Pesquisadores defendem educação física nas escolas como legado olímpico

Segundo opinião dos presentes, o legado esportivo deve valorizar o profissional de educação física , sobre tudo na formação de atletas ainda na escola. Especialistas também avaliaram legado deixado em edições anteriores dos jogos. Ricardo Catunda, que preside o Conselho Regional de Educação Física do Ceará, defendeu a valorização do professor de educação física.

Os Jogos Olímpicos do Rio são os últimos no formato em que ocorrem hoje, e para pesquisadores reunidos na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro nessa terça-feira (13/10), eles já aconteceram. A preocupação de gestores, na opinião dos presentes, deve ser com o legado que será deixado e principalmente com a Educação esportiva. "Foi muito impressionante como esse tópico se sobrepôs aos demais", destacou o professor Lamartine DaCosta, da UERJ, que organizou o encontro em parceria com o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro.

 Ricardo Catunda, que preside o Conselho Regional de Educação Física do Ceará, defendeu a valorização do professor de educação física como forma de fortalecer o legado esportivo: “O professor de educação física valorizado e capacitado tem condições de mostrar o valor dos esportes e despertar o interesse das crianças".

O presidente da comissão de esportes da Assembléia Legislativa, deputado Chiquinho da Mangueira (PMN) apontou como uma das dificuldades para valorização dos esportes nas escolas a não obrigatoriedade da educação física do 1º ao 5º ano: “Um país só pode ser reconhecido como potência olímpica se o profissional de educação física é reconhecido. O ensino dos esportes nas escolas deveria voltar a ser obrigatório. O atleta que precisamos está ali. Para as olimpíadas de 2016 nossa base está envelhecida, sendo praticamente a mesma dos jogos de 2012”, comentou o parlamentar. O treinador de atletismo e comentarista do canal Sportv, Lauter Nogueira, afirmou que não acredita em melhoras da cultura esportiva no país: “Não investimos no legado dos esportes nas escolas e com os jovens, o legado não existe”. O comentarista também questionou a o repasse de verbas para atletas já consagrados em detrimento de investimentos em formação de base. “ Não estamos vendo este dinheiro investido se transformar em performance, outros países repartiram essa verba e estão vendo resultados expressivos no longo prazo” ressaltou Nogueira, citando os exemplos da Coréia do Sul e Inglaterra que conseguiram resultados mais expressivos a partir da mudança destes parâmetros

 O presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, alertou que para além da mudança de patamar dos profissionais é necessário reforçar a relação entre os esportes e a saúde. “O maior legado possível é causar impacto em quem nunca fez esporte, diminuindo o sedentarismo trazendo uma maior qualidade de vida”.  

No encontro, que reuniu gestores estaduais e municipais e pesquisadores brasileiros e estrangeiros, o pesquisador grego Kostas Georgiadis, da Universidade Olímpica Internacional, apresentou a percepção dos gregos a respeito dos jogos realizados em Atenas em 2004, avaliada dez anos depois, e revelou detalhes interessantes: a mobilidade e o aumento no número de turistas foram os pontos de maior destaque na opinião da população. Já a segurança e os custos foram pontos negativos, apesar de pouquíssimos entrevistados terem acertado o valor gasto realmente. O pesquisador ressaltou, no entanto, que as Olimpíadas não podem ser consideradas as culpadas pela crise na economia grega, e sim a má gestão. "A melhoria da infraestrutura certamente só ocorreu por conta dos Jogos", defende.

No Reino Unido, a opinião dos moradores não foi tão positiva quanto ao legado físico. Para o professor Leonardo Mataruna, da universidade de Coventry, isso se deveu a um problema de comunicação: “Londres perdeu uma oportunidade de integração social e cultural enorme. Os imigrantes que eram maioria nas regiões onde foram realizados os jogos sequer sabiam o que estava acontecendo, devido a falta de comunicação adequada para este público. Em Londres apenas 13% da população teve acesso aos estádios, então é preciso se pensar em retorno cultural e social para a população, para que todos realmente se sintam parte deste evento", opina Mataruna.

Além da preocupação com a melhoria da educação física escolar, a subdiretora do Fórum, Geiza Rocha, ressaltou o incentivo que a Alerj tem dado para levar um legado esportivo positivo ao interior do Estado. "O Fórum, junto com o Sebrae e a Secretaria de Estado de Esportes, realizou a segunda edição D o Lidera Rio nos Esportes esse ano. Fizemos seminários no interior fluminense visando a capacitar gestores públicos e empresários para investimentos e oportunidades de negócios esportivos. O legado das Olimpíadas não deve se restringir à capital", afirmou. O programa já passou por 50 municípios e atendeu 350 gestores. 

Para o professor Lamartine DaCosta, da UERJ, a importância de se discutir no Fórum o legado olímpico foi reforçada pela Agenda 2020, lista de recomendações feitas pelo Comitê Olímpico Internacional e que já alterou a lógica de organização dos jogos de Tokyo, previstos para ocorrer no Japão em 2020. “A nova agenda olímpica mostra uma preocupação muito maior com valores como a sustentabilidade, a ética, a ampliação do número de cidades para ampliar o impacto dos Jogos. Acredito que o Fórum está alinhado com todos esses valores. Por isso a importância de trazer esta discussão para cá”, destacou o professor.

 
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