Boas ideias em energia: entrevista com Howard Geller

A eficiência energética é uma boa aposta para combater a crise econômica. Quem diz é Howard Gellar, diretor-executivo do projeto americano de Eficiência Energética do Sudoeste (Sweep, na sigla em inglês), que esteve recentemente no Brasil para ministrar uma palestra no 11º Seminário de Eficiência Energética, promovido pelo Sebrae/RJ.

Investir em eficiência energética é uma boa medida para combater a crise econômica mundial, gerar empregos e fomentar o consumo. É o que defende Howard Gellar, diretor-executivo do projeto americano de Eficiência Energética do Sudoeste (Sweep, na sigla em inglês). Geller esteve no Brasil durante a abertura do 11º Seminário de Eficiência Energética promovido pelo Sebrae-RJ, ocasião em que apresentou o cenário no Estados Unidos e as melhores práticas no setor. Nesta entrevista, ele fala sobre os programas realizados em seu país e traça uma comparação com o Brasil.

O senhor defende o fato de o pacote de estímulo à economia do governo Obama focar, dentre outras medidas, a eficiência energética. Investir nisso é uma boa medida para combater a crise econômica?

Sim, acho que é um meio excelente. A produção de dispositivos mais eficientes em termos de energia gera empregos, além de ajudar os consumidores a economizar. Sempre que o consumidor economiza em uma área, isso significa que ele vai gastar esse dinheiro em outro lugar, o que faz disso uma medida interessante para combater a recessão tanto nos Estados Unidos como em outros países.

Há um impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre esse assunto. Os países em desenvolvimento podem investir em eficiência energética sem prejudicar seu crescimento?

A eficiência energética pode fomentar o crescimento econômico desses países, se você levar em conta que o desperdício de energia significa desperdício de dinheiro e que esses recursos podem ser direcionados para setores produtivos. Por isso, investir em eficiência energética é vantajoso tanto para países industrializados como para países em desenvolvimento. Além disso, é um investimento com um excelente retorno. Não é algo que é bom apenas para o meio ambiente, mas também para a economia, o que inclui os pequenos e médios empresários.

Quais iniciativas dos Estados Unidos o senhor citaria como exemplos?

Os serviços de energia e os governos locais fazem tudo para remover os gargalos, oferecendo informação, consultoria e modernizando o setor por meio de programas que também incluem inspeções para garantir que os equipamentos [instalados pelas empresas] estão funcionando corretamente, além de oferecer empréstimos. Tudo que o pequeno e médio empresário precisar fazer é dizer sim. Claro que eles devem pagar o empréstimo, mas isso acaba com a necessidade de esses empresários arquem com o investimento inicial.

O que pode ser feito para diminuir o período de pagamento do empréstimo?

O período de pagamento é de dois ou quatro anos, normalmente. O dinheiro que o pequeno e o médio empresário economizam na conta de luz faz o negócio ter um balanço positivo, o que pode ser usado para agilizar o pagamento do empréstimo.

Quais as principais diferenças entre Estados Unidos e Brasil nessa área?

Bem, os Estado Unidos têm políticas mais fortes para os serviços de gás e eletricidade. O Brasil também tem programas nesse sentido, mas ainda faltam isenções e restituições fiscais. O Brasil tem índices de eficiência mínima em eletrodomésticos, mas nos EUA esses índices cobrem mais produtos.