Rio: potencial para atrair centros de pesquisa e desenvolvimento

Brasil tem potencial para se tornar pólo de atração de centros de pesquisa e desenvolvimento de empresas multinacionais, e o estado do Rio de Janeiro pode se beneficiar nas áreas de petróleo e siderurgia. O assunto foi tema da última reunião da Câmara Setorial de Tecnologia.

O Brasil é um dos quatro países com maior potencial de se tornar um pólo de desenvolvimento tecnológico, ao lado de Rússia, Estados Unidos e China. É o que defende o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Waldimir Longo, destacando que os quatros países são os únicos que reúnem ao mesmo tempo três tipos de vantagem: territoriais, com terras agricultáveis, matérias primas industriais e potencial energético; geográficas, com fronteiras terrestres e maritmas; e populacionais, com unidade cultural e mercado consumidor. De acordo com ele, é papel do poder público criar mecanismos para atração de ciência e tecnologia, criando zonas livres para o desenvolvimento tecnológico (ZLDTs). O Rio de Janeiro poderia se beneficiar da instalação de áreas com esse perfil para estimular setores estratégicos do estado, como petróleo, siderurgia e biofármacos. O assunto esteve em pauta da reunião desta quinta-feira (13/08) da Câmara Setorial de Tecnologia do Fórum de Desenvolvimento do Rio.

Longo explica que mais de um terço da pesquisa e desenvolvimento ligado às multinacionais já é feito fora do país de origem. Exemplificando, cita estudo feito pela revista inglesa The Economist, que consultou 104 empresas multinacionais sobre que países elas preferiam para realizar projetos de pesquisa e desenvolvimento: o Brasil é sétimo mais citado. Por isso, Longo defende a importância de que o poder público se engaje na luta global pelos centros de pesquisa e desenvolvimento dessas empresas. "Essas políticas não devem se limitar a incentivos fiscais. São necessárias outras formas de incentivo", argumenta Longo.

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Sobre esse assunto, o professor sugere que o estado do Rio pode se beneficiar do potencial brasileiro criando uma ZLDT na Cidade Universitária, da UFRJ, que reúne vantagens como o fato de se localizar em uma ilha e ser um campus universitário. A finalidade das ZLDTs é atrair os centros de pesquisa e desenvolvimento das multinacionais e fomentar a inovação tecnológica. Para isso, deve-se oferecer vantagens tributárias para pesquisadores, facilidade crédito e desburocratizar os processos de exportação e de concessão de vistos de viagem para pesquisadores.

O subsecretário de estado de Planejamento e Gestão, Paulo Vicente Alves, discorda. "Sou a favor desse tipo de projeto, mas não acho que deva ser instalado na Ilha do Fundão. A Zona Metropolitana está sobrecarregada", argumenta Alves, que aponta o problema da falta de interiorização do estado do Rio, motivo por que o desenvolvimento se concentra na região metropolitana. Segundo ele, Angra dos Reis, Paraty ou Cabo Frio seriam municípios mais adequados para a implantação do projeto. Já o gerente de tecnologia do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Raimar Van Den Bylaardt, acha de nada adianta implantar projetos assim fora da região metropolitana sem oferecer facilidades. "Por que um pesquisador qualificado preferiria ir para um lugar longe - e às vezes violento - se ele pode ser contratado por uma empresa em um centro urbano?", questiona Bylaardt.

Há outro obstáculo enfrentado por esse tipo de projeto. O secretário-executivo da Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro (Redetec), Armando Clemente, lembra que a língua é um dos principais fatores que dificulta a instalação de empresas estrangeiras no Brasil. "Visitei Xangai, na China, e vi uma professora de maternal falando em inglês com seus alunos", conta Clemente. "Também precisamos fomentar o ensino de línguas no Brasil", defende.

Além da Assembléia Legislativa do Estado do Rio, a Câmara Setorial de Tecnologia é composta por representantes da Redetec, Firjan, IBP, Clube de Engenharia, PUC-Rio, UFF, Uerj, Uezo, Uenf, UFRJ, Sebrae-RJ, Fecomércio, Adesg e Amcham-Rio.

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