Investimento em Infraestrutura é solução para mobilidade nas metrópoles

Para especialistas, o problema da mobilidade urbana brasileira nas regiões metropolitanas do país deve-se a contínua urbanização da população, ao aumento da taxa de motorização e à falta de investimento em infraestrutura urbana que privilegie o transporte público.

Para especialistas, o problema da mobilidade urbana brasileira nas regiões metropolitanas do país deve-se a contínua urbanização da população, ao aumento da taxa de motorização e à falta de investimento em infraestrutura urbana que privilegie o transporte público. Esses foram os pontos destacados no painel "Custos Econômicos e Eficiência e Tecnológica de Transportes de Massa e Individual" do Seminário "Mobilidade Urbana: Desafios e Perspectivas para as Cidades Brasileiras" realizado nesta sexta-feira, dia 7 de novembro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Participaram do painel, os pesquisadores Armando Castelar, da FGV e Marcio D'Agosto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Apesar da má fama de São Paulo em relação ao trânsito, Castelar afirmou que a população do Rio de Janeiro demora mais no seu deslocamento do que os paulistanos. Segundo ele, são em média 47 minutos gastos de casa ao trabalho, contra 46 minutos em São Paulo. No Brasil 20% das pessoas gastam mais de uma hora nesse trajeto. A média dos Estados Unidos é de 30 minutos.

Ainda segundo Castelar, aqueles que estão no meio da faixa de renda, a classe média e a nova classe média, são os que mais sofrem com os congestionamentos na Região Metropolitana. "Essa alta taxa de motorização, que cresceu de 20,7 carros por 100 habitantes em 1992 para 32,9 carros por 100 habitantes em 2012 nas regiões metropolitanas é consequência da ineficiência do transporte público. O tempo excedente que é perdido no trânsito tem o custo do bem estar social, do estresse, do combustível e da poluição ambiental”, afirmou. 

Para solucionar o impacto ambiental do transporte individual, a indústria vem desenvolvendo tecnologias para aumentar a eficiência energética dos veículos, em vez de modificar o comportamento do usuário. Para o pesquisador do Programa de Pós Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), Marcio D'Agosto, a medida não tem futuro, já que o desenvolvimento chegará ao limite em breve. “O automóvel tem o pior rendimento de energia por passageiro por quilômetro. O seu gasto é duas vezes maior do que o do ônibus, que por sua vez é três vezes maior do que o do ferroviário, que gasta seis vezes mais do que a bicicleta.” Marcio explica que esses dados são universais e que sofrem algumas alterações na realidade brasileira. “O ônibus brasileiro gasta menos porque eles deixam muito a desejar em termos de conforto, o que suprime um pouco esse gasto energético. Já o metrô do Rio de Janeiro é considerado um dos mais eficientes do mundo. Isso porque ele carrega uma quantidade monstruosa de pessoas, não faz muita diferença se ele leva 110% de sua capacidade ou 90% dela, a eficiência equivale quase a uma caminhada”, afirma Marcio. Para aumentar a eficiência da mobilidade e da acessibilidade, Marcio sugere que algumas atitudes sejam tomadas alternadamente. Ele propõe a opção pela telemática - que as reuniões sejam feitas por vídeo tranferência quando possível. Além disso propõe o estimulo a carona e a restrição ao uso de carros por meio do pedágio urbano, do rodízio de veículos e da redução de vagas para estacionamentos assim como o aumento de suas tarifas. 

Para Castelar, pesquisador da FGV, o investimento em infraestrutura vem deixado a desejar. “As pessoas optam pelo veículo individual para chegarem mais rápido ao trabalho. Segundo a pesquisa que fizemos, 68% da população das Regiões Metropolitanas estão insatisfeitas com o tempo de deslocamento. A rapidez é fundamental pro transporte público. Políticas que o tornem mais rápido e barato têm o potencial de atrair novos usuários”, explica Castelar.  "Durante o Programa de Aceleração do Crescimento 1(PAC1) apenas 0,3% do total investido foi direcionado para mobilidade urbana, R$1,5 bilhão. Dos 165 quilômetros previstos, apenas 65% foram entregues. Com a chegada do PAC 2, esperava-se que o erro fosse corrigido, mas apesar do aumento do valor investido ele continuou baixo, sendo de R$ 18 bilhões, apenas 2% do total".

Por Beatriz Perez