Democratização do luxo contribui para o combate à pirataria

Muitas marcas de luxo têm visto como solução para a falsificação de seus produtos o lançamento de coleções com preços menos proibitivos para que outras classes também possam obtê-la. Essa democratização do luxo vem ajudando a combater a pirataria.

 

Tornar marcas de luxo mais acessíveis pode ser uma arma eficaz no combate à pirataria. É o que defende a advogada Cristiane Vianna do escritório Daniel Advogados que recentemente publicou artigo falando do conceito do masstige, que faz referência à massificação do luxo (mass: massa; prestige: prestígio). Com a crise dos países ricos e ascensão dos BRICs, a classe média se expandiu e, junto com ela, o desejo de consumir produtos exclusivos de marcas luxuosas antes inacessíveis. Algumas marcas viram nesse desejo a oportunidade de democratizar seus produtos sem desvalorizá-los e começaram a produzir coleções com preços reduzidos em parceria com lojas multimarcas ou grandes magazines, alavancando mais as suas vendas.

 

A advogada explica que o masstige é uma oportunidade para que mais pessoas possam ter os produtos desejados que até então só tinham acesso por meio de produtos falsificados. “Se aquela marca tão almejada com preços tão proibitivos estiver de certa forma ao alcance de uma classe social mediana, mesmo se tratando de uma linha alternativa, haverá sem sombra de dúvida a busca dessa marca tão sonhada pela classe média. Afinal, estamos falando de um produto original e de precedência.”, disse a advogada, ressaltando que as marcas consideradas de luxo já eram consumidas, prejudicando o ganho das empresas, a economia do estado e o valor dado aos produtos reais. As linhas com preços menos proibitivos para que um público maior possa ter acesso aos seus produtos passa a ser então uma forma de controlar o processo e o relacionamento com o público consumidor.

Para que os antigos consumidores, que apreciam a exclusividade, não vejam o masstige como desvalorização da marca, o segredo é trabalhar o equilíbrio entre o novo público, que agora tem acesso aos produtos desejados, e o antigo público luxuoso, acostumado com a exclusividade. Para a chefe da Divisão de Design e Tecnologia de Moda da Firjan, Ana Torres, através desse equilíbrio, as empresas irão também ajudar no crescimento da economia do estado. “As empresas de Moda que realizam ações para aumentar seu volume de venda, com certeza envolvem toda a cadeia, aumentando a compra de matéria-prima, desenvolvendo novos produtos, aumentando número de produção, contratando mão de obra, enfim, geram uma série de benefícios para a competitividade”.

A Firjan possui um Grupo de Combate à Pirataria que desde fevereiro de 2006 potencializa as ações individuais de cada entidade para conscientizar a população sobre os prejuízos gerados pelo consumo de produtos falsificados. Segundo fatos do Ministério da Justiça, o Brasil perde hoje R$40 bilhões por ano com a pirataria e contrabando e, com isso, só o setor têxtil perde 20% de suas vendas. Para conter a pirataria são feitas palestras em universidades e representações regionais da Firjan, participação na Conferência Internacional de Combate à Pirataria, conscientização da sociedade através de participações na Ação Global e Fashion Rio, por exemplo e lançamento da Série Cidadania, para educar a população em relação ao assunto. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro também tem uma comissão de combate à pirataria e, para denunciar, basta ligar para o Alô, Alerj através do número 0800220008.