, gerente institucional do Instituto Mongeral Aegon. Sobre os resultados da Região Metropolitana, Antônio afirmou que o problema se repete também nos outros estados. “Não é uma exclusividade do Rio de Janeiro. Os desafios costumam ser grandes nessas áreas, mas também apresentam grandes oportunidades de melhoria”, disse.

O envelhecimento da população brasileira exige que governo, sociedade e os setores da economia se adaptem a esta realidade. O encontro também buscou entender como a academia vem se articulando nas questões relativas à terceira idade. Segundo a professora de Design da PUC-Rio, Vera Damazio, o poder público ainda não está olhando para o tema. “As demandas desse grupo não estão sendo atendidas nem pelo governo e nem pelo mercado e estão sendo colocadas de maneira equivocada. Essa geração está sendo vista como problema, mas é solução. O envelhecimento da população é um desafio de todos. É preciso estimular a inserção desses idosos na sociedade e no mercado de trabalho. Eles ainda têm muita vontade de apreender e empreender, mas muitas vezes não sabem por onde começar”, afirmou Vera que pesquisou as principais demandas desse grupo e entre elas destacaram-se questões que vão desde a identidade até a violência financeira contra os idosos.  Buscando atender os anseios da terceira idade a PUC-Rio lançou um programa de extensão para maiores de 50 anos, o PUC mais de 50, com diversos cursos que vão de empreendedorismo até educação financeira e redes sociais. 

O professor Carlos Henrique Ribeiro, da Universidade Santa Úrsula, levantou a importância de um olhar diferenciado para as questões de gênero no desenho das políticas públicas. “Precisamos pensar em atividades sociais e desportivas para essa faixa etária contemplando também a questão de gênero. Nas pesquisas que vimos realizando na universidade é comum percebermos que os homens com mais de 60 não se sentem incluídos no que hoje é ofertado, como artesanato, aulas de dança e hidroginástica. É importante pensar o esporte e a atividade física como formas de dar autonomia e qualidade de vida ao idoso, mas também no resgate da autoestima e para que ele se reintegre a sociedade", concluiu o professor, que está desenvolvendo um mestrado profissional  sobre a saúde e qualidade de vida, com a intenção de entender as mudanças de perfil demográfico e desenvolver produtos e serviços direcionados para a população mais longeva.

 

Acesse as apresentações do evento "Longevidade e vida nas cidades"

Leia o estudo "Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade" na íntegra

Acesse a apresentação sobre o Índice de Desenvolvimento Urbano - cidades do interior do estado do Rio

Leia a matéria no Diário Oficial do Legislativo: Qualidade de vida para idosos

Assista à matéria da TV Alerj: Especialistas apresentam ações para lidar com mudança de perfil demográfico brasileiro

 

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