Sistema Firjan propõe oito ações para a segurança hídrica da região metropolitana do Rio

Medidas que viabilizem a operação de novas fontes de abastecimento para a Região Metropolitana do Rio – hoje dependente da bacia do Rio Paraíba do Sul – são o caminho para diminuir os riscos de uma severa crise hídrica atingir o estado do Rio no futuro. A sugestão é resultado do estudo “Diretrizes para o aumento da segurança hídrica da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ)”, encomendado pelo Sistema FIRJAN para a equipe de especialistas que construiu o Plano Estadual de Recursos Hídricos. Entre as fontes alternativas apresentadas está a dessalinização, o aproveitamento de pequenos mananciais e o reúso dos recursos hídricos gerados nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). O estudo apresenta oito propostas para mudar o cenário de incertezas dos próximos anos, decorrentes da restrição no abastecimento de água. As ações consideram o adensamento populacional e industrial dos 21 municípios da região e sua importância econômica para o estado do Rio. A Região Sudeste enfrenta atualmente a terceira crise hídrica na Bacia do Paraíba do Sul– as anteriores foram em 1954/1955 e entre 2001 e 2003. “Que vai haver um quarto período de crise, temos certeza, por conta de mudança climática, mas ninguém tem como precisar quando. Esse conjunto de ações visa apresentar ao poder público um leque de alternativas para enfrentar os próximos períodos de restrição”, explica Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente do Sistema FIRJAN.

Segundo Peron, toda a lógica de abastecimento de água e de gestão do saneamento foi avaliada considerando a expectativa da demanda urbana e industrial até o ano de 2035. O objetivo foi encontrar ações que diminuam as fragilidades existentes hoje na oferta, na distribuição e no saneamento para fazer frente a crises futuras. Nesse período, o estudo estima aumento de 18% na demanda de consumo urbano de água e de 48% da indústria. Destaca-se que, se nada for feito, a projeção é de falta d’água em 2035, quando a demanda para o consumo urbano será superior à oferta projetada. O especialista lembra que na estiagem anterior, no início dos anos 2000, muitos estudos foram realizados apontando soluções para o problema. Porém, quando voltou a chover em meados de 2003, todos os projetos foram engavetados. “Nossa intenção é que a gestão da água faça parte de uma agenda de longo prazo, que garanta água com qualidade e em quantidade para manter o desenvolvimento do estado”, disse.

Devido à estiagem, nos últimos dois anos, 56% das empresas adotaram medidas para diminuir o consumo de água, o que representou redução média de 25,6% no consumo, de acordo com uma pesquisa divulgada pela FIRJAN no início do ano. Um exemplo é a Saint-Gobain Canalização, com sede em Barra Mansa, que mantém um sistema que reutiliza cerca de 90% do volume captado do Rio Paraíba do Sul. A empresa capta e trata a água poluída, e a usa em seus processos. Depois, trata novamente antes de devolvê-la ao rio. “Zelar pela água é um dos nossos compromissos”, afirma David Molho, diretor geral da multinacional. Outro caso de sucesso é a Casa da Moeda do Brasil, que já recebeu consultoria do Instituto SENAI de Tecnologia (IST) Ambiental sobre a metodologia Produção Mais Limpa (P+L) e vem adotando diversas medidas. A empresa reutiliza cerca de 90% da água consumida no processo de limpeza de cilindros utilizados nos processos gráficos, gerando economia de cerca de 29 milhões de litros/ano, com redução de custo na ordem de R$ 800 mil. “O retorno do investimento realizado deve considerar não só o aspecto financeiro, mas os ganhos ambientais e a redução do risco de falta desse recurso no caso de um possível racionamento”, enfatiza Marcos Pereira, superintendente do Departamento de Meio Ambiente e Qualidade.

O estudo será apresentado em 26 de novembro, na sede da Federação, no evento de encerramento do 3º Ciclo de Palestras em Gestão Ambiental para Micro e Pequenas Empresas (MPEs). O documento está disponível no link http://goo.gl/3UcPD6.

(Republicado da revista Carta da Indústria, do Sistema Firjan)