Casa das Canoas vira parte de acervo de biblioteca 3D

Como preservar prédios e monumentos históricos, sem que eles sofram com as avarias causadas pelo tempo, pelo homem ou pela natureza? O que parecia possível apenas em filmes de ficção científica, se tornou realidade graças a um sonho de criança.

Como preservar prédios e monumentos históricos, sem que eles sofram com as avarias causadas pelo tempo, pelo homem ou pela natureza? O que parecia possível apenas em filmes de ficção científica, se tornou realidade graças a um sonho de criança. Em 2013, o engenheiro iraquiano Ben Kacyra criou o projeto CyArk (Arquivo Cibernético) que, em português, quer dizer Arquivo Cibernético.

A iniciativa busca escanear, em três dimensões, construções que fizeram e fazem parte, até hoje, do cenário histórico mundial, criando, assim, uma biblioteca em 3D. Atualmente, graças à ajuda de parceiros, a ONG americana já possui 100 projetos em todo o mundo e, nesta semana, foi realizado, pela Universidade de Ferrara, na Itália, o segundo escaneamento em solo brasileiro: a Casa das Canoas, no Rio de Janeiro. A primeira delas foi feita, coincidentemente, na primeira capital do país, em Salvador, na Bahia. 

Considerada uma das obras mais importantes do arquiteto Oscar Niemeyer, a Casa das Canoas, localizada no bairro de São Conrado, foi construída em 1952 para ser sua própria moradia. Tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural, o local passará por uma ampla reforma durante todo o ano de 2015 e será aberta à visitação no começo de 2016.OLALACMSFOTO02OLALACMS

De acordo com Carlos Ricardo Niemeyer, bisneto do arquiteto e superintendente da Fundação Oscar Niemeyer, a intenção desse trabalho é permitir que, no futuro, o local seja utilizado para atividades educacionais, seja pra estudos de arquitetura e design especializados como também pra jovens, para mostrar a importância da preservação do patrimônio cultural.

Ao lado de monumentos, como o Monte Rushmore e o Monumento de Washington, nos Estados Unidos; a Casa da Ópera de Sidney, na Austrália; e a Torre de Londres, na Inglaterra; a Casa das Canoas entrará no acervo em breve, quando a digitalização estiver completa.

Em 2011, após os ataques Talibãs que resultaram na destruição dos Budas de Bamiyan, no Afeganistão, Ben se demonstrou ainda mais arrasado, pelo fato de não existir nenhuma documentação das construções de cinquenta e cinco metros de altura. Agora, a CyArk visa, não só digitalizar cada construção, mas sim coletar informações históricas de cada uma delas, criando um acervo detalhado sobre as mesmas.

Com 100 locais já escaneados, Ben lançou um desafio, o CyArk 500, que busca digitalizar em três dimensões 500 patrimônios da humanidade, em apenas cinco anos. O trabalho não é simples, mas a parceria com universidades em todo mundo promete deixar um legado para estudantes e para a população. “Nós usamos os centros de tecnologia com os quais formamos parcerias com universidades e faculdades locais para levar a tecnologia a eles, e assim poderem nos ajudar com a preservação digital de seus patrimônios, e ao mesmo tempo, dando a eles a tecnologia para se beneficiarem no futuro”, disse o engenheiro, em sua apresentação durante a TED 2011.

Todos os projetos desenvolvidos podem ser vistos no site da ONG: www.cyark.org.