Menos Mobilidade e Mais Acessibilidade para o Rio de Janeiro

Restringir o uso do carro, ampliar e melhorar o transporte público e desenvolver as regiões do estado são as soluções para o problema da mobilidade urbana do Rio de Janeiro para o pesquisador da PUC-Rio, José Eugenio Leal: “A função do transporte é assegurar a atividade social do indivíduo".
Restringir o uso do carro, ampliar e melhorar o transporte público e desenvolver as regiões do estado são as soluções para o problema da mobilidade urbana do Rio de Janeiro para o pesquisador da PUC-Rio, José Eugenio Leal. “A função do transporte é assegurar a atividade social do indivíduo através de equipamentos do sistema urbano que possibilitem o seu deslocamento”, afirma Leal . Para atender a esta demanda o pesquisador da PUC-Rio acredita que o planejamento urbano deva ser priorizado. Ele esteve no Seminário de Mobilidade Urbana: 'Desafios e Perspectivas para as Cidades Brasileiras' realizado nesta sexta-feira, dia 7 de novembro, na sede da Fundação Getúlio Vargas, na cidade do Rio de Janeiro, para falar sobre a região metropolitana do estado.
 
“Quanto menos mobilidade melhor, prefiro o termo acessibilidade”. Segundo Leal, a solução dos congestionamentos está a médio e longo prazo no planejamento do uso de solo, na atuação das próprias atividades distribuindo-as em diferentes horários, espalhando os picos de transporte na metrópole, além da atuação sobre os transportes através da infraestrutura do sistema urbano e de transportes.
 
Leal acredita que o Brasil precisa se livrar gradativamente da dependência econômica da indústria automotiva e da indústria do petróleo para parar com o incentivo ao transporte individual, que acaba sendo feito por pressão daquelas indústrias. Ele defende o desenvolvimento regional da metrópole do Rio para acabar com o movimento pendular do centro para a periferia e no aumento do emprego e da segurança nas demais cidades do estado. Além disso, ele chama a atenção para a necessidade de aumentar a oferta de transporte público, principalmente do transporte de massa, através de trens para reduzir o tempo de viagem.

Em entrevista o professor de Engenharia de Transportes da PUC-Rio José Eugenio Leal identificou soluções para o transporte no Rio de Janeiro:
 
Como atrair o motorista do carro para o transporte público?
Você tem que combinar duas coisas, tanto o transporte público bom, de qualidade, de segurança e restringir o transporte individual, não tem como. Você pode oferecer o aumento do BRT, mas se ampliar a via e ampliar o estacionamento, a pessoa vai usar carro.
 
Como se dá essa restrição?
Restrição de estacionamento. Além disso, vai chegar um dia que a gente vai poder, que nem na Europa, em Londres, cobrar o pedágio urbano, taxando o acesso a regiões e bairros com picos de trânsito.
 
Uma das principais questões da manhã, foi a necessidade de gastar-se mais tempo no planejamento e melhorar a gestão dos projetos. O que o senhor espera do novo governo do estado do Rio de Janeiro e da estratégia de melhorar a mobilidade urbana? 
Olha a primeira coisa é que ele realmente tem que pensar em termos de planejamento, para isso ele tem que manter a equipe de planejamento ativa, porque o que acontece com esses planos diretores é que você forma uma equipe, cria a infraestrutura, levanta dados, acabando o plano, aquilo morre não tem quem fique trabalhando naquilo.
 
Por que o projeto morre? 
Porque a equipe montada tem um financiamento específico, por exemplo, do Banco Mundial, e aquilo fica parado no estado. Ele tem que manter uma equipe de planejamento contínua, podendo fazer isso junto com uma equipe do estado e mobilizando as universidades para trabalhar junto com ele.  Além disso existem pressões de vários grupo que se sobrepõe aos planos. Existe o lobby, uma coisa é o BRT lá em Curitiba, nos outros lugares tem um lobby muito forte, então a Fetranspor assumiu que quer o BRT, e eles não são remunerados como lá (Curitiba) , eles pegam o dinheiro e eles mesmos que administram.
 
Qual é a diferença dessa remuneração?
Lá em Curitiba, a remuneração é por quilômetro rodado, aqui eles pegam o dinheiro todinho dos passageiros. E quando tem o bilhete único, por exemplo, o governo ainda tem que pagar mais a eles.


Texto por Beatriz Perez