Planejamento da Mobilidade Urbana no País tem que ser prioridade

Respeitar o planejamento do espaço metropolitano e os investimentos em mobilidade nos quais a sociedade escolha seus custos e benefícios foi o destaque da palestra dada por Pedro da Luz Moreira, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), na última sexta-feira, dia 7 de novembro, na FGV.

Respeitar o planejamento e os projetos do espaço metropolitano e dos investimentos em mobilidade nos quais a sociedade escolha seus custos e benefícios foi o destaque da palestra dada por Pedro da Luz Moreira, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), na última sexta-feira, dia 7 de novembro, no seminário de Mobilidade Urbana realizado pela Fundação Getúlio Vargas. Para ele, o problema do Rio de Janeiro vem sendo a falta de discussão dos projetos junto à sociedade. “Sobre a obra do novo Maracanã, discutia-se muito o custo e o cronograma, mas houve pouca discussão sobre o projeto. É preciso pensar antes de fazer.” afirma. 

Segundo Moreira, uma das revoluções mais importantes, foi a urbana. “O convívio do homem com a diversidade nas cidades, fez a humanidade evoluir vertiginosamente.” Para o arquiteto, a cidade precisa contar com uma densidade do comércio, com o encontro entre os vizinhos e a percepção da diferença entre os cidadãos e da presença do meio ambiente. Ele defende uma cidade de encontros a despeito de uma cidade de carros. “ A exemplo do projeto de Michelangelo para a praça do Campidoglio em Roma, devemos estudar projetos para intervir sobre o real, considerando o custo e o benefício para a sociedade e respeitando o contexto local, preservando a atmosfera existente.” afirma.

"A cidade deve ser compacta e densa", explica. Para ele,  levar infraestrutura do grande centro para as periferias é extremamente caro, é preciso melhorar o acesso a este centro. “Precisamos de um sistema de transporte indutor, que aproxime as pessoas. Levar a infraestrutura é muito caro, onera e faz com que o beneficiário seja o proprietário da terra, e não a população", afirma. Ele defende o aumento de habitações no centro assim como de oportunidades de trabalho, cultura e lazer. “ A especulação imobiliária tem investido cada vez mais em espaços não urbanos na zona oeste, o que acaba espraiando a cidade. Enquanto isso a zona norte está sofrendo esvaziamento. É importante que a especulação privilegie áreas que já urbanizadas”, explica. Ele questiona os investimentos em mobilidade na Zona Oeste. “O maior movimento pendular da região metropolitana do Rio é do centro para o norte. Será que estamos considerando um bom custo benefício?” afirma. 

Para exemplificar a falta de compromisso com os projetos, Pedro lembra o plano inicial da linha um do metrô na cidade do Rio, que pretendia ser um anel que ligasse a estação da Gávea a estação Uruguai, na Tijuca. Segundo ele, o macro centro contemplado por essa linha abrange equipamentos urbanos valiosíssimos como o parque do Jardim Botânico, a Biblioteca Nacional, entre outros. E que o projeto ferroviário era pensado em rede, mas o que foi feito foi uma linha. “Para respeitar o interesse da sociedade é fundamental a transparência e o protagonismo do projeto, para que a população possa optar pelo melhor custo benefício afirma. 

Sobre o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, o arquiteto reconhece que evita uma importante carga circulando na Região Metropolitana, mas chama a atenção para que não seja um vetor de espraiamento da cidade “As vias do Arco devem ser controladas e ter poucas saídas para que não tenha capilaridade tendo em vista a dificuldade de se levar infraestrutura para lugares mais distantes”, afirma Pedro. “Devemos glamourizar o transporte público e roubar o espaço do transporte individual. Garantir um transporte eficiente não é só cortar fita, mas também garantir a boa gestão, priorizar sistemas de alta capacidade e não motorizados,” conclui.

 

Texto por Beatriz Perez