Rio investe na rede hoteleira de olho na Copa e Olimpíadas

Em 2010 o Rio contava com apenas 14 mil quartos. Atualmente já existem 26.316 segundo dados da Empresa de Turismo do Município do Rio (Riotur) o que quer dizer que, em cerca de três anos, a cidade quase dobrou sua oferta. Até 2013, serão 31.722 quartos, um acréscimo de 5.406 quartos.

Os eventos e investimentos que estão sendo anunciados para a cidade do Rio de Janeiro estão impactando positivamente o crescimento da área hoteleira. De acordo com o Ministério do Turismo, só no ano de 2011, estiveram em nossa cidade 8,5 milhões de turistas, sendo 6,8 milhões de visitantes nacionais e 1,7 milhões de estrangeiros. Esses últimos foram responsáveis por trazer US$1,5 bilhão para o Rio. “O aumento no número de visitantes à cidade representa o crescimento de sua economia, pois eles trazem divisas e movimentam 56 setores da economia que estão, direta ou indiretamente, relacionados à indústria do Turismo”, disse Paulo Senise, superintendente geral da Fundação Rio Convention & Visitors Bureau. E as estimativas e expectativas para os próximos anos são mais otimistas ainda.

 

Para a realização das Olimpíadas, por exemplo, o COI (Comitê Olímpico Internacional) exige para ocasião 27,8 mil leitos, ou UHs (Unidades Habitacionais). Para o melhor atendimento dos turistas, o prefeito Eduardo Paes anunciou recentemente que a cidade atenderá, já em 2013, a essa exigência. Em 2010, o programa Rio em Foco, produzido pelo Fórum de Desenvolvimento do Estado, trouxe para a discussão os desafios e as dificuldades na cidade relacionados ao turismo. À época, Paulo Michel, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e um dos entrevistados do programa afirmou que a cidade contava com apenas 14 mil quartos. Atualmente já são 26.316 UHs segundo dados da Empresa de Turismo do Município do Rio (Riotur). Até 2013, serão 31,722 quartos, um acréscimo de 5.406. O que quer dizer que, em cerca de três anos, a cidade quase dobrou sua oferta.

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Isso só foi possível graças a um conjunto de incentivos aprovado em 2010 pela Câmara Municipal do Rio intitulado "Pacote da Copa e das Olimpíadas", que teve como objetivo estimular a ampliação da rede hoteleira. Foram estabelecidos conjuntos de leis e benefícios fiscais para a construção e funcionamento de hotéis, pousadas, resorts e albergues da cidade. Para favorecer a conversão de imóveis já existentes para o uso hoteleiro, a nova legislação passou a permitir a remissão de dívidas de IPTU. Foi garantida também a isenção de IPTU durante a fase de construção ou reforma do imóvel, além de reduzir a alíquota de ISS para serviços de construção. A medida liberou também algumas áreas da cidade para a construção de empreendimentos hoteleiros nos bairros do Alto da Boa Vista, Guaratiba, Flamengo, dentre outros. 

Para os eventos esportivos a demanda pode ser ainda maior. De acordo com dados da GL Events, responsável pela administração do RioCentro, HSBC Arena, entre outros, em 2016, são esperados uma média de 16 mil atletas, 14 mil jornalistas e 8 mil integrantes da família olímpica (que representa técnicos e auxiliares dos atletas, por exemplo). Uma das soluções para esse impasse seria o auxílio de municípios vizinhos, como Niterói, com sua rede hoteleira e infraestrutura. “ A ideia é perfeitamente factível, uma vez que estão à pequena distância e contam com acomodações adequadas. Entretanto, pelo crescimento que nosso setor hoteleiro tem apresentado e pelos novos projetos em andamento, as estimativas serão todas superadas”, segundo Senise. Em São Paulo, por exemplo, a indústria hoteleira é um braço econômico muito importante, uma vez que a cidade, apesar de não contar com as belezas naturais do Rio, é considerada uma das sedes econômicas da América Latina e conta com mais de 42 mil quartos, números fornecidos pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (Abihsp).

Desde o “esvaziamento econômico” que a cidade do Rio passou nas últimas décadas quando deixou de ser a capital federal, provavelmente essa deve ser a maior retomada de investimentos de capitais privados ou do Estado e o período em que recebe a maior atenção de investidores do mundo inteiro. Nos últimos anos a cidade tem investido em equipamentos esportivos, equipamentos culturais e segurança, como a implantação das Unidades de Polícia Pacificadores (UPPs), que contribuíram para a redução da violência, oferecendo aos cidadãos e turistas estadias mais dignas e seguras. Para Paulo Senise, “além desses investimentos permitirem à cidade uma infraestrutura de excelência, isso contribui para que a nossa cidade, já conhecida como Cidade Maravilhosa por sua beleza natural inigualável, ficasse ainda mais em evidência e voltasse a conquistar seu espaço de destino turístico de excelência, o que, por sua vez, permitiu que ela fosse a escolhida para sediar os grandes eventos esportivos mundiais dos próximos anos”.

Os altos investimentos e a previsão de soluções com caráter de urgência para o setor hoteleiro e todas as áreas envolvidas se justificam pelo estudo que aponta que o turista de lazer tem como gasto médio diário o valor de US$ 72,28, e uma estada média de 12,2 dias. Entretanto, muitos outros turistas compõem o setor de turistas que vêm a negócios ou eventos, e estes gastam quase o dobro. Só para o período da realização da Copa do Mundo, em 2014, de acordo com o "Turismo do Rio em números", produzidos pela Riotur, a estimativa do impacto direto na economia será de R$1,29 bilhões. Com esses números a cidade mostra que entende a existência da demanda e a necessidade de ampliar as ofertas no setor hoteleiro, como resume Paulo Senise. “ O aumento no número de visitantes à cidade representa o crescimento de sua economia e a criação de mais postos de trabalho para atender ao aumento da demanda. Na verdade todos saem ganhando: governo, cidadãos e visitantes”.