Ato contra emenda Ibsen Pinheiro lota plenário da Alerj

Autoridades políticas, universidades e representantes das entidades da sociedade civil organizada se reuniram nesta terça-feira (16/3), na Alerj para manifestar repúdio à emenda Ibsen Pinheiro, que reduz a participação do Rio de Janeiro nos royalties do petróleo. Estiveram presentes o deputado Jorge Picciani (PMDB) e o governador Sérgio Cabral.

“O Brasil precisa gerar riqueza para distribuir, mas isto não pode ser feito à custa do Estado do Rio de Janeiro.” A afirmação foi feita pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio, deputado Jorge Picciani (PMDB), nesta terça-feira (16/03), durante ato de protesto contra a aprovação da emenda federal que tirou a maior parte dos royalties do petróleo e gás do Rio. Durante a reunião, realizada pelo Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Rio, com a presença do governador Sérgio Cabral, Picciani disse ainda que o momento vivido pelo estado do Rio é de unidade e de ampla defesa do Brasil. “Quando o Rio cresce, o País também cresce. Não se pode retirar de um estado importante como o Rio, que tem o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, recursos que impedirão a continuidade em investimentos importantes que têm sido feitos pelo atual governo como, por exemplo, na área da saúde, da educação e da segurança”, frisou o presidente da Alerj.

Picciani destacou ainda que o Rio é o segundo estado do País em arrecadação de impostos federais, mas tem repasses de verba da União 350 vezes menores que estados como Pernambuco e Alagoas. “O equilíbrio federativo se dá nesta distribuição de riquezas. O Rio já foi muito prejudicado durante a Constituinte, quando fizeram com que o petróleo se tornasse o único produto com tributação de ICMS no destino, enquanto todo o resto é na origem. Com esta manobra, o Rio, que é o grande produtor de petróleo do Brasil, já perdia R$ 7 bilhões. Agora querem tirar mais R$ 8 bilhões. Não podemos aceitar isso”, afirmou o parlamentar, que teve suas palavras reforçadas pelo governador. “O que está em jogo não é apenas a quebra de um estado, o que por si só já justificaria a mobilização, mas é também a própria essência do estado democrático de direito, o respeito à Constituição e ao princípio federativo”, afirmou Cabral.

Segundo Cabral, com a aprovação da Emenda Ibsen, dos 92 municípios fluminenses, 89 perderiam recursos. Mas, ele disse ter confiança no Senado: “Estamos diante de duas importantes questões que se referem a um atentado contra o estado democrático de direito e à derrocada de um estado que passaria a desrespeitar até mesmo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), porque avançaria seu limite. Então, eu acredito que o Senado vai cumprir o seu papel de Casa revisora e guardiã dos princípios constitucionais”. Em seguida, agradeceu aos deputados, empresários, acadêmicos e toda a sociedade civil presente ao evento, que reuniu cerca de 400 pessoas, das quais 66 deputados da Casa. Entre os presentes estava o reitor da Universidade do Estado do Rio, Ricardo Vieiralves. Ele destacou que não se resolve o desequilíbrio federativo destruindo um estado e convocou todos os professores a ingressarem no movimento em defesa do Rio. “Destruir o Rio é destruir a alma brasileira e a esperança deste País, assim como deixar de ter recursos em universidades seria acabar com a inteligência do estado”, frisou.

O prefeito de Macaé, Riverton Mussi, citou alguns investimentos feitos com a verba dos royalties no Ensino Superior, como a única faculdade municipal gratuita do estado, a Faculdade Municipal Professor Miguel Ângelo da Silva Santos (FMASS), que oferece cursos de Administração, Engenharia de Produção e Sistemas de Informação. “Temos um alto investimento no Hospital Público Municipal, o HPM, que não possui verba do SUS e custa aos cofres municipais R$ 90 milhões por ano; mantemos 60 escolas em tempo integral, temos o Transporte Social Universitário e estamos em pleno andamento das obras de macrodrenagem na cidade, para acabar com os alagamentos. A perda dos royalties representa uma queda considerável da qualidade de vida dos moradores”, afirmou Mussi. “É um crime o que estão fazendo na Câmara Federal e isso não pode continuar”, disparou o prefeito, que foi apoiado pelo presidente da Comissão de Minas e Energia da Alerj, deputado Glauco Lopes (PSDB).

“Com a aprovação desta emenda, o estado do Rio perde em torno de R$ 7 bilhões, sendo R$ 2 bilhões divididos para os municípios produtores de petróleo, ou seja, a cidade de Macaé, por exemplo, que tem a base da Petrobras ali instalada e é uma cidade que, por lei, recebe 8%, passaria a receber 0%, por ter as instalações da Petrobras. E a cidade teve seus impactos ambientais, como a perda da Praia da Imbetiba e da Lagoa de Imboacica”, exemplificou o parlamentar. “Os royalties são uma compensação e não um privilégio aos estados produtores, e seria uma injustiça que o Rio, onde 83% do petróleo são extraídos, perdesse os recursos”, ressaltou o tucano, que também preside a Frente Parlamentar em Defesa dos Royalties na Alerj. Glauco Lopes, assim como o deputado Wilson Cabral (PSB), fez uma moção de repúdio à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pela aprovação da emenda Ibsen. Em sua moção, Cabral afirmou que, além de uma violência à Constituição, que determina compensações às regiões produtoras, a emenda é covarde e injusta. “Ela inviabilizará programas e projetos que já estão em andamento no estado e nos municípios produtores de petróleo, o que resultará em graves prejuízos à cidadania fluminense”, frisou.

Durante a reunião, os deputados declararam que participarão da manifestação contra a aprovação da emenda federal marcada para esta quarta-feira (17/03), às 16h, em frente à Igreja da Candelária, no Centro da capital. De lá, os manifestantes seguirão em passeata até a Cinelândia.  

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Ouça as sonoras de autoridades sobre a questão dos royalties:

• Sonora do governador Sérgio Cabral
Sonora do presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB)
Sonora da secretária Benedita da Silva
Sonora do prefeito de Macaé, Riverton Mussi
Sonora do prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto
Sonora do prefeito de Rio das Flores, Luiz Carlos Ferreira
Sonora com o prefeito de Cardoso Moreira, Gilson Siqueira
Sonora do prefeito de São Francisco de Itabapoana, Carlos Alberto Silva
Sonora do deputado Flávio Bolsonaro (PP)
Sonora do deputado Altineu Côrtes (PR)
Sonora do deputado Sabino (PSC)
Sonora do deputado Domingos Brazão (PMDB)
Sonora do deputado Paulo Melo (PMDB)
Sonora do deputado Nilton Salomão (PT)
Sonora do deputado Alessandro Calazans (PMN)
Sonora da deputada Cidinha Campos (PDT)
Sonora do deputado Paulo Ramos (PDT)
Sonora da deputada Sula do Carmo (PMDB)
Sonora do deputado Alessandro Molon (PT)
Sonora do deputado Átila Nunes (PSL)
Sonora do deputado Wilson Cabral (PSB)
Sonora da deputada Alice Tamborindeguy (PSDB)


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