Antônio Brandão: Agroindústria e o desenvolvimento regional do estado

A participação do estado do RIo de Janeiro na economia nacional do agronegócio é reduzida, se comparada a estados como São Paulo ou Minas Gerais. Neste artigo, Antônio Salazar Brandão, coordenador do Grupo Executivo de Agroindústria da Firjan, aponta o potencial e a vocação de regiões do estado para desenvolver o setor.

Antônio Salazar Brandão*

A participação da agricultura do Rio de Janeiro na produção agrícola das cadeias produtivas mais dinâmicas é bastante reduzida. Como ilustração, segundo os dados do último Censo Agropecuário divulgado pelo IBGE, referente ao ano de 1996, existem pouco mais de 25.000 hectares de florestas plantadas no Estado, o que é equivalente a menos de 0,5% da área plantada no Brasil, e é muito inferior a área plantada em estados vizinhos como o Espírito Santo com cerca de 170.000 hectares, São Paulo com 597.000 e Minas Gerais com 1.707.782 hectares. Nas outras culturas também a participação do Estado é pequena, como é o caso da cana de açúcar, produto que ocupa a maior extensão territorial, em que a área plantada é de cerca 3% do total brasileiro. Na pecuária leiteira, a participação do estado é da ordem de 2% do valor da produção nacional.

O quadro regional apresenta diversidade. Dentro deste quadro, destaco abaixo regiões onde o Grupo Executivo de Agroindústria do Sistema Firjan tem tido atuação mais intensa. O norte fluminense é bastante dinâmico e sua produção inclui produtos que apresentam potencial de crescimento futuro como cana de açúcar e frutas, notadamente abacaxi, banana, coco e maracujá. A disponibilidade de áreas aptas para a atividade agropecuária é grande e pode acomodar outras atividades, inclusive o plantio de florestas, que se mostrem atrativas sob o ponto de vista econômico.

Na região noroeste, o café e o tomate são produtos importantes. A região é a maior produtora de leite do estado e tem potencial para se tornar competitiva com a realização de investimentos em genética e em infra-estrutura das propriedades, como resfriadores de leite, pastagens melhoradas e outros. A recente modificação na legislação referente ao ICMS para este segmento terá impacto muito significativo nesta e nas demais regiões do Estado. O noroeste também tem potencial para produzir frutas, conforme documentado em estudo de viabilidade realizado pela empresa CAMPO em 1999, mas o interesse pela atividade ainda é restrito. Além da fruticultura, outra atividade com potencial é o plantio de florestas e há produtores interessados, bem como empresas, querendo fomentar a atividade. A pecuária leiteira moderna, a fruticultura e a atividade florestal podem criar uma nova dinâmica de crescimento nesta região. A existência de cerca de 200 mil hectares de pastagens naturais na região noroeste dá uma idéia do potencial de expansão da atividade florestal, expansão esta que poderá ocorrer sem prejuízo da produção atual das outras culturas.

Nas regiões do Médio Paraíba e do Centro Sul, a pecuária moderna, tanto leiteira quanto de corte, bem como as atividades florestais podem reverter o quadro de estagnação do setor agroindustrial. A área ocupada com pastagens naturais, segundo o Censo Agropecuário de 1996, é de aproximadamente 160 mil hectares, indicando também um elevado potencial para a atividade florestal. Uma vantagem adicional neste caso é a proximidade das unidades industriais de diversas empresas do setor de papel e celulose que estão ativamente buscando áreas para plantio próprio ou em contratos de aluguel ou fomento florestal. Dentre as atividades florestais há crescente interesse pelo plantio de seringueira em vista do fato de que o mercado interno para a borracha e promissor.

A região Serrana já tem hoje consolidada a produção de frutas, verduras e legumes. Algumas localidades nesta região, como é o caso do município de Nova Friburgo, apresentam expressiva área dedicada ao plantio de florestas.

Estudos realizados pelo Sistema Firjan, indicaram o potencial de crescimento da agroindústria em diversas regiões do estado. Além de seu potencial de crescimento, as cadeias produtivas agroindustriais, por meio da compra de insumos e da venda de seus produtos, mobilizam outras indústrias e serviços, conforme ilustra a figura abaixo (clique na imagem para ampliar).

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A expansão das cadeias produtivas agroindustriais é assim uma maneira efetiva de promover o desenvolvimento do interior do Estado do Rio de Janeiro. O Sistema Firjan, mantendo e expandindo parcerias com os setores públicos federal, estadual e municipal e com a iniciativa privada, continuará fomentando o desenvolvimento e modernização destas cadeias com os objetivos de diversificar a atividade produtiva, aumentar a renda e criar novos empregos.

*Antônio Salazar Brandão é Coordenador do Grupo Executivo de Agroindústria do Sistema Firjan e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ.