Lançados o Balanço Energético 2014 e a Matriz Energética 2012-2024

Em 2013, o Estado do Rio teve um consumo energético total de 18,8 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), pouco abaixo das 19,1 milhões de TEP registradas no ano anterior. A maior parte desse consumo foi abastecida por derivados de petróleo.

Em 2013, o Estado do Rio de Janeiro teve um consumo energético total de 18,8 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), pouco abaixo das 19,1 milhões de TEP registradas no ano anterior. A maior parte desse consumo – 37,4% – foi abastecida por derivados de petróleo.

Já em 2024, considerando um cenário moderado de crescimento econômico, o Rio deverá atingir um consumo energético de 36,3 milhões de TEP, ainda com predomínio dos derivados de petróleo como a maior fonte energética do estado. 

Esses dados integram o Balanço Energético 2014 – Ano Base 2013 e a Matriz Energética 2012-2024 do Estado do Rio de Janeiro. Os documentos foram encomendados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro (Sedeis) ao Instituto de Energia da Pontifícia Universidade Católica do Rio (Iepuc). As informações preliminares sobre os estudos foram apresentadas nessa segunda-feira (10/11) no seminário “Balanço Energético e Matriz Energética do Estado do Rio de Janeiro”, promovido pelo Programa Rio Capital da Energia na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no Centro do Rio. 

O colaborador do Iepuc, Sávio Bueno, apresentou as principais observações do Balanço Energético do estado. O especialista mostrou dados relativos à oferta e ao consumo de energia no estado em 2012 e 2013, bem como os principais números dos segmentos de energia elétrica e petróleo e gás natural. 

Em números gerais, em 2013 o Rio de Janeiro produziu diariamente 1,5 milhão de barris de petróleo e 27,4 milhões de metros cúbicos de gás natural, além de ter gerado 53.742,7 gigawatts-hora de energia elétrica. O estado fechou o ano com reservas provadas de 12,4 bilhões de barris de petróleo e 257,2 trilhões de metros cúbicos de gás natural, bem como com uma capacidade instalada de geração elétrica de 10,4 gigawatts.

Em relação à oferta interna de energia (OIE), houve um ligeiro aumento da participação das fontes não renováveis entre 2012 e 2013, passando de 90,5% para 92,1%. Esse percentual, frisou Bueno, deixa o Rio com um perfil de oferta de energia bem semelhante aos países da OCDE, que, em 2011, registraram participação de 91,9% de fontes não renováveis na oferta interna de energia. E, no total, a OIE fluminense foi de 25,1 milhões de TEP em 2013, pouco menor que a oferta registrada no anterior, de 25,4 milhões de TEP. 

Quanto ao consumo energético, apesar da ligeira queda registrada no ano passado, o Rio de Janeiro vem registrando um crescimento médio de 3,5% ao ano nos últimos dez anos. E mesmo em 2013, à exceção do setor energético e da indústria, todos os demais segmentos de consumo – residências, comércio e serviços, setor estatal, agropecuária, transportes e uso não energético – tiveram algum aumento no gasto energético, ainda que em alguns casos esse crescimento tenha sido próximo de zero. 

Considerando o consumo por setor, o Balanço Energético aponta o etanol como destaque no segmento de transportes, com aumento de 27,7% no consumo do combustível no Rio de Janeiro entre 2012 e 2013. Ainda que parte desse crescimento deva ser creditado à elevação do percentual de etanol anidro na gasolina em maio de 2013, de 20% para 25%, o aumento de 6,1% na frota de veículos do estado também foi crucial para esse pulo. 

Uma elevação ocorrida em 2013 apontada pelo Balanço Energético que deve ser considerada foi a do gás natural para geração termelétrica. O consumo do combustível para esse fim cresceu nada menos que 23,7% entre um ano e outro, atingindo média diária de cerca de 17 milhões de metros cúbicos. Segundo o especialista do Iepuc, esse volume foi o maior de toda a série histórica de consumo de gás para geração no estado, iniciada em 1986. 

Em relação à energia elétrica, a capacidade instalada no Rio de Janeiro aumentou 3% entre 2012 e 2013, passando de 10,1 para 10,4 gigawatts. Esse incremento se deu pela instalação de novas usinas termelétricas no estado, que terminaram 2013 com uma capacidade instalada total de 7,1 gigawatts.

Matriz baseada em cenário moderado

Quanto aos números da matriz energética, o Iepuc considerou um cenário macroeconômico de crescimento moderado – de 3,9% ao ano entre 2012 e 2016 e de 4,8% anuais entre 2017 e 2024 – para apontar que o consumo energético do Rio de Janeiro será quase o dobro do atual em 2024, atingindo 36,3 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP). 

Em relação às fontes, a pesquisadora Helena Coelho, do Iepuc, ressaltou que os derivados de petróleo e carvão mineral, o gás natural e a eletricidade vão representar 95% do consumo energético do estado do Rio de Janeiro em 2024. De modo geral, a participação dessas fontes vai ser equivalente à atual, mas haverá crescimento da participação do gás natural e decréscimo do peso dos derivados de carvão mineral na matriz de consumo fluminense. 

Setorialmente, o grande destaque ficará com o setor energético, que saltará de 18% para 30% de participação no consumo energético fluminense. De acordo com Helena, a exploração do pré-sal é o grande impulsionador do aumento do consumo de energia do setor energético, o que irá equipará-lo ao consumo do setor de transportes.

O consumo do setor industrial fluminense, conforme aponta a Matriz Energética 2012-2014, vai aumentar quase 45% entre 2012 e 2024, apesar de perder peso relativo no consumo energético total. Contudo, não haverá grandes mudanças na participação de cada subsetor industrial no consumo total, e a indústria metalúrgica vai continuar respondendo por quase 75% do consumo energético industrial no estado.

Ferramenta para planejar o futuro

Estes e outros dados do Balanço Energético 2014 e da Matriz Energética 2012-2024 serão agora analisados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico para basear as estratégias de ação do Governo do Estado nos próximos anos.

“Temos uma enorme preocupação com a questão energética e o crescimento do Rio de Janeiro. Há um mercado a ser atendido, pois a quantidade de empresas que nos procura é enorme. E sem planejamento, não conseguimos atingir nosso objetivo, que é garantir o crescimento econômico equilibrado e sustentável de nosso estado”, disse a subsecretária de Estado de Comércio e Serviços do Rio de Janeiro, Dulce Ângela Procópio, que representou o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, Julio Bueno, no seminário.

A coordenadora do Programa Rio Capital da Energia, Maria Paula Martins, salientou que “a matriz energética mostra o nosso potencial de desenvolvimento econômico, é importante para ter a garantia das fontes disponíveis, é um marco para o Estado. Há oito anos os investidores já sabem o que podem esperar do Estado em termos de energia. É bom lembrar que o Estado não apenas é autossuficiente em energia, como também é um exportador”. 

O seminário “Balanço e Matriz Energética do Estado do Rio de Janeiro” teve como palestrantes o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Carlos Mariani Bittencourt; o pesquisador do Departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio e diretor geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Eloi Fernández y Fernández; além dos colaboradores do Iepuc Sávio Bueno e Helena Coelho, que participaram da elaboração dos estudos.

Acesse aqui as apresentações do Balanço Energético 2014 e da Matriz Energética 2012-2024 do Estado do Rio de Janeiro

 Por Alexandre Gaspari, da Equipe Rio Capital da Energia