Rio de Janeiro identifica demandas energéticas para investir melhor

O desenvolvimento do setor de energia do estado e o aumento da frota de veículos foram as variáveis destacadas no balanço energético do estado que aconteceu nesta segunda-feira, 10 de novembro, na sede da Firjan. O estudo 'Balanço Energético do Estado do Rio de Janeiro 2013' foi feito pelo Iepuc.

O desenvolvimento do setor de energia do estado e o aumento da frota de veículos foram as variáveis destacadas no balanço energético do estado que aconteceu nesta segunda-feira, 10 de novembro, na sede da Firjan. O estudo 'Balanço Energético do Estado do Rio de Janeiro 2013' foi feito pelo Instituto de Energia da PUC (Iepuc) , encomendado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do Rio. A coordenadora do programa Rio Capital da Energia, Maria Paula Martins, destacou a importância do estudo para o planejamento de desenvolvimento do estado. “ O balanço energético faz um levantamento consolidado de qual é a oferta, demanda e consumo de cada fonte de energia em cada setor em cada área do Rio. Então a gente consegue identificar de uma forma sistematizada onde temos condições de desenvolver mais uma região porque há mais oferta de energia, onde já está mais saturado e talvez não devamos estimular tanto”, explicou.

Segundo a pesquisadora Helena Coelho, da Iepuc, o setor energético crescerá 200% de 2012 até 2024. Em 2012, o setor consumia 17,9% da energia do estado, a previsão é que até 2024 consuma 30,1% . Dentro do setor energético, destaca-se o pré-sal e a infraestrutura. “O início da exploração do pré-sal é o principal responsável pelo aumento no consumo de energia no setor energético, com consequente aumento significativo no consumo de Energia do Estado em 2024. Os setores de transporte e de indústria terão crescimento significativo”, afirmou Helena. Ela lembrou que juntas a Copa do Mundo e as Olimpíadas incrementarão o consumo de energia e estimularão os investimentos em diversos setores da economia, como serviços, infraestrutura, alimentos, bebidas e construção civil.

Dentre os empreendimentos ligados à energia e infraestrutura, Helena Coelho citou o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) localizado no município de Itaboraí, que terá a capacidade de refino da Petrobras para atender ao crescimento da demanda de derivados no Brasil, como óleo diesel, nafta petroquímica, querosene de aviação, coque e GLP (gás de cozinha). A previsão de entrada em operação da primeira refinaria é agosto de 2016, com capacidade para refino de 165 mil barris de petróleo por dia.

Além dele, Angra 3, com previsão de inauguração para 2018, será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). A nova unidade, com potência de 1.405 megawatts, será capaz de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, energia suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período. Com Angra 3, a energia nuclear passará a gerar o equivalente a 50% do consumo do estado do Rio de Janeiro.

O aumento da frota de veículo, com o aumento de renda, foi o principal impacto no setor de transportes. A pesquisa também destacou o aumento da frota de carros multi combustíveis. Com isso, entra uma variável imprevisível na projeção do consumo de combustíveis: o preço. Helena destacou que o cálculo da pesquisa foi feito considerando-se o preço da gasolina mais compensador do que o do etanol, e que quando este panorama mudar o resultado será diferente.

O Rio de Janeiro é autossuficiente em energia elétrica e exportador. Apesar disso, possui muitas perdas, elas corresponderam a 21% da geração elétrica gerada em 2013, ou seja , dos 53.742,7 Gwh gerados, 11.100,4 Gwh foram perdidos. As perdas acontecem tanto na distribuição, as chamadas perdas técnicas, como pelas perdas comerciais, consequência das instalações ilegais de “gatos”.

O colaborador da Iepuc, Sávio Bueno, destacou que o Estado do Rio de Janeiro apresenta uma participação de fontes de energia renováveis na sua Oferta Interna de Energia (OIE) semelhante aos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OECD), com 7,9% em 2013. “Em relação ao ano anterior (9,5%), houve redução principalmente em função do aumento da oferta de gás natural e da redução da participação hidráulica”, afirma Sávio Bueno. Entre as fontes não renováveis, a maior oferta do estado é de Gás Natural, a segunda maior é de Petróleo. Já entre as renováveis a maior parcela é de usina hidráulica seguida de biomassa de cana. O Brasil apresenta 41% de fontes renováveis.

Maria Paula Martins afirmou que o governo do Rio tem interesse em desenvolver as energias renováveis, e por isso criou o programa Rio Capital da Energia, do qual ela é coordenadora. “ O Rio de Janeiro vai estimular novas fontes renováveis. Temos alguns projetos de aproveitamento de resíduos sólidos urbanos para energia elétrica, temos o biogás e temos em análise alguns projetos de energia elétrica. Tinham três projetos que estavam no leilão da Empresa de Pesquisa Energética, mas o preço não dava retorno então a gente está avaliando alguma possibilidade de tornar isso possível. A gente também acredita na capacidade da energia solar de maior porte, não só na micro e mini geração”, afirmou Maria Paula.

Ela lembrou que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) pode ajudar na ampliação de fontes renováveis no estado: “Tramita na ALERJ o projeto de lei da mini e micro geração de energia. Eu acho que agora, passado o processo eleitoral, se retomarmos a discussão desse projeto, que está na Comissão de Constituição e Justiça, e isso caminhar, vai promover um grande avanço” afirmou Maria Paula. Ela elogiou a discussão dessa temática dentro da ALERJ:” De qualquer forma, lá no Fórum de Desenvolvimento do Rio, tem sido feitas muitas discussões de formas de energia, eu fui a uma muito interessante de biogás”.

Confira aqui o Balanço Energético do estado do Rio de Janeiro em 2013

Confira aqui a Matriz Energética do Estado do Rio de Janeiro 2012-2024


Por Beatriz Perez