Investimentos no estado estão criando novos pólos de desenvolvimento

Os investimentos públicos e privados no Rio de Janeiro devem chegar, até 2013, a R$181,4 bilhões. A segunda edição dos Diálogos Metropolitanos, no dia 1º de agosto, abordou os desafios e soluções para adequar a realidade às necessidades resultantes desse fortalecimento econômico.

Entre os anos de 2000 e 2010, o Rio de Janeiro apresentou uma variação de 50,1% a mais na taxa de empregabilidade total considerando quatro setores: industrial (51,6%); construção civil (120,1%); comércio (63,5); serviços (46,1%). E, de acordo com as estimativas apresentadas pela Firjan, o estado abrirá aproximadamente 800 mil empregos nos próximos 15 anos, efeito dos investimentos que não incluem apenas na Região Metropolitana, mas também o interior. Só no Noroeste, por exemplo, os investimentos alcançam R$ 0,8 bilhões. Na segunda edição dos Diálogos Metropolitanos, realizada no dia 1º de agosto, o debate entre representantes de órgãos governamentais, de empresas e docentes do Rio e de São Paulo, teve como pontapé inicial para as discussões a pergunta “Onde vai morar o emprego?”.

O atual fortalecimento econômico do Rio de Janeiro, estado responsável por 74,4% da produção diária de petróleo do país, tem sido ainda mais potencializado com o destaque que o Rio vem ganhando devido aos eventos esportivos previstos para 2014 e 2016 - Copa do Mundo e Olimpíadas. Até 2013 são estimados investimentos públicos e privados de R$ 181,4 bilhões em todas as regiões fluminenses - sendo R$ 45 bilhões só na Região Metropolitana.

“Mais do que pensar nos investimentos que estão chegando no estado, é necessário pensar na adequação da sociedade e nas interferências geradas por isso”, opina o gerente de infraestrutura da Firjan, Cristiano Prado Barbosa. Para pensar em todas estas necessidades e definir medidas para realizar um trabalho adequado foi unanime a defesa de uma agência metropolitana, que deverá garantir a governança da Região Metropolitana do estado do Rio.

“Se não houver planejamento, o que se tem é um crescimento desordenado. É preciso integrar o governo do Estado com as prefeituras e territorializar os orçamentos nas regiões carentes. Outra necessidade é desenhar políticas mais integradas com as universidades, promover uma reflexão regional maior nelas, ampliando o olhar acadêmico nas questões estaduais”, acrescenta o subsecretário de urbanismo regional e metropolitano da Secretaria de Estado de Obras, Vicente Loureiro.

Outro desafio apresentado no evento é adequar as condições de cada região às necessidades dos trabalhadores locais. Segundo a assessora adjunta do Instituto de Economia (IE/UFRJ), Valéria Pero, baseando-se em dados de 2009, o estado tem o maior número de trabalhadores que levam mais de duas horas para chegar ao local de trabalho. Os gastos com transporte público também são maiores no Rio de Janeiro e interferem no aumento das desigualdades sociais, já que o peso dessas despesas é maior para as camadas mais pobres da população fluminense. Naquele ano, os custos representaram 30% da renda familiar na Região Metropolitana e 5% na periferia. Um dos objetivos do projeto do Arco Metropolitano é a redução dessa porcentagem.

Embora em termos de ocupação o Rio de Janeiro registre dados inferiores a São Paulo, o estado apresenta o melhor desempenho em renda. No Rio, há um ganho maior também para os trabalhadores com pouca escolaridade. Outro setor reforçado pelos palestrantes foi o de serviço, que aumentou 46,1% entre 2000 e 2010. O gerente de infraestrutura da Firjan, Cristiano Prado Barbosa, ressaltou que é necessário pensar indústria e serviço de forma integrada.

Ao fim do debate, o professor de pós-graduação em governo e políticas públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), Ciro Biderman, defendeu a importância da qualificação educacional dos trabalhadores para o desenvolvimento da Região Metropolitana. Na opinião do jornalista Eduardo Auler, entre os principais ganhos dos Diálogos Metropolitanos está o reconhecimento da urgência de uma agência que garanta a governabilidade metropolitana, mas de base descentralizada.

Os Diálogos Metropolitanos surgiram por iniciativa da Secretaria Estadual de Obras, responsável pelo Comitê Executivo de Estratégias Metropolitanas (Rio Metrópole), com a finalidade de firmar parcerias em prol da formulação de um modelo administrativo direcionado à Região Metropolitana. O próximo evento ocorrerá em parceria com o Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio, no dia 14 de setembro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).