Geração de energia pelo lixo é tema de reunião do Fórum de Desenvolvimento do Rio

Ministrada pelo presidente do conselho de energia da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Edison Guimarães, a palestra contou com a apresentação de um modelo de gestão de lixo, que se transformaria em componentes para a geração de energia elétrica.

A alta demanda de energia elétrica causada pelo intenso período de estiagem que o Brasil vem passando, tem gerado muito desconforto para os chefes de estado. Ampliada a isso, a intensa produção de lixo, que chega a uma média de 1,1 kg/h, também vem sendo motivo de preocupação. Buscando encontrar uma alternativa, o Fórum de Desenvolvimento do Rio de Janeiro realizou nesta terça-feira (25) a 1ª Reunião da Câmara Setorial de Energia de 2014.

Ministrada pelo presidente do conselho de energia da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Edison Tito Guimarães, a palestra contou com a apresentação de um modelo de gestão de lixo, onde o que não seria utilizado se transformaria em componentes para a geração de energia elétrica.

De acordo com Edison, a utilização de aterros (sanitários e controlados) e lixões faz com que o país, além de poluir a natureza, desperdice um recurso que seria uma boa solução para os problemas atuais. “Essa solução, que já é adotada em países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão, é, sem dúvida, o melhor caminho. Existem diversos problemas relacionados ao lixo, como poluição, emissão de gases, como o metano, o chorume, os problemas sociais, entre outros. Com essa opção, põe-se um fim nesses problemas e ainda gera energia através do lixo”, explicou.

Apesar de ser uma solução viável e conhecida, Guimarães ainda destacou que os entraves para a implantação do método, em lugares como o Rio de Janeiro, são todos políticos. “São entraves associados às permissões, uma vez que o lixo pertence às prefeituras; ao financiamento das plantas, que são caras; às garantias que esses financiamentos deveriam ter; e à compra da energia produzida pelas usinas, que teriam que ser incluídas em situações privilegiadas, para que a implantação do projeto fosse concluída”, afirmou, ressaltando que nos países desenvolvidos, o setor privado, responsável pelos projetos, são motivados por contratos de longo prazo. Por conta disso, é estipulado que o prazo de retorno financeiro seja de sete anos, enquanto no país, essa estimativa alcance os 20 anos, o que torna o investimento completamente inviável.

Para a subdiretora-geral do Fórum, Geiza Rocha, a reunião serviu para mostrar que existem entraves maiores do que o esperado. “Não é uma solução fácil, nem tampouco trivial. A ideia da reunião é começar a rever quais são os outros lados da questão, baseando em uma experiência de alguém que já tentou implantar essa tecnologia”, destacou, ressaltando que, no Rio de Janeiro, ainda não existe nenhum projeto implantado.

 “Há estudos, mas nada avançou até hoje, muitos deles, talvez, não tenham entrado em prática por conta dos entraves que o Edison mostrou durante a palestra. O próximo passo é avaliar e ser uma fonte, juntamente com as entidades que estão em torno do Fórum, para discussão da geração de energia através do lixo. Além disso, iremos avaliar qual a viabilidade técnica e política que isso pode ter em termos de vantagens para os municípios, ouvindo, sempre, a sociedade”, concluiu.

Texto de Yuri Gerstner