Mini e microgeração enfrentam desafios de equipamentos e conexão

Regulamentados desde abril de 2012, os sistemas de mini e microgeração distribuídas de energia já mobilizam os clientes das concessionárias, mas encontram problemas com a implantação em larga escala. Maurício Arouca, da Coppe/UFRJ, fala sobre impasses desafios

Por Jacqueline Farid – Equipe RCE

Regulamentados no País desde abril do ano passado, os sistemas de mini e microgeração distribuídas de energia já começam a mobilizar os clientes das concessionárias, mas ainda esbarram em desafios para implantação em larga escala. Maurício Arouca, da Coppe/UFRJ, avalia que ainda há alguns impasses na forma de faturamento para a energia elétrica injetada na rede ou sobre a valoração da energia, além de dificuldades técnicas.

Arouca, que participou hoje (9) da mesa redonda “A Micro e Minigeração Distribuída no Brasil de hoje”, realizada pela Abeama (Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente), citou também o desafio do alto custo dos inversores, a maior parte importados e cujos preços variam de R$ 1.500 a R$ 2.000 por KWp. Segundo ele, há vários projetos no Brasil em desenvolvimento de inversores e em breve haverá três ou quatro produtos nacionais no mercado.

A solução para as dificuldades dos equipamentos, no que diz respeito à geração fotovoltaica, poderá surgir no Estado do Rio de Janeiro. A coordenadora do Programa Rio Capital da Energia, Maria Paula Martins, adiantou que o governo fluminense quer atrair fábricas para o Estado que, se vierem a ser confirmadas, garantirão a produção de painéis de tecnologias diferenciadas, para gerar calor para a indústria ou viabilizar microgerações.

Maria Paula citou exemplos de vários projetos que integram o Programa - a maior parte de iniciativa das empresas ou universidades – e que têm relação com eficiência ou microgeração, como o Smart Grid e o Centro de Demonstração de Eficiência Energética e Smart Grid da Light, que deverá ficar pronto até o final do ano e ser aberto ao público.

Outras iniciativas citadas pela coordenadora foram o projeto Búzios Cidade Inteligente, liderado pela Ampla; o laboratório de redes elétricas inteligentes do Cepel (Eletrobrás); a instalação de um projeto no Complexo do Caju pela Petrobras; o convênio de cooperação técnica com a GIZ, que está desenvolvendo várias iniciativas, além do aproveitamento de lodo de esgoto para geração de energia elétrica sob coordenação da UTE Norte Fluminense e os programas de eficiência energética em micro e pequenas empresas coordenados pelo Sebrae RJ.

Paula Martins citou como exemplo, ainda, as linhas de crédito específicas da AgeRio para projetos de eficiência energética e os projetos do Fundão Verde e o Maracanã Solar. Ela lembrou que o Rio Capital da Energia já conta, hoje, com 54 projetos, com orçamento de R$ 2,2 bilhões.

No Brasil, segundo dados reunidos por Maurício Arouca, há hoje 34 iniciativas de mini e microgeração com injeção nas redes das concessionárias, enquanto 17 ainda aguardam ligação e 44 estão em estudo.

Entre as dificuldades técnicas para ampliação das adesões, ele cita as muitas instalações subterrâneas que existem em áreas urbanas, o que muitas vezes provoca problemas. No Rio de Janeiro, por exemplo, bairros como Copacabana, Botafogo e Flamengo são atendidos por redes subterrâneas e isso será um desafio para as concessionárias.

A gerente da Light, Priscila Maria Ferreira, testemunhou que a empresa tem enfrentado essa dificuldade em bairros da zona Sul e do centro do Rio de Janeiro. Segundo ela, o principal desafio está sendo a conexão no sistema subterrâneo reticulado, necessário em bairros com grande densidade de carga. “É um ponto no qual a Light tem trabalhado muito e o nosso posicionamento no momento tem sido liberar as conexões dos painéis solares, mas que atendam à própria carga como autoprodutor, sem injeção na rede. Essa é uma dificuldade em nível mundial”, explicou.

Ela acrescentou que, hoje, a principal exigência da Light para o cliente residencial interessado em microgeração é a instalação do DSV (Dispositivo de Seccionamento Visível), para garantir a segurança da rede. Porém, para instalações prediais em andares altos, colocar o DSV na fachada é complicado, exigindo cabos muito longos. Por isso, a empresa está trabalhando no desenvolvimento de um DSR (Dispositivo de Seccionamento Remoto), que poderá facilitar a instalação para clientes de edifícios.

 

A mesa redonda foi realizada em parceria com o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro e contou com a participação de representantes da Firjan, do Sebrae, da Prefeitura do Rio, do Inmetro e da GIZ. Nesta sexta-feira, dia 11, será realizado um novo encontro na Alerj sobre mini e microgeração e a Resolução 482 da Aneel.