Programa capacita produtores de mudas e sementes para as oportunidades do estado do Rio

Com a aproximação de megaeventos como Copa e Olimpíadas e a chegada das grandes empresas no estado que precisam compensar suas emissões de gases de efeitos estufa o setor de produção de mudas e sementes pode ganhar impulso.

Com a aproximação de megaeventos como Copa e Olimpíadas e a chegada das grandes empresas no estado que precisam compensar suas emissões de gases de efeitos estufa o setor de produção de mudas e sementes pode ganhar impulso. De acordo com o engenheiro florestal Beto Mesquita, diretor do Programa Mata Atlântica da ONG Conservação Internacional, o estado tem como meta o plantio de 34 milhões de árvores até 2016, com a possibilidade de geração de 5.000 empregos verdes, voltados para a produção, o plantio e a manutenção dessas mudas.

Na apresentação realizada nesta terça-feira, dia 12/03, para os integrantes da Câmara Setorial de Agronegócios do Fórum de Desenvolvimento do Rio, Mesquita enumerou as principais oportunidades, ressaltando que elas vão além da meta olímpica de plantar 24 milhões de mudas no estado. Programas como Rio Capital Verde, Projeto Jogos Verdes, Projetos Paisagísticos, Arborização Urbana dos municípios e os Planos Municipais de Recuperação e Conservação da Mata Atlântica foram citados pelo engenheiro, que ressaltou a importância da formalização e do incremento da formação técnica e gerencial para que estas oportunidades sejam de fato materializadas em negócios. 

Para vencer este desafio, algumas ações já estão sendo empreendidas. Mesquita apresentou o Programa Pró Viveiros, que a ONG Conservação Internacional desenvolve com parceiros. Só no Rio já foram capacitadas 21 dos 85 viveiros mapeados no estado. "O programa Pró-Viveiros trabalha diagnosticando as deficiências na produção de mudas e sementes para o empresário, ajuda na capacitação técnica e estimula a regularização do negócio, além de acompanhar e monitorar o desenvolvimento do negócio. Já apoiamos a qualificação e regularização de 30 viveiros no Rio e Paraná. Em 2013 chegaremos ao Espírito Santo e provavelmente Bahia. No Rio, foram duas turmas", explicou, acrescentando que o papel do programa Pró-Viveiros não é o de produzir mudas, mas de qualificar os viveiros do estado tanto do ponto de vista técnico quanto da gestão de negócios, para que a produção de sementes e mudas, elo fundamental da cadeia produtiva da restauração florestal, seja fortalecida e se consolide como um segmento relevante da economia verde no estado.

Segundo o produtor rural Marcelo de Carvalho Silva, da Biovert, empresa fluminense que produz e comercializa mudas e sementes da mata atlântica, há algumas disparidades no mercado que precisam ser revistas. "Há empresas que comercializam esse produto, mas que não estão sob a vigilância do estado e portanto não seguem os padrões de produção e qualidade. Isso se reflete no preço das mudas e gera uma concorrência desleal", ressaltou. Ele citou, ainda, a importância de mudar o relacionamento entre produtores e compradores, que por desconhecimento do processo de produção de mudas demandam um grande volume de mudas em um tempo insuficiente. " O Pró-Viveiros estimula este mercado que, pelo o que vem apresentando, cada vez mais tende a aumentar em nível de especialização dos viveiros, sobretudo os pequenos, e de diversidade de espécies", acredita Carvalho. A Biovert, maior viveiro de mudas do estado, tem capacidade de produção de até três milhões de mudas por ano e está se preparando para aumentar sua produção, de olho nos reflorestamentos resultantes de compensações ambientais.

A chegada do programa no Rio, que conta com o patrocínio da Citi Foundation e busca o desenvolvimento e a qualificação de viveiros para atender as demandas de restauração florestal da Mata Atlântica, proporcionou o relacionamento e a troca de experiências, que resultou, por iniciativa dos próprios empresários, na criação de uma Associação, chamada Pró-Mudas Rio. "Estamos agora trabalhando o fortalecimento desta associação e buscando atrair outros viveiros para que juntos eles possam desenvolver ações", explicou Mesquita.