Projetos para melhorar a mobilidade na cidade do Rio são apresentados em seminário

"O Rio tem uma oportunidade única e um desafio para vencer: a mobilidade”, disse o embaixador Agemar Sanctos, diretor de relações institucionais do Comitê Rio 2016, durante o seminário “Mobilidade no Rio” realizado nesta quinta-feira na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

"O Rio de Janeiro está vivendo um momento em que finalmente se parou para estudar problemas, suas causas e soluções.Em pouco tempo o Rio vai estar sob os olhares do mundo todo. Os Jogos Olímpicos vão ser transmitidos para 220 países. Não podemos passar vergonha. Nós temos uma oportunidade única e um desafio para vencer: a mobilidade”, afirmou o embaixador Agemar Sanctos, diretor de relações institucionais do Comitê Rio 2016, durante o seminário “Mobilidade no Rio – Copa 2014 e Olimpíada 2016” realizado nesta quinta-feira na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

Segundo Sanctos, “o legado fundamental dos megaeventos vai ser o chamado anel de alta performance de transportes. É uma estrutura que facilitará não só a realização dos megaeventos, mas também a vida da população das regiões da Barra, Teodoro, Maracanã e Copacabana", disse. Segundo Agemar, o anel vai permitir que 50% da população utilize transportes de massa. Hoje em dia, só 19% utiliza.

Eduardo Ferreira Rebuzzi, presidente do conselho empresarial de logística e transporte da ACRJ, afirmou que o tempo de deslocamento dentro do Rio está cada vez maior. “A população passa cada vez mais tempo tentando se deslocar da casa para o trabalho. Já chega cansado e estressado no trabalho sem ter a mínima condição de produzir. Temos que entender que mobilidade está intimamente ligada a desenvolvimento do Estado”, afirmou Rebuzzi.

Já o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, acredita que o principal legado vai ser o transporte formal. “Terminamos com a ilegalidade nos transportes. Agora, anualmente, duzentos milhões de passageiros utilizam o transporte público formal”. O desafio é qualificar o transporte público. “Temos que oferecer mais conforto e mais velocidade. Pensando nisso, em agosto iremos estrear um novo vagão do metrô e já inauguramos um novo trem em Teodoro. Queremos atingir um padrão internacional”, afirmou Lopes.

O presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), Jorge Luiz de Mello, ressaltou a importância de investir na região portuária para garantir a mobilidade no Rio. “A quantidade de cruzeiros que chegam anualmente causam um verdadeiro trânsito marítimo. O pior de tudo, é que os cruzeiros atracam e vão embora na mesma época. As docas e o entorno viram um caos”, afirmou o presidente.

Para diminuir esse problema, está sendo construído um cais em formato de 'Y' que irá aumentar o número de navios atracados ao mesmo tempo em até três vezes. Além disso, um sistema de transportes complementários, como trens e bondes está sendo estudado para facilitar a mobilidade dos turistas nessa região.

O subsecretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, afirmou que para se falar em mobilidade no Rio, é necessário analisar a demanda e a oferta. Segundo ele, na cidade são feitas dezenove milhões de viagens por dia, e destas, só nove milhões são feitas em transportes públicos. 57% dessas viagens são municipais, 18% em transportes alternativos e 14% em trajetos intermunicipais. “Esses dados refletem um forte desequilíbrio entre o rápido e grande crescimento da população metropolitana e o pequeno crescimento da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, as oportunidades de emprego não acompanharam o crescimento da população”, disse o subsecretário.

Para ele, um exemplo disto, é São Gonçalo, que é o 15° município do Brasil em relação em número de habitantes, mas a maioria da população trabalha no Rio de Janeiro ou em Niterói. Dados como esse, segundo Pinho, servem para mostrar a importância de uma mobilidade urbana eficiente.

Outro ponto apontado pelo subsecretário de estado de transportes é o crescimento da frota de automóveis no Estado. De 2010 para 2011 o número de carros aumentou em 6 milhões. Atualmente, são 70 milhões de veículos, incluindo motos, caminhões, tratores etc.“O crédito para comprar uma moto ou carro é muito fácil e a consequência é a piora no trânsito no Rio. Os motivos para levar alguém a comprar um carro é o status e o conforto simplesmente porque o transporte coletivo de massa não está atendendo com qualidade a demanda da população”, analisou Pinho.