Câmara Setorial de Tecnologia avalia edital de inovação tecnológica da Faperj

O novo edital da Faperj de apoio à inovação tecnológica, que conta com recursos da ordem de R$ 8 milhões, traz a novidade de não exigir que os projetos inscritos estejam vinculados a universidades, abrindo espaço para empresas concorrerem aos recursos. Faltando menos de um mês para o fim das inscrições, o edital enfrenta o desafio de se tornar conhecido no meio empresarial.

As empresas que quiserem colher os benefícios da Lei Estadual de Inovação Tecnológica (Lei 5.361/2008), aprovada em dezembro pela Alerj, têm até dia 17 para inscrever projetos no edital de inovação tecnológica lançado pela Faperj, que prevê investimentos da ordem de R$ 8 milhões e pela primeira vez permite que empresas concorram aos recursos. Apesar de elogiado pelas entidades que compõem o Fórum de Desenvolvimento do Rio, o edital enfrenta o desafio de se tornar conhecido no meio empresarial. Faltando menos de um mês para o término das inscrições, muitas empresas ainda não sabem como proceder para inscrever projetos competitivos.

"O problema é que muitos empresários nem sabem o que é Faperj", afirma o especialista de projetos tecnológicos da Firjan, Fabiano Gallindo. Segundo ele, esse é o motivo de a Firjan estar engajada em divulgar o edital e orientar empresários na elaboração e inscrição de projetos. Reuniões e workshops com esse objetivo já foram realizados em municípios como Três Rios, Nova Friburgo, Teresópolis e Duque de Caxias, como forma de estimular empresas fora da capital a participarem também.  "Primeiro, nós explicamos o que é, como funciona o edital e o que a Faperj entende por inovação. Depois, analisamos criticamente o projeto de cada empresa de forma a torná-lo mais competitivo", explica Gallindo, afirmando que os empresários tem se mostrado interessados e que as idéias apresentadas são consistentes e inovadoras. A Firjan também elaborou um manual explicando passo a passo como o empresário deve proceder para inscrever projetos.

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O gerente da Área e Inovação e Acesso à Tecnologia do Sebrae/RJ, Ricardo Wargas, aponta o mesmo problema: "Especialmente no interior, muitos pequenos e médios empresários não sabem do edital", afirma. Para combater esse problema, o Sebrae/RJ tem divulgado o edital em eventos e promovido assessoria técnica para interessados. Nesses eventos, Wargas afirma ter notado outro obstáculo: "Os pequenos empresários ainda são muito céticos quanto à própria capacidade de pleitear esse tipo de recurso. Ao mesmo tempo, eles não sabem como atender aos trâmites burocráticos", afirma.

O gerente de tecnologia do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Raimar Van Den Bylaardt, avalia a importância do edital. "É um ponto positivo que empresas possam participar. A inovação tecnológica não precisa passar necessariamente pelas universidades", defende Raimar, que divulgou o edital para as empresas parceiras do IBP. Segundo ele, o setor empresarial tem visto com bons olhos a iniciativa da Faperj.

O secretário-executivo da Rede de Tecnologia do Rio e Janeiro (Redetec), Armando Clemente é mais um a elogiar a iniciativa: "Qualquer país que quer vencer precisa desse tipo de investimento. Além disso, o Rio tem tudo para ser a capital brasileira da inteligência", defende. A coordenadora executiva de negócios em propriedade intelectual da PUC-Rio, Shirley Coutinho, concorda e acrescenta que este é um bom momento para esse tipo de iniciativa. Para ela, as empresas brasileiras não puderam desenvolver uma cultura de inovação no passado por conta do cenário de instabilidade econômica enfrentado pelo País. "A alta inflação e o mercado restrito traziam uma grande preocupação com a própria sobrevivência das empresas, não deixando espaço para pensar em inovação tecnológica", explica Shirley.

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Até agora, 86 projetos já estão inscritos. De acordo com o diretor de Tecnologia da Faperj, Rex Nazaré, esses projetos vem de empresas de 44 municípios do estado. Sobre o desconhecimento do edital pelos empresários, o diretor afirma que está trabalhando para mudar o cenário: "Estive, inclusive, em Barra Mansa, numa das reuniões com empresários promovidas pela Firjan e tenho uma reunião com empresários do Noroeste Fluminense agendada. Nosso objetivo é apoiar o crescimento de pequenas e médias empresas", explica.

O edital da Faperj é resultado direto da Lei de Inovação Tecnológica, aprovada pela Alerj em dezembro, que estabelece mecanismos que aproximam empresas de universidades e centros de pesquisa, além de regulamentar o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Fatec), gerido pela Faperj. Diferente de outros anos, o novo edital traz a novidade de permitir que empresas concorram aos recursos, sem estarem necessariamente vinculadas a instituições científicas e tecnológicas.

Pouco investimento e concorrência desleal inibiriam empresas a concorrer aos recursos

Embora elogie a iniciativa da Faperj, Gallindo acha que o orçamento de apenas oito milhões intimida pequenas e médias empresas do interior a participarem. "Ao se depararem com um valor tão pequeno, muitos empresários acham que não terão condições de competir com empresas da região metropolitana", declara. "Lembro que a Faperj recebe 2% do ICMS do estado", acrescenta. Se todos os projetos inscritos tiverem o orçamento máximo previsto no edital, que é de R$ 500 mil, só 16 projetos podem ser aprovados.

Para Gallindo, outra questão a ser pensada para o próximo edital é a concorrência desleal representada pelas incubadoras, que recebem isenção fiscal e estão ligadas às universidades. De acordo com ele, a Faperj precisa premiar empresas que já estão contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do estado, o que inclui o pagamento de impostos.

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